Opinião José Carlos Britto de Lacerda: Caminhão velho, sobrecarregado e sem manutenção

Marcelo Camargo/Agencia Brasil

Imagem aos olhos de filho de caminhoneiro da primeira metade do século XX, apresenta hoje um caminhão antigo, velho comprado, um dia, novo “em folha”.

Caminhos esburacados, tortuosos (não estradas, ou “rodovias”) provocavam defeitos e quebras, na maioria das vezes “consertados” com criatividade e improvisos, frente à ausência de mecânicos e carência de peças de reposição.

E de “remendo” em “remendo”, prosseguia a trafegar, às vezes bem, às vezes precariamente. Em incontáveis ocasiões, resfolegava cansado e parava, impotente, em meio a atoleiros, crateras e ladeiras, permanecendo como morto até que surgisse um reboque, um socorro.

A cada viagem, verdadeira odisséia, maior o peso posto em sua carroceria, como se o considerassem um “Hércules”. A cada aventura, mais desgastado!

O tempo passava, os anos se venciam e ele ali, “rodando” a “duras penas”.

Alternavam-se os “motoristas” uns mais, outros menos competentes e cuidadosos, mas o abuso das distâncias e dos pesos permanecia (e permanece), corroendo suas estruturas.

E depois de tantas “quebras”, de tantos abusos, de tantos pesos, suas engrenagens corroídas quase não lhe permitem avançar; não mais funciona a “marcha a ré” e seus freios não o seguram na ladeira íngreme à frente; sua “barra de direção” está solta e ele, movimentado, despencará inexoravelmente no precipício.

Pois é!

Eu comparo a realidade de nosso País a este caminhão: velho, quebrado, sem peças autênticas para reposição, explorado e mal administrado, mal dirigido, mal conduzido.

E descendo, sem direção e sem freios, em direção ao abismo.”

 

 José Carlos Britto de Lacerda é advogado ipiauense 


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