A Embasa deve explicações à população
No dia 23/04, o Vereador Cláudio Nascimento, da Embasa, deu entrevista na Rádio NOVA FM, no Programa de Celso Rommel. Durante sua fala, o Vereador disse que sua filha sempre bebeu água da Embasa e está viva e que a notícia de que a água consumida no município estaria contaminada por agrotóxicos não tem consistência técnica, é puro estardalhaço.
Ao manifestar respeito ao amigo e pessoa de nossa estima, faço as seguintes considerações:
Primeiramente é uma posição contra educativa. No sentido de que inibe a formação do senso crítico. É necessário duvidar da segurança que os prestadores de serviço sempre prometem. Do contrário fica-se numa ilha de conforto e nunca se busca melhorar e aprimorar tais serviços.
Segundo, senão todos, mas a maioria da população certamente bebe a água da Embasa. Isso não é garantia de que não esteja contaminada por agrotóxicos. Até porque nunca nos foram apresentados estudos pela empresa sobre isso. Ademais, esse tipo de resíduo pode ficar anos na corrente sanguínea, é cumulativo. Algumas pessoas podem estar sofrendo com alergias, irritação, dor etc e não saber que a origem pode estar na água que bebe.
Vale lembrar ainda, que somente depois de 50 anos, estudos comprovaram que cigarro mata. A principal fabricante da época levou uma multa gigantesca. Por força de Lei os fabricantes são obrigados a colocar na embalagem os malefícios do cigarro e hoje se alguém for reclamar, não poderá alegar que desconhecia seus malefícios.
Terceiro, todos sabemos do grande volume de agrotóxicos lançado diariamente no Rio das Contas e seus afluentes, desde sua nascente até a foz. O PAPAMEL denuncia isso de longas datas. Seja na atividade de produção de batatas no Gerais da Serra da Tromba, seja na produção de melancia no Distrito de Porto Alegre, seja na produção de hortaliças em Jaguaquara, seja na pecuária ao longo de todo curso do rio ou mesmo no extermínio de plantas nas calçadas pelas Prefeituras.
As partículas do agrotóxico industrial não é biodegradável e não é absorvido pela natureza. Logo, impossível não ser captado pela EMBASA, conduzido para seus reservatórios e depois enviado para as nossas casas., onde nos banhamos, cozinhamos e bebemos.
Quarto, a Embasa nega à população informações sobre o real consumo de água, uma vez que é comum recebermos grande volume de ar e o medidor contabilizar como consumo de água. A Embasa nunca cumpriu o contrato com o Município no tocante ao tratamento dos esgotos. Passou anos afirmando que o DAFA do Bairro Acm funcionava tratando com eficiência total seus esgotos. O que só foi comprovado falso mediante ação do PAPAMEL e Comunidade no Ministério Público.
Quinto, acredito que se a publicação de uma informação obtida em uma investigação conjunta pela ONG Repórter Brasil, da Agência Pública e da organização suíça Public Eye e que faz parte do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua) do Ministério da Saúde, não deve ser considerada. Então que a empresa Embasa venha a público através de uma nota técnica e esclareça a População ou afirme que as informações são mentirosas ou “estardalhaço “.
Por último, estudos realizados por estudantes do curso de biologia da Uesb já denunciam a presença de agrotóxicos desde a 1993. Em estudo feito pelo CRA atual INEMA em 1995, a pedido do PAPAMEL, foi detectada a presença de agrotóxicos nas águas do Rio Água Branca.
Além do uso diário na agropecuária, nas vias públicas, ainda existem os lixões situados próximos a cursos d’água, esgotos sem tratamento e o uso de detergentes com composições químicas as mais complexas.
Então, com carinho, peço que o Vereador reavalie sua posição. A EMBASA deve esclarecimentos a População de Ipiaú e Região.
Emídio Neto é diretor e membro fundador do grupo ecológico humanista Papamel
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