A batalha contra a Covid-19 continua e acaba de ganhar mais um aliado: a vacina bivalente da Pfizer. A primeira remessa do imunizante, um total de 840 mil doses, começou a ser distribuída na Quarta-feira de Cinzas pela Secretaria de Saúde do Estado e chega hoje aos postos de vacinação dos 417 municípios na Bahia.
Isso significa mais alternativas de proteção para os baianos. Nesta primeira fase, porém, as doses serão destinadas para o público de 70 anos ou mais (em Salvador especificamente, a partir de 80 anos), imunocomprometidos, pessoas com mais de 12 anos que vivem em instituições de longa permanência, além dos trabalhadores desses locais, indígenas, ribeirinhos e quilombolas.
Nos postos de saúde, há ainda pacientes que não fazem ideia do que se trata a vacina bivalente. A dona de casa Helenita dos Santos, de 45 anos, por exemplo, até então, não tinha ouvido falar sobre a versão atualizada do imunizante. Preparando-se para receber a quinta dose, ela conta que vai precisar pesquisar sobre a bivalente, mas vai tomar sem pensar duas vezes. “Com essa que já estavam dando eu já me sentia segura, agora a vacina que oferecem eu tomo”, diz.
Para explicar a Helenita a diferença entre a monovalente – aquela que já era utilizada desde o início da imunização – e a nova vacina, a infectologista Clarissa Ramos cita a lógica da já conhecida tetravalente contra a gripe, que protege contra quatro cepas diferentes: duas da Influenza A e outras duas da Influenza B. Da mesma forma, a bivalente contra a covid traz a cobertura para duas variantes do coronavírus: a original e a Ômicron.
“Isso é muito interessante, já que as subvariantes da Ômicron são as que mais têm infectado as pessoas desde o ano passado. Ela vai ser mais eficiente, mas é importante ressaltar que, mesmo não sendo específica para essa variante, as monovalentes também amenizam os sintomas delas, também protegem contra a Ômicron”, esclarece a infectologista.
Funcionária da construção civil, Cláudia de Jesus, de 42 anos, também não tinha ouvido falar na vacina bivalente. A notícia, porém, a deixou feliz e ela, que nunca testou positivo para a doença, diz que está agora pensando em aguardar para tomar a sua quinta dose quando passar a fazer parte do público-alvo do novo imunizante.
Quanto à ideia de Cláudia, a infectologista é categórica: não é o indicado. A orientação, de acordo com ela, é que o paciente continue seguindo seu cronograma de vacinação. “Até porque, com o tempo, a imunização vai diminuindo, então se você espera, você vai estar menos protegido. E se você acabou de tomar a monovalente e logo depois a bivalente atingiu o seu público, não tem problema, porque quanto mais pessoas forem tomando vai existindo uma proteção de comunidade”, orienta.
Uma das preocupações de Cláudia é com relação aos efeitos colaterais da vacina. Ela conta que, em sua primeira dose, ficou com o braço dolorido e teve febre. Segundo Clarissa, os sintomas devem ser muito semelhantes aos das vacinas monovalentes.
“Inchaço e dor no local são normais. Sentir dor e moleza significa que seu corpo está reagindo e produzindo anticorpos. É muito melhor essa reação do que pegar a doença. Então vale sempre a pena se proteger e ter algum quadro de reação adversa”, diz a médica.
Estratégia
Para a imunização de todos os grupos prioritários da Bahia será necessário um volume de cerca de 4 milhões de doses bivalentes. Quem afirma isso é a coordenadora do Programa Estadual de Imunização, Vânia Rebouças. De acordo com ela, para a primeira fase, são esperadas 1,2 milhão de doses. Além das 840 mil doses já distribuídas, o restante deve ser recebido nos próximos dias. A capital baiana, por exemplo, já recebeu 105.588 unidades, segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS).
A partir do dia 6 de março, a segunda etapa deve entrar em vigor, atingindo também o público com mais de 60 anos. Já a terceira fase está programada para acontecer a partir do dia 20 do próximo mês, quando espera-se que todos os municípios já incluam gestantes, puérperas, população privada de liberdade, profissionais da saúde e do sistema prisional.
A coordenadora reforça, no entanto, que para receber a bivalente é necessário, além de fazer parte do público-alvo da fase, ter sido imunizado com pelo menos duas doses monovalentes e respeitar o intervalo de quatro meses desde a última imunização. Para os mais otimistas da nova vacina, Vânia alerta: não há a expectativa de um cenário em que as versões atualizadas do imunizante substituam integralmente as monovalentes.
“Vamos dar continuidade a elas, que são tão boas quanto as bivalentes e conferem proteção. Afinal, se não protegessem, nós não teríamos tido a oportunidade de ter o Carnaval que tivemos”, diz.
Reforço
As bivalentes já são utilizadas como dose de reforço nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, as versões da Pfizer haviam sido liberadas pela Anvisa em novembro do ano passado e no mês seguinte as primeiras unidades chegaram ao país. Os envios para os estados, contudo, só começaram a acontecer apenas há algumas semanas. A Bahia, por exemplo, recebeu a primeira remessa pouco antes do Carnaval.
“Optamos por distribuir para os municípios próximo do início da utilização, porque depois que elas são retiradas dos ultrafreezers, o tempo de validade é reduzido. Fizemos isso para evitar perder alguma dose. Por isso, vamos precisar também ir acompanhando a velocidade de vacinação de cada município para a partir daí ir distribuindo as outras remessas”, conta a coordenadora.
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