Aumento do calor local da pele, vermelhidão, dor, quase sempre acompanhada de febre, inchaço. No início da semana, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-Rio) afirmou nas redes sociais que o pai, o presidente Jair Bolsonaro (PL), teve erisipela em uma das pernas. Na imagem que compartilhou no Telegram, a legenda dizia que a foto foi tirada de poucos dias atrás e que nesta fase já estava em processo de recuperação. A repercussão do caso chamou atenção para a infecção causada por bactérias, seus sintomas e tratamento. Mas o que é a erisipela?
O coordenador do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Egon Daxbacher explica que apesar de ser uma enfermidade de notificação compulsória, a doença é relativamente comum, já que no Brasil há um grande número de pessoas com problemas circulatórios e diabetes.
“Além disso, temos o hábito de andar com o pé exposto, usar chinelos. A Erisipela é causada por uma bactéria chamada Estreptococo que penetra na pele provocando uma infecção mais profunda do que simplesmente uma ferida. São casos que aparecem com frequência no consultório do dermatologista e até mesmo em emergências”.
Os membros inferiores, sobretudo, os pés e tornozelos costumam ser as áreas mais afetadas. “A gente pode dizer que a área abaixo do joelho seria, talvez, o mais comum. Entretanto, isso não impede de acontecer eventualmente no braço ou até mesmo na face. Mas como a perna é um dos lugares onde geralmente a gente tem mais traumatismo, feridas, algum tipo de chance de ter uma ruptura na pele, é por ali que existe uma possibilidade de ter essa infecção. Obviamente, que se o paciente tiver uma ferida em outros lugares, o risco também existe”, ressalta Daxbacher.
A erisipela não é contagiosa e a contaminação não acontece por um acaso. A bactéria só se instala se houver uma porta de entrada que pode ser até mesmo uma frieira no pé.
“O que provoca a doença, na verdade, é a penetração da bactéria. Então, existem alguns fatores que são facilitadores, entre eles as rupturas, feridas, frieira entre os dedos, por exemplo. Não tem nada a ver com sangue contaminado como as pessoas costumam pensar”.
Ainda que a infecção possa acometer qualquer pessoa, o risco é maior para idosos e quem tem algum problema de imunidade, como complementa o médico. “Pacientes com problemas de HIV, diabéticos, que fazem quimioterapia para câncer, transplantados que usam medicamentos que diminuem a imunidade ou qualquer doença autoimune são os principais grupos afetados. O tratamento é feito com antibióticos tanto por via oral ou venosa, dependendo da
gravidade”.
Por ser uma infecção causada por bactéria, o maior risco é o de uma possível sepse bacteriana, ou seja, uma infecção generalizada. “Toda infecção não tratada pode, a depender do seu sistema imune, tomar o corpo. Por isso, em situações de gravidade, a erisipela pode levar à morte. É importante que seja cuidada o mais rápido possível”.
Entre os principais cuidados, Egon Daxbacher destaca lavar bem os pés, enxugar entre os dedos e se tiver frieiras, tratá-las, além de andar calçado e no surgimento de qualquer ferida, fazer o curativo fechado.
“É preciso evitar as portas de entrada para impedir que a bactéria se instale. Isso inclui fazer um bom curativo. A população tem o hábito e a cultura de deixar aberto para ventilar, porém, é o oposto. Se você toma banho com uma ferida aberta tem muito mais chance de penetrar uma bactéria por sujeira do banho”, esclarece.
Controle
Segundo dados da Secretaria de Saúde do estado (Sesab-BA), esse ano, a Bahia registrou 2.989 casos de erisipela, número quase 30% menor do que em 2020, quando as ocorrências chegaram a 4.109 casos no período. Ainda de acordo com o órgão, o atendimento inicial pelo Sistema Único de Saúde (SUS) pode ser feito em uma unidade básica de saúde ou serviço de urgência. Não existem centros de referência.
A dermatologista, sócia da Clínica InDerm e membro da SBD, Fernanda Ventin, ressalta que é importante manter o bom controle de doenças crônicas como diabetes, hipertensão e doenças vasculares e também ficar atento à evolução de pequenos ferimentos nos pés, entre os dedos e nas pernas.
“É uma doença de rápida evolução, por isso procure logo por orientação médica. Quanto mais precoce for o tratamento, melhor a resposta e menor o risco de
complicações”.
Alguns pacientes, a depender do caso, idade e da presença de doenças crônicas, precisam ser internados numa unidade hospitalar. “A doença causa um importante comprometimento do sistema linfático com sinais de inflamação aguda, mas se o tratamento for feito de forma correta, o processo não é difícil e pode durar em média 14 dias. Inclui antibioticoterapia adequada, repouso do membro afetado e controle das doenças de base associadas”, completa.
O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE A ERISIPELA
. A doença é provocada por uma bactéria chamada Estreptococo, que penetra na pele causando infecção.
. A erisipela não é contagiosa. Entre os principais sintomas estão o aumento do calor local da pele, vermelhidão, dor, febre e inchaço no local.
. Os membros inferiores, principalmente os pés e tornozelos, costumam ser as regiões mais afetadas.
. Cuidado com qualquer ruptura na pele, desde ferimentos até uma frieira no pé, já que são portas de entrada para a bactéria.
Correio
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