Taxa de contágio para de cair no Brasil; pandemia acelera há nove semanas

O contágio pelo novo coronavírus no Brasil parou de cair depois de três semanas seguidas de desaceleração, segundo cálculos do Imperial College, uma das principais instituições globais de pesquisa de epidemias. Pela nona semana seguida, o país apresenta taxa acima de 1, o que indica que a transmissão está fora de controle.

O número, também chamado de Rt, indica para quantas pessoas em média cada infectado com o novo coronavírus transmite o patógeno. A taxa calculada nesta semana é de 1,06, ligeiramente acima do 1,05 da semana anterior. Ela indica que cada 100 pessoas contaminadas transmitem o novo coronavírus para outras 106, que por sua vez transmitem para 112,36 e assim por diante, fazendo com que a doença se espalhe com velocidade crescente no país.

O centro de estudos de epidemias do Imperial College usa em seus cálculos o número de mortes. A taxa de contágio se refere ao momento de infecção; por isso, o impacto de eventuais medidas de prevenção aparece em cerca de duas semanas.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) tem observado também que, em países grandes e desiguais, como o Brasil, a dinâmica da epidemia varia muito de região para região e é preciso aumentar a vigilância (com testes e rastreamento) para localizar os maiores riscos e suprimir o contágio.

Brasil e Colômbia foram os únicos países sul-americanos que não registraram queda no contágio, entre os seis países acompanhados por terem transmissão ativa (ao menos dez mortes em cada uma das duas semanas anteriores e mínimo de cem mortes desde o começo da pandemia).

A taxa de contágio na Colômbia passou de 1,1, na semana passada, para 1,36. A Argentina teve queda de 1,29 para 1,2, o Chile, de 1,12 para 1,08, a Bolívia, de 1,36 para 1,07 e o Peru, de 1,36 para 1,02.

Com base no número de mortes registradas no Brasil, os cientistas também calculam que o número de casos do novo coronavírus no país é de cerca do triplo do declarado: o total acumulado de brasileiros contaminados seria de mais de 3 milhões.

Para chegar a essa estimativa, o Imperial College parte do registro de óbitos, cuja subnotificação é menor, e considera a premissa de que as mortes equivalem a 1,38% dos casos relatados 14 dias antes.

Para o total de 52.645 mortes registradas até esta terça (23), a conta indica que haveria mais de 3,8 milhões de pessoas infectadas pelo vírus do começo da pandemia até duas semanas atrás.

Os cientistas também estimam que o número de mortes por Covid-19 no Brasil na semana que começou em 21 de junho seja de 7.900, indicando um aumento em relação à semana anterior.

O número de óbitos estimados é o maior entre os 52 países acompanhados pelo Imperial College nesta semana. Em segundo lugar vem o México, com 4.420 -os EUA não entram nesse relatório. Em relação ao contágio, a taxa brasileira é a 32ª maior entre os 52 países.

BN


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