Saiba por que comidas típicas das festas juninas estão mais caras e o que fazer para manter tradição

Divulgação / Redes Sociais

Nos últimos tempos, muitos consumidores têm sentido no bolso o impacto da alta dos preços. Diversos fatores contribuem para essa situação, especialmente em certas épocas do ano, como o período de festas e comemorações. No Nordeste do Brasil, a tradição junina do São João da Bahia é uma das mais importantes, contagiando toda a região com sua alegria e cultura.

O arroz – doce, milho, a sopa de ervilha, amendoim, cuscuz, bolos de carimã, aipim e tapioca, canjica, pamonha, paçoca, maçã do amor, o cachorro-quente, o quentão e o caldo verde são algumas das delícias dos arraiás do São João.

Mas por que os preços sobem tanto e o que pode ser feito para manter as tradições sem estourar o orçamento?

Os ingredientes para preparo de pratos tradicionais das festas juninas ficaram quase 6% mais caros em um ano, ao passo que a inflação registrada no mesmo intervalo de tempo foi de 3%, segundo os economistas e os dados da Fundação Getúlio Vargas.

O preço do arroz, por exemplo, subiu mais de 23%, a maçã aumentou 21,72% e a batata – doce teve alta de quase 12%. O produto com custo mais elevado é a batata inglesa, ingrediente do caldo verde, cujo valor aumentou quase 70%. E o açúcar refinado, principal ingrediente da cocada, também aumentou: 10,30%.

“Existem várias razões para a alta dos preços, mas três fatores principais se destacam: alta demanda, custos de produção e logística, e inflação. Durante o período junino, a demanda por certos produtos aumenta significativamente. Isso é especialmente verdadeiro para alimentos típicos e itens de festa, além disso, o aumento nos custos de produção e transporte, muitas vezes causado por fatores externos como alta do combustível e flutuações cambiais, pode elevar os preços, contribuindo para a inflação, que impacta a elevação geral dos preços dos bens e serviços”.

A justificativa é de Elde Oliveira, CEO da Advice Group e especialista em contabilidade e desenvolvimento de negócios.

“Recentemente, os efeitos climáticos também têm afetado significativamente os preços de diversos produtos, como arroz, soja e maçã, e a catástrofe no Rio Grande do Sul, importante produtor desses produtos, por exemplo, teve um impacto direto na produção desses itens, elevando ainda mais os custos”, esclarece Elde Oliveira.

Seu José Silva é feirante desde os 14 anos de idade. Hoje, com 71 anos, ele vende produtos típicos na Feira de São Joaquim, na capital baiana, e explica que tudo aumentou, principalmente nessa época do ano. “Tenho que repassar os preços porque os fornecedores aumentaram tudo. Pra ter um pouco de lucro tenho que repassar para o cliente. Tento não aumentar muito, mas fica muito difícil com a inflação do jeito que está”, explica.

Dona Ana Conceição, que também é feirante e tem 59 anos de idade, diz, triste, que os consumidores não compram mais como antes. “A quantidade das compras feitas por clientes antigos diminuiu demais. Sou feirante em Salvador há mais de 30 anos. O São João é uma época em que vendíamos bastante e nos ajudava a compensar épocas mais fracas. Agora, não temos mais o mesmo lucro e o perigo é perdermos mercadorias que, por não serem vendidas, podem apodrecer e termos que jogar fora”, esclarece desanimada com o rumo da economia.

Mas, em meio à inflação, existem ingredientes que tiveram deflação, a exemplo da farinha de trigo, do leite de condensado, do leite tipo Longa Vida e do milho de pipoca, de acordo com a pesquisa da Fundação Getúlio Vargas.

Vamos dançar mais do que comer para aproveitar as festas juninas e economizar um pouco, diz Ana Maria Mello, estudante de História. Já a dona de casa Elza Marinato diz que procura reduzir os gastos comprando menos itens ou substituindo produtos. “Se antes eu comprava dois bolos, faço em casa mesmo e somente um tipo de bolo, e no lugar de 2 kg de amendoim, por exemplo, compro 1kg do alimento.

“Para manter as tradições juninas sem comprometer o orçamento, é essencial fazer um planejamento financeiro. Começar a planejar as compras com antecedência permite aproveitar promoções e evitar a alta dos preços de última hora. Definir um orçamento também é muito importante, estabelecer um limite de gastos para cada categoria, como alimentação, decoração e roupas típicas, ajuda a evitar gastos impulsivos e permite priorizar o que realmente é necessário. Listar os itens essenciais e priorizá-los, considerando alternativas mais econômicas para itens menos importantes, é uma estratégia eficaz”, explica Elde Oliveira.

Segundo ele, fazer substituições inteligentes, trocando marcas mais caras por alternativas mais em conta, sem comprometer a qualidade, é uma boa prática; produtos locais e sazonais geralmente são mais baratos e, dessa forma, o consumidor evita se endividar. Comprar à vista sempre que possível ajuda a evitar juros e dívidas desnecessárias.

De acordo com o especialista em contabilidade e desenvolvimento de negócios, ter um planejamento financeiro traz diversos benefícios, especialmente em épocas de alta dos preços. “Com um plano, o consumidor sabe exatamente quanto pode gastar, evitando surpresas desagradáveis. Além disso, é possível economizar, aproveitando ofertas e promoções ao se planejar com antecedência; com um orçamento bem definido, o consumidor pode continuar celebrando as tradições juninas sem comprometer suas finanças”, enfatiza.

“O hábito de planejar ajuda a criar uma disciplina financeira que será útil ao longo de todo o ano. Por fim, é importante lembrar: o essencial é celebrar e estar com quem se ama, e isso pode ser feito de maneira consciente e equilibrada. Com um pouco de planejamento e criatividade, é possível manter as tradições juninas sem comprometer a saúde financeira”, orienta o CEO da Advice Group.

Bnews / Veronica Macedo


Veja mais notícias no Ipiaú Online e siga o Blog no Google Notícias


0
Web Design BangladeshWeb Design BangladeshMymensingh