Se o PIB nacional vem subindo ou descendo, o que isso tem a ver com o dia a dia dos cidadão ipiauenses?
Inicialmente vejamos o que vem a ser o (PIB): é o produto interno bruto, ou melhor, a renda agregada ou riqueza total adicionada. Ou ainda, o principal indicador do tamanho da economia (riqueza – lucros e salários) gerados em 1 ano. Corresponde à soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos internamente, ou pertencentes, a determinada região, naquele período.
Relativamente, Ipiaú que já pousou de ser uma das cidades mais ricas do sul da Bahia, hoje caiu substancialmente para a posição 69º (1º quartil – fundos) do ranking das maiores economia, entre 417 municípios baianos; ou 5,2 vezes menor que Jequié ou ainda, 134 vezes menor que Salvador.
A tempos venho destacando que a situação de Ipiaú não é o produto da média nacional. Logo, devemos cuidar em fazer a nossa parte, e não ficar esperando que o governo estadual e/ou federal venha nos salvar. Caso contrário, ficaremos cada vez mais para traz.
No gráfico abaixo, pode-se notar que a evolução do índice de crescimento do PIB de Ipiaú, por vezes foi bem superior ao PIB nacional. Porém, é preciso considerar que para quem está em coma na UTI, mexer os olhos, já e sinal de vida!
Desde a década de 80, Ipiaú vinha se aprofundando numa forte retração econômica, logo, qualquer melhorazinha sobre uma base reprimida, faz com que os percentuais de recuperação sejam aparentemente bastante expressivos.
De qualquer forma, considerado isto, há sim o que comemorar. Porém, para quem está localizado no sul da Bahia, na zona da mata, na região cacaueira, a 85 km do litoral, com água, terra (280 km²), gente; os recursos governamentais já beirando aos 100 milhões por ano, PIB próximos dos 450 milhões por ano, significativo recursos privados alocados nos bancos comerciais forasteiros… é um resultado pífio, capaz de envergonhar até mesmo aqueles mais de 10 mil pendurados no INSS e outros tantos, nos programas sociais do governo federal.
O que o PIB tem a ver com o nosso dia a dia?
O PIB, é um dos indicadores mais importantes da economia. Por isso, analisar a variação do PIB em um determinado período permite não apenas verificar o ritmo da economia em meses anteriores, mas também serve para projetar o que deve acontecer nos próximos.
O PIB nacional é calculado a cada três meses pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), enquanto o municipal, as vezes o atraso chega a anos. O PIB pode parecer um indicador abstrato, e é, mas também é verdade que diversas atividades do dia a dia ajudam a impulsionar o produto ou puxá-lo para baixo, como a produtividade e o desempenho individual de cada negócio local.
Abaixo os itens que entram na conta do PIB e como o cotidiano pode influenciar o resultado na vida de cada cidadão. Porém antes veja:
Conceitos de Oferta e Demanda:
O IBGE calcula o PIB com base em tudo que se produz e o que se gasta. O primeiro grupo é o que se chama de “ótica da oferta” do PIB, que inclui os resultados da agropecuária, da indústria, do comércio e dos serviços. Já o consumo das famílias, os investimentos e gastos do governo fazem parte do que se conhece como “ótica da demanda” para o cálculo do PIB.
Se as contas forem feitas corretamente, o cálculo pela ótica da oferta e o feito pela ótica da demanda devem chegar ao mesmo resultado.
