Falta menos de um mês para o fim do ano letivo, mesmo assim escolas e universidades de Salvador emitiram comunicados nos últimos dias orientando os estudantes e funcionários a usarem máscara de proteção e a completarem o ciclo vacinal. O temor é de que as aglomerações de verão provoquem uma nova onda de contaminação no estado, como já vem acontecendo no restante o Brasil.
O Colégio Vitória-Régia, no Cabula, informou que está trabalhando esse assunto internamente com colaboradores, alunos e famílias. O comunicado foi encaminhado na quinta-feira (17) e terá continuidade nos próximos dias.
“Com o aumento de atendimento de casos respiratórios, os órgãos de saúde têm reforçado a necessidade de uso de máscara, vacinação e intensificação da testagem contra covid-19. Assim, visando o cuidado e a proteção de todos, lembramos a importância da higiene das mãos, o uso da máscara em ambientes fechados e a manutenção da carteira de vacinação em dias como medidas preventivas para o combate ao covid-19. Cuide de si e cuide do outro”, diz o texto.
Os Colégios Marista e Mendel também enviaram comunicados aos pais e colaboradores. Apesar da iniciativa, o uso de máscaras em escolas atualmente não é uma obrigação. Semana passada, o Ministério da Saúde (MS) recomendou que a população volte a usar o equipamento em espaços fechados, mal ventilados e com aglomeração, em especial para pessoas com comorbidade, idosos, imunossuprimidos e gestantes.
A Escola Pan American School of Bahia (PASB) afirmou que também emitiu um comunicado para os pais reforçando a sugestão de que, embora não seja mais obrigatório, o equipamento é considerado um recurso eficaz para evitar o contágio do vírus. “Também recomendamos a abertura das portas e janelas para mais circulação do ar e os professores estão reforçando a higienização das mãos com seus alunos”, diz.
No Colégio Antônio Vieira, no Garcia, o comunicado foi emitido em agosto, quando a Bahia vivia um pico de contaminações, e está em vigor desde então. A direção pede que as famílias não levem os estudantes para a escola em caso de sintomas gripais e diz que um novo aviso só não foi emitido, porque parte dos alunos já encerraram o ano letivo e outra parte conclui nos próximos dias.
A Bahia registrou, na última semana epidemiológica, 1.012 novos casos de covid-19, com uma média de 833 casos ativos e 5 óbitos notificados. O estado ainda não registrou casos da variante BQ.1, mas as autoridades sanitárias temem que com a aproximação do verão e as aglomerações típicas do período, aconteça uma nova onda de contaminação.
Atualmente, a Bahia é o único estado do país considerado estável, ou seja, sem aumento e nem diminuição expressiva de casos. Em média, são 250 novos diagnósticos por dia. No entando, segundo o Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA), no primeiro semestre deste ano, eram processadas por dia, em média, cinco mil amostras para testagem do vírus. Mas, nos últimos meses, o número caiu para cerca de mil testes por semana, o que representa uma queda de 97% no processo de detecção do coronavírus no estado.
De acordo com o MS, entre 6 e 11 de novembro foram notificados 57.825 casos e 314 mortes por covid-19 no país. A média móvel nacional dos sete últimos dias é de 8.448 diagnósticos diários, o que representa um aumento de 120% se comparado com a semana anterior. A média de óbitos teve crescimento de 28%, com 46 mortes, frente a 36.
Universidades
Na quarta-feira (16), o Comitê de Assessoramento da Covid-19 na Universidade Federal da Bahia (Ufba) emitiu um comunicado no qual recomenda o uso de máscaras em ambientes fechados da instituição. O documento faz uma análise do avanço da variante BQ.1 derivada da Ômicron, em todo país, e da necessidade de reforçar os cuidados. No dia seguinte, a Universidade Federal do Recôncavo (UFRB) publicou um boletim pedindo que a comunidade acadêmica redobre a atenção.
Instituições privadas, como a UniFTC e a Unifacs afirmaram que seguem as diretrizes dos órgãos de saúde e recomendam que estudantes e colaboradores adotem as medidas de prevenção contra a covid-19. O presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior da Bahia (Semesb/ Abames), Carlos Joel Pereira, explicou as medidas.
“As instituições de ensino entendem que devem obedecer de forma rigorosa toda a orientação sanitária passada pelos órgãos de saúde. Então, se houver indicativo ou necessidade de uso de máscara ou novas medidas que inibam a proliferação do vírus, elas vão se manifestar no sentido de assim agir”, disse.
Proteção
Apesar de as máscaras não serem obrigatórias nas escolas e universidades, há quem não abra mão do equipamento. Os Colégios Bernoulli e Módulo informaram que não emitiram nota, mas que alunos estão fazendo o usando dos EPIs por conta própria. A estudante Eduarda Souza, 23 anos, explicou porque manteve a proteção.
“Por mais que os números tenham caído no meio do ano, fiquei com receio porque a sala de aula é um ambiente fechado e que concentra muita gente. Mantive o uso também no ônibus e no metrô. Só não usava máscara em espaços abertos, como quando ia à praia ou passear com o cachorro na rua”, contou.
Os Colégios Integral, Oficina, Anchieta, Anchietinha e São Paulo lembraram que a exigência do uso de máscaras em escolas precisa ser determinada pelas autoridades sanitárias, e que sempre recomendaram o uso do equipamento e a vacinação. As Secretarias da Educação da Bahia e de Salvador também disseram que seguem as orientações dos órgãos de saúde e que não há determinação nesse sentido.
O Conselho Estadual de Educação e a Universidade do Estado da Bahia (Uneb) foram procurados, mas não se manifestaram.
‘Não precisa esperar o caos para poder agir’, diz especialista
O presidente do Conselho Estadual de Saúde (CES), Marcos Sampaio, afirmou que o uso de máscaras em escolas e universidades é uma medida necessária. Ele frisou que a proteção deve ser adotada em todos os espaços fechados.
“Não precisamos viver o caos para só depois tomar as medidas necessárias. Salas de aula são ambientes fechados e as escolas têm muitas crianças que não completaram o ciclo vacinal, então, essa medida precisa ser adotada de imediato”, afirmou.
Na sexta-feira (18), o Conselho enviou ao Governo Federal recomendações para frear a o avanço do vírus, como a adoção de medidas eficazes e ágeis para vacinação, o retorno da obrigatoriedade da apresentação do cartão de vacina em espaços de grande concentração de pessoas e a disponibilização, em caráter emergencial, de vacinas bivalentes de 2ª geração, além da ampliação do estímulo à testagem da população.
Perguntada se vai exigir máscaras em escolas, a Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) informou que permanece em alerta para adotar e indicar medidas oportunas, que a Bahia tem a segunda menor taxa de mortalidade por covid do país e que as recomendações para enfrentamento da pandemia são: completar o esquema vacinal, testagem de sintomáticos, isolamento de positivos e uso de máscara em unidades de saúde.
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