A segunda maior cidade da Bahia, Feira de Santana, pode ter a tradicional micareta ainda este ano, segundo informou o prefeito Colbert Martins, nesta quarta-feira (30). A festa, com mais de 80 anos, não acontece desde 2020 por causa da pandemia da Covid-19.
Segundo Colbert Martins, a micareta deve ocorrer no mês de setembro.
“Estamos analisando essa perspectiva com uma boa probabilidade de retomar os festejos de Feira de Santana com uma grande micareta”, revela o prefeito.
Normalmente, a micareta acontece no mês de abril, mas por causa do tempo de organização, será adiada para setembro.
Para o prefeito, o que tem pesado na decisão é o valor gasto para realizar a festa, que na última edição, em 2019, custou cerca de R$ 7 milhões.
“Hoje, com os preços mais altos, o gasto pode chegar a bem mais que R$ 7 milhões, tanto as atrações como os equipamentos utilizados. Outro problema é que a câmara já retirou mais de R$ 2 milhões da área de cultura”, explica.
Para que a micareta aconteça com o mesmo formato, o prefeito pretende buscar patrocínios.
“Não gostaria de fazer um evento fechado para a pessoa ter que pagar para poder brincar. Feira de Santana continua com a sua grande característica de ser uma micareta absolutamente popular”, afirma.
Ainda de acordo com o prefeito de Feira de Santana, a proximidade da data da festa com as eleições não é uma problema para a realização do evento, já que não haverá votação na esfera municipal.
Na última segunda-feira (28), a prefeitura da cidade anunciou a liberação do uso de máscaras em ambientes abertos e logradouros públicos. Feira de Santana é uma das oito cidades baianas que já tomou a decisão.
Há registros de carnavais em Feira de Santana de 1891 a até a década de 1940. Em 1937, a festa não ocorreu na data prevista, por conta de uma forte chuva que atingiu a região, e teve de ser adiada para depois da quaresma, em data não convencional. Foi então que, oficialmente, nasceu a micareta.
O adiamento da festa foi uma sugestão do coletor e criador de carros alegóricos Manuel da Costa Ferreira, o ‘Maneca Ferreira’ – que dá nome ao principal circuito da festa. Ele propôs a mudança da data da folia e teve apoio da população e dos organizadores.
O carnaval e a micareta coexistiram na cidade até 1944, quando a festa momesca deixou de ser realizada e saiu do calendário oficial de eventos do município. Com a construção da BR-324, na década de 20, uma das principais vias de ligação da capital com o interior, muitos grupos deixavam de curtir a festa em Feira para ir para a capital.
Desde que a micareta surgiu, o local de realização da festa já mudou quatro vezes. Até a década de 70, organizada com o dinheiro arrecadado pelos próprios foliões, a festa acontecia na Rua Direito, atualmente chamada de Rua Conselheiro Franco.
Depois, quando o município passou a gerir a festa, a micareta mudou para a Avenida Senhor dos Passos, onde aconteceu até 1982. No mesmo ano, a festa saiu da Avenida Senhor dos Passos e foi transferida para a Avenida Getúlio Vargas, onde ficou até o ano 2000. Desde então, a festa é realizada na Avenida Presidente Dutra.
Desde o seu surgimento e antes da pandemia da Covid-19, a micareta de Feira só deixou de ser realizada em duas ocasiões: a primeira na década de 40, durante a Segunda Guerra Mundial, da qual alguns soldados feirenses também participaram, e a outra em 1964, por causa do golpe militar.
g1 Bahia
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