Atenção governantes: sem observar a nova realidade do clima o prejuízo é certo

Gustavo Mansur/Palácio Piratini

A tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul, que até o momento  desta postagem já havia gerado 55 mortos, 76 desaparecidos e prejuízos materiais incalculáveis, deverá obrigar a partir de agora às lideranças políticas uma obrigatória reflexão a respeito da chamada “nova realidade climática”.

Em Ipiaú populares perderam tudo na enchente de 2021/ Ipiaú Online

Já não é mais racional fazer planejamento público sem pensar na violência de eventos extremos, aumento de águas em inundações, secas prolongadas, calor recorde, avanço do mar sobre as praias e outros fatores ligados ao descontrole do meio ambiente, que é um fenômeno global e presente nas vidas de todos. Sem isso, qualquer investimento pode estar sendo desperdiçado e arrastado nas inundações.

Inundações de 2022 em Ipiaú / Ipiaú Online

Durante algum tempo foi possível a uma classe dirigente manter o negacionismo como ferramenta política, no típico comportamento de avestruz que, ao sinal de perigo, esconde a cabeça em um buraco.

Para essas pessoas, se tornou lucrativo, na forma de votos ou de curtidas em redes sociais, fazer ou repercutir  comentários meteorológicos sem qualquer embasamento científico, contrariando as previsões de especialistas, que fazem monitoração do clima com base em satélites e cálculos e que tem avisando desde os anos 80 ao mundo o que aconteceria a partir do aquecimento global e estamos agora testemunhando.

Alagamentos em Ipiaú em 2021 / Ipiaú Online

Outra vertente é a da administração que trabalha sua política de planejamento fincada na realidade que tínhamos antes do descontrole no clima.

O resultado desse comportamento é o que acontece agora no planeta. O que se vê no Rio Grande do Sul não deverá ser, infelizmente, a última vez. O estado, a exemplo da imensa maioria dos estados e países, desconsiderou o fator principal de risco.

As tragédias climáticas seguirão acontecendo com frequência, como vimos na Bahia nos últimos anos, com fortes inundações e secas.

Nada pode ser feito para mudar o clima. Por outro lado, o que podemos fazer a partir de agora é manter (e não flexibilizar) regras básicas de planejamento ambiental, endurecendo ainda mais a fiscalização.

Populações que ocupam áreas de risco devem ser gradativamente retiradas para áreas mais altas e mesmo para moradores de áreas mais distantes dos rios também devem haver projeto pronto para uma provável necessidade de desocupação emergencial.

Defesa Civil/RS

Uma intervenção séria de recomposição e conservação das matas ciliares nos rios tem urgência de ser colocado em prática pelo poder público. Isso não evitaria enchentes, mas diminuiria os efeitos danosos de inundações.

Esses temas podem não ser tão populares como a realização de carnavais ou construção de conjuntos habitacionais, mas deverão se tornar cada vez mais presentes na vida das pessoas a partir da divulgação das cenas de desespero como as que os gaúchos estão passando.

Celso Rommel / Ipiaú Online


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