Abaixo os itens que entram na conta do PIB e como o nosso desempenho cotidiano, influencia o resultado, afetando a vida da cidade, no agregado:
Ótica da oferta:
Ø Indústria: o IBGE analisa se houve crescimento ou recuo da quantidade de bens produzidos pelas indústrias locais. Isso vale desde empreendimentos imobiliários, beneficiamento de frutas ou até mesmo peças de roupas de um pequeno empresário que tem uma confecção;
Ø Serviços/Comércio: entram para a conta do PIB os resultados de restaurantes, salões de beleza, escritórios de advogados e diversos outros segmentos que compõem o setor de serviços, inclusive os prestados às empresas, como transporte de mercadorias. Se o movimento desses estabelecimentos aumenta de maneira geral, isso irá ajudar a puxar o PIB para cima. Nas contas do IBGE, comércio também é calculado como parte dos serviços – e se os comerciantes aumentam suas vendas, esse dado contribui positivamente para o PIB;
Ø Agropecuária: a produção de cacau e demais itens gerados no campo também entram na conta do PIB. Se as safras têm bons resultados, ajudam no crescimento da economia;
Ótica da demanda:
ü Investimentos: uma empresa que decida ampliar sua capacidade produtiva entra para a conta dos investimentos no cálculo do PIB, e influencia esse número positivamente. Se Ipiaú viesse a implantar um Polo Fruticultor, por exemplo; naquele ano, certamente o PIB seria bastante elevado. Não são apenas os investimentos privados que são levados em conta pelo IBGE, mas também os dos governos. Daí, dá para concluir se um governante local, foi efetivamente bom ou ruim para a cidade.
ü Consumo das famílias: se as famílias estão comprando mais, é porque tem mais gente produzindo e vendendo – e isso significa crescimento do PIB. Porém, sem emprego, não há renda e sem renda, não há consumo e geração de mais riqueza;
ü Consumo do governo: a lógica é a mesma – se o governo está gastando sustentavelmente, alguém está vendendo e produzindo mais. Porém, se o governante está praticando a política de pão e circo… isso aparecerá no PIB;
ü Exportações e importações: o que a cidade compra e vende para o exterior, também pesam, e pesam muito na conta do PIB. Isso porque, se Ipiaú vende alguma coisa para fora de suas fronteiras, cacau e poupa de frutas por exemplo, recebe ou manda dinheiro para fora. Já as importações contam negativamente: sempre que Ipiaú compra de fora, é dinheiro daqui saindo… e mais grave ainda: são empregos abortados aqui, para serem gerados no território alheio! O show carésimo daquele artista famoso forasteiro, a cervejada exuberante do fim de semana ou a nova caminhonete desnecessária, é a conta do quanto ficamos mais deficitários na segunda-feira.
É muito importante a cidade gozar de confiança no futuro, saber investir de forma coletiva e ordenada, ter boas expectativas planejadas, saber para onde ir, quanto, quando e como crescer, tendo o desenho de novos horizontes, acordados, regrados, projetados para o crescimento e o desenvolvimento do conjunto harmônico da cidade.
Abaixo, um plano gráfico sucinto da restruturação urbana que debati com à cidade, ainda na década de 90, o qual já consta inclusive no Plano Diretor Urbano; tudo ignorado a décadas por sucessivas autoridades… seja pela estupidez, falta de visão ou competência de muitos patrícios nossos. Embora tudo seja de conhecimento e concordância unanime de entidades sérias e representativas como: Aproleite, Papamel, Associação Comercial, Maçonaria, Rotary Clube, Euclides Neto, arq. Denise Teixeira, Sérgio Teixeira e Protógenes Jaqueira (à época), PMD e Câmara Municipal… nada saiu do papel. Como diria a Marina Silva: – “Cinicamente”:
Para concluir: A variação do PIB, além de diagnosticar se a economia está crescendo ou recuando, também dá pistas sobre o futuro da economia. Isso porque, se o resultado mostra uma atividade em crescimento, a tendência é que a confiança entre os consumidores aumente. Com isso, o consumo ganha força, ajudando a manter o avanço da economia.
Cabe lembrar ainda, que segundo o Sebrae, cada evento econômico em investimento, acaba por gerar mais outros 8, em consequência deste.
O mesmo vale para todos os agentes econômicos: se há confiança de que a economia, a cidade e o consumo estão crescendo, aquecidos, o dono de uma gleba se anima a parcelar, a fábrica irá investir em equipamentos, os trabalhadores se animam a se prepararem para o novo mercado de trabalho, por exemplo. Isso gera uma melhora nos indicadores de desenvolvimento, que também ajudam a puxar o PIB para cima.
Todos inicialmente, foram motivados pelas expectativas futuras! Se não se cruzar a bola lá na frente, de forma articulada… o jogo embola. Fica a dica!
Para os mais astutos, sugiro assistirem ao vídeo abaixo, como reflexão complementar a leitura.
Elson Andrade – arquiteto, urbanista, empresário e pós graduando Instituto de Economia da Unicamp.
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