Quarentena força envolvimento e amplia compreensão de pais sobre cuidado com filhos

A forma dos pais entenderem e exercerem a paternidade vem – felizmente – em um movimento de mudança nos últimos tempos. Os pais vêm sendo provocados a sair da zona em que foram colocados historicamente e patriarcalmente, de apenas provedores. Cada vez mais eles têm sido convidados a estreitar laços e manter uma relação entre pai e filho ou filha, que vá além do sustento financeiro. Esse movimento crescente é definido como paternidade ativa.

A educadora parental Michele Cedro explica que o conceito trata da execução da paternidade partindo de uma mudança de papel, que foi moldada historicamente, e pelo entendimento da importância dos pais participarem da criação dos filhos. Função que tradicionalmente é atribuída – e cobrada – das mães.

“Porque essa sociedade patriarcal, modelo como a gente conhece, sempre colocava o papel do pai como a pessoa que sai de casa e põe o alimento na mesa, e a mãe sempre nesse movimento de estar cuidando do lar e dos filhos”, contextualiza Michele.

A especialista em parentalidade, ramo da ciência que estuda e trabalha com a relação entre pais e filhos e funciona “como uma escola de pais”, explica que o movimento de paternidade ativa tem como protagonistas os pais, mas surge a partir de uma demanda e uma cobrança feita pelas mães.

Essa mutação de relações começou quando as mães começaram a sair de casa para trabalhar, e os pais tiveram que colaborar, lembra Michele. “Mas é uma coisa muito inicial. Que ainda tá começando a acontecer. Está ganhando corpo, porque as pessoas estão entendendo, tantos os pais quanto as mães estão buscando isso, elas estão cavando isso nos pais”, acrescenta.

“As informações estão aí, mas esse é um movimento que tem partido muito das mães. Que tem exigido uma participação maior. A paternidade ativa é um movimento da maternidade”.

A PANDEMIA ENSINOU ALGUMA COISA?

A pandemia do coronavírus, que fez com que as famílias passassem mais tempo em casa, pode ter ensinado algo ou ter feito com que os pais sentissem na pele a rotina a que comumente as mães são submetidas. “É muito diferente você passar o dia com a criança. Do que você chegar no fim do dia e estar cheio de amor pra dar”, pondera a educadora parental.

Ela completa ressaltando que em meio à crise sanitária alguns pais podem ter enxergado uma grande oportunidade de participar, mas há muitos outros que ainda não chegaram nesse nível, e dificilmente vão reconhecer esse verdadeiro papel da paternidade, “e esses sofrem nesse período”.

“Mas eu acredito que estar em casa vai fazer com que os pais entendam mais a dinâmica inteira. Do que é passar um dia com uma criança. Porque muitos não têm acesso mesmo”, disse Michele.

NADA DE TROFÉUS E MEDALHAS

Michele ressalta que os pais que compreendem e praticam a paternidade ativa devem ser encorajados, mas o tema também precisa ser tratado com naturalidade. Sem exageros com elogios.

“É muito importante esse movimento dos pais participarem, mas também é preciso ter muito cuidado para que isso não se torne uma coisa de outro mundo, ou que coloque os pais acima do papel deles, como se eles fossem superpais”, destaca a especialista ao explicar que promover o movimento é importante, mas com atenção de que se trata de uma pai fazendo papel de pai.

BN


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