Vacina contra câncer de pele entra em fase final e traz nova esperança

Foto: Marcelo Frazão /Agência Brasil

O câncer de pele é o tumor maligno mais frequente no Brasil e corresponde a cerca de 30% de todos os casos de câncer registrados no país, que é o segundo no mundo com o maior índice da doença. Entretanto, segundo dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), 63% da população não faz o uso de nenhum tipo proteção solar. A SBD alerta que o protetor solar evita queimaduras e o surgimento de manchas cutâneas, e é a principal aposta de dermatologistas na prevenção do câncer de pele.

A médica Thaís Matsuda explica que os tumores são ‘espertos’ e conseguem enganar o sistema imunológico. “Alguns pacientes, depois de 12 semanas, têm boa resposta à quimioterapia. Mas depois o tumor volta. O objetivo da vacina é identificar quais são as proteínas que se manifestam exclusivamente no tumor, e não nas células sãs do corpo, e colocar no organismo do paciente de forma que o sistema crie células de memória. Quando o sistema se deparar com essas proteínas, vai saber que se trata de algo ruim e vai combater”.

O câncer de pele é mais comum em pessoas adultas, a partir dos 40 anos, com pele, olhos de cabelos claros. O principal fator de risco é histórico de queimadura solar – geralmente grave, ou seja, com bolha – na infância e juventude. “Isso porque a gente sabe hoje que o dano solar é acumulativo. Então, cada vez que a pessoa vai para o sol e a pele se queima, a cor depois volta ao original, mas a gente sabe que a pessoa vai acumulando radicais livres. Eles vão danificando as células da pele e esses danos acumulados aumentam o risco de câncer de pele, principalmente depois dos 50 anos”.

Ao longo da vida, o sistema vai combatendo as células alteradas. Entretanto, conforme os anos vão passando, a capacidade de o organismo combater essas alterações começa a diminuir. “Quando acontece antes dos 50 anos, ele pode não necessariamente estar associado a alguma alteração hereditária. Mas isso acontece em apenas 5% dos casos; em 95%, acontece por exposição ambiental a alguma coisa e, no caso do câncer de pele, exposição solar. Tanto em relação aos carcinomas quanto ao melanoma”, explica a dermatologista.

Cuidados

Sobre os cuidados, Thaís Matsuda alerta que o cuidado principal é em relação à exposição solar e isso não está necessariamente ligado aos dias com temperaturas mais elevadas. “A gente precisa ter em mente que, quando falamos de sol, não relacionamos apenas ao dia bonito, ensolarado. O que queima a pele é a radiação ultravioleta. O sol tem três tipos de radiação: a luz visível, que torna o dia bonito; a radiação infravermelha, que é o calor que a gente sente; e a ultravioleta, que a gente não sente e não vê”, explica.

A incidência da luz ultravioleta vai aumentando, atinge um pico por volta do meio dia e depois começa a baixar com o anoitecer. “O cuidado que a gente tem que ter, mesmo quando o dia está nublado, é que, se a gente for se expor ao ar livre, principalmente se for uma exposição mais prolongada, de mais de 30 ou 40 minutos, tem que se proteger, ou com a proteção física de uma roupa, por exemplo, e/ou o filtro solar. No dia-a-dia, pode ser um filtro solar fator 30 e, nos momentos de exposição mais intensa, o ideal é que se use o fator 50. Abaixo de 30 a gente não recomenda a nenhum tipo de pele”.

“No verão, temos um índice UV que tende a ser mais alto em um período maior do dia e, no inverno, esse pico acaba sendo mais curto. Mas mesmo se a pessoa vai para a neve, por exemplo, se for ficar ao ar livre, precisa se proteger. O corpo vai estar protegido, mas não pode esquecer de proteger o rosto, os olhos, a boca, pois a neve reflete e pode queimar também”.

Ela explica que os estudos da vacina estão sendo realizados com maiores de 18 anos, pois o melanoma é muito raro em crianças. “A gente ainda não sabe doses necessárias, efeitos colaterais, pois isso será definido na fase 3”. Ela considera que o imunizante abre portas para o tratamento contra outras doenças.

“Apesar de não ser algo que vai ser distribuído para a população em geral, está sendo destinado a pacientes específicos, com a doença grave. Isso gera uma esperança de sobrevida maior e é uma nova forma de tratamento, que está sendo desenvolvida neste momento para o câncer de pele, mas isso abre perspectiva de tratamento para outros tipos de câncer”.


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