Assim como outras vacinas contra a Covid-19 desenvolvidas por farmacêuticas de outros países, a Sputnik V, concebida pelo governo da Rússia, ainda segue com o registro travado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A demora atinge diretamente a Bahia, que fechou um acordo com os russos para produzir 50 milhões de doses do imunizante através da Bahiafarma. Enquanto o processo não ocorre no Brasil, a Rússia começará a imunizar a população a partir deste sábado (5).
Segundo a Agência, “quando o desenvolvimento clínico de uma vacina é totalmente conduzido fora do Brasil, como é o caso da vacina russa, a exigência de anuência prévia aos estudos clínicos não faz sentido”. “Porém, é necessário o cumprimento dos devidos procedimentos para registro da vacina”, prossegue a Anvisa.
Inicialmente, a Bahia receberia testagens em 500 voluntários. No entanto, de acordo com o secretário da Saúde do Estado (Sesab), Fábio Vilas-Boas, os testes não ocorreram, pois “a Anvisa exigiu um estudo mais amplo no país e eles ainda não se manifestaram”.
O titular da Saúde estadual ainda admitiu pessimismo quanto ao registro da Sputnik V ainda neste ano. “Para a vacina russa, não [tenho expectativa]”, opinou.
Em nota enviada à imprensa, a Anvisa afirmou que “está em tratativas e já realizou reuniões com membros do governo do estado do Paraná e do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) sobre o processo de registro da vacina desenvolvida pela Rússia”. “Essas reuniões são de caráter preliminar, antecipando possíveis demandas futuras”, ponderou.
O Tecpar fechou com a Rússia uma parceria com moldes semelhantes ao acordo feito pela Bahia. No entanto, membros do governo baiano não se reuniram ainda com a Anvisa para discutir o tema. E, segundo a agência, um encontro com representantes do estado ainda não está em pauta.
Enquanto as tratativas para o registro da Sputnik V se arrastam, o governo federal estima que, em março, o primeiro grupo de brasileiros deve receber doses do imunizante desenvolvido pela AztraZeneca.
Por enquanto, o Brasil mantém acordos garantidos para obter 142 milhões de doses de vacinas no primeiro semestre, sendo 100 milhões fruto da parceria da Fiocruz com o laboratório AstraZeneca e outras 42 milhões previstas no consórcio Covax Facility.
Ao explicar a participação brasileira na Covax Facility, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que o país adquiriu 42 milhões de doses que podem ser fornecidas por qualquer um dos fabricantes que integram o consórcio, “inclusive, a própria AstraZeneca e a Pfizer, por exemplo, estão no consórcio”, acrescentou. A Pfizer, no entanto, ainda negocia sua adesão ao consórcio.
O governador de São Paulo, João Dória (PSDB), por sua vez, prometeu para janeiro a distribuição das primeiras doses da Coronavac, imunizante produzido pelo laboratório chinês SinoVac.
POLÊMICA COM A PFIZER
Mesmo com o governo federal dando indícios de que poderia não adquirir lotes da vacina da Pfizer/BioNTech, o governo do estado autorizou montagem de uma rede de ultrafreezeres que possam armazenar o imunizante (leia mais aqui) – o armazenamento é um dos obstáculos colocados pela gestão federal para não adquirir a vacina.
O governador Rui Costa (PT), contudo, indicou que os aparelhos não foram comprados exclusivamente por conta dos imunizantes contra a Covid-19.
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