O soldado PM Leandro Barcellos Prior, da Polícia Militar, encaminhou ao seu comando um documento no qual solicita permissão para usar a farda no momento em que for pedir a mão de seu namorado em casamento, durante a 23ª Parada LGBT, que acontece domingo (23), na capital paulista.
Na noite desta quarta (19), a PM anunciou que o pedido foi rejeitado e alegou que as normas internas não preveem o uso do fardamento “durante manifestações” (leia íntegra da nota abaixo).
Segundo o documento, emitido no dia 14, o soldado justifica ter escolhido a data da Parada LGBT pois, neste ano, são comemorados os 50 anos de “Stonewall”.
O cinquentenário relatado no documento se refere a uma série de manifestações feitas pela comunidade LGBT contra a ação de policiais de Nova York (EUA), que invadiram o bar “Stonewall Inn” e agrediram seus frequentadores, em 28 de junho de 1969.
“Considerando, por fim, todas as situações que este policial militar passou e sofreu por homofobia institucionalmente, desde 21 de junho de 2018, este policial militar viu com relevante importância social e excelente oportunidade a instituição para ela evidenciar e acenar a sociedade paulista e brasileira que não compactua com a homofobia”, diz trecho do documento assinado pelo soldado, que compõe o efetivo da Força Tática do 13º Batalhão da PM.
O advogado do PM, Antonio Alexandre Dantas de Souza, afirmou que o pedido não ofende a corporação, corroborando o compromisso de respeito à dignidade.
“Ao protocolar seu pedido, Prior demonstrou ainda mais seu compromisso para com a Instituição ao demonstrar respeito a seus dogmas e preceitos sem se esquecer de sua condição como cidadão e ser humano”, afirmou Souza.
O advogado acrescentou que pedidos de casamento, com policiais fardados e até uso de viaturas, já foram noticiados e difundidos. “Isso nos faz crer que não há nenhum empecilho em conceder tal autorização”, finalizou.
O soldado Prior ficou conhecido, em junho de 2018, após ser flagrado beijando um rapaz, que não é seu atual namorado, dentro de um vagão do metrô. Na ocasião, ele estava fardado.
A repercussão do beijo fez com que o soldado recebesse ameaças. O policial chegou a pedir afastamento e ficou fora de serviço por cerca de 60 dias.
Resposta
A PM afirmou em nota que normas internas “não preveem” o uso da farda por policial militar de folga, durante manifestações. “Por este motivo, o pedido do soldado foi indeferido. Da mesma forma, há cinco anos, foi indeferido o pedido do grupo ‘PMs de Cristo’, que queria utilizar o uniforme durante a Marcha para Jesus”, diz trecho de nota.
Leia a íntegra da nota da PM
A Polícia Militar é uma instituição legalista, que tem como um de seus alicerces a dignidade da pessoa humana e não faz distinção de pessoa por sua orientação sexual ou identidade de gênero, incluindo os mais de 80 mil policiais militares de São Paulo.
O uso da farda na Polícia Militar é regulamentado por normas internas da instituição, as quais não preveem o uso do fardamento por policial militar em folga durante manifestações. Por este motivo, o pedido do soldado foi indeferido. Da mesma forma, há 5 anos, foi indeferido o pedido do grupo “PMs de Cristo”, que queria utilizar o uniforme durante a Marcha para Jesus.
A Polícia Militar elaborou um plano de policiamento para os dois grandes eventos que serão realizados na área central da capital paulista ao longo dos próximos dias: Marcha para Jesus e XXIII Parada LGBT +. Todo efetivo do CPA/M1, incluindo os setores administrativos, estará empenhado nesta operação, bem como o eventual reforço de outras unidades.
Veja mais notícias no Ipiaú Online e siga o Blog no Google Notícias