O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse nesta quinta-feira (5/12) que estava “completamente errado” sobre o uso de câmeras corporais por parte de policiais militares. A declaração, dada a jornalistas em evento de vistoria das obras do metrô da estação Santa Clara, na zona leste de São Paulo, ocorre após uma série de críticas à corporação, em razão de episódios de violência envolvendo agentes dentro e fora de serviço.
“Eu era uma pessoa que estava completamente errada nessa questão. Eu tinha uma visão equivocada, fruto da experiência pretérita que eu tive. Hoje estou plenamente convencido de que é um instrumento de proteção da sociedade e do policial. Vamos não só manter o programa, como também ampliá-lo”, afirmou o chefe do Executivo estadual.
Durante a campanha eleitoral de 2022, o governador chegou a dizer que “acabaria” com o equipamento acoplado às fardas dos policiais.
Neste ano, Tarcísio contratou um novo modelo de câmera corporal, que permite ao agente ligar e desligar o equipamento, diferentemente das usadas atualmente pelos policiais, que gravam de forma ininterrupta. A partir do ano que vem, serão implementadas 12 mil unidades desse dispositivo.
Tarcísio ressaltou que não deve substituir as câmeras corporais usadas atualmente pela PM. A ideia, segundo o governador, é que as câmeras antigas continuem a ser utilizadas.
“Não é nossa ideia, de maneira nenhuma, fazer com que a gente afrouxe a política. A gente começa um período de testes. Enquanto a gente não estiver seguro em relação à tecnologia, a gente não descontinua as câmeras que estão funcionando”, pontuou.
“A ideia é fazer com que o policial acione a câmera quando entrar em operação. Além disso, você tem os mecanismos de acionamento remoto, por exemplo, via Copom. Houve uma ocorrência e o próprio Copom vai poder fazer o acionamento. Você vai ter o acionamento por Bluetooth, em que você pega profissionais na mesma área de ocorrência e faz o acionamento automático.”
Crise na PM
Pela primeira vez, Tarcísio de Freitas admitiu que há uma crise na Polícia Militar. Ele afirmou que é preciso ter “humildade” e reconhecer que “alguma coisa não está funcionando”. Segundo o governador, há “falta de treinamento”.
“Quando a gente começa a ver reiterados descumprimentos desses procedimentos, a gente vê que há de fato transgressão disciplinar, falta de treinamento. São coisas que chocam todo mundo, chocam a gente também. A gente fica extremamente chateado, triste”, declarou Tarcísio a jornalistas.
“Quando tem esses casos, isso mancha demais a instituição, agride a gente. Aí é hora de ter humildade: tem alguma coisa que não está funcionando”, acrescentou o governador.
Questionado sobre a possibilidade de fazer mudanças no comando da Polícia Militar, Tarcísio defendeu o comandante Cássio Araújo de Freitas e disse que, “no momento de crise, não é hora de fazer trocas”.
“Vamos redesenhar isso aqui. O que a gente precisa fazer em termos de comparação com outras polícias do mundo? O que a gente tem que intensificar em termos de treinamento? O que a gente tem que fazer em termos de incorporação de novos equipamentos?”, ponderou.
A fala ocorre após uma sequência de episódios de violência policial.
No mês passado, um soldado deu 11 tiros nas costas de um jovem que havia roubado embalagens de sabonete no Jardim Prudência. No último dia 2, um policial jogou um suspeito rendido de cima de uma ponte em Cidade Ademar. Na última terça-feira (3/12), um major da PM de folga invadiu uma adega e espancou um funcionário com pauladas.
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