Os deepfakes se estendem à política

Como a inteligência artificial tem sido experimentada em diversos campos, muitos especialistas em diversas disciplinas têm questionado o emprego desta avançada ferramenta tecnológica no desenvolvimento de algumas atividades ilícitas.

Um exemplo claro de uso indevido ou desonesto da IA são os vídeos falsos, também denominados deepfakes, nos quais se aplicam técnicas associadas à inteligência artificial.

Os piratas do espaço virtual dedicam-se a produzir estes vídeos falsos com tecnologia artificial para alterar a realidade, muitos deles simulam a verdade com uma nitidez que os faz parecer genuínos.

O objetivo destas criações audiovisuais adulteradas pode ser: brincadeira, engano, zombaria, e em outros casos para atentar contra celebridades e personagens importantes da política.

Diversos sectores manifestaram a sua preocupação pelo alcance da inteligência artificial e pela possibilidade de que se violem princípios éticos com a sua implementação, especialmente porque se percebem extremamente realistas, circunstância que pode promover uma utilização incorreta da tecnologia.

Pior ainda, este tipo de informação é difundida e compartilhada nas redes sociais, algumas acabam se transformando em fake news, outras são interpretadas temporariamente como eventos reais enganando as pessoas que regularmente procuram estar informadas.

Deepfakes: Abrangendo o âmbito da política

Milhões de pessoas não confirmam as fontes da notícia, inclusive muitos consideram que tudo o que se publica nas redes é verdade, isto é um aditivo perigoso que propicia que se divulguem ainda mais as notícias e vídeos falsos.

Na Índia, por exemplo, o conhecido político Manoj Tiwari utilizou a inteligência artificial para traduzir um discurso próprio para outras línguas. Esta ação gerou uma série de críticas entre a população por concordar em falsificar sua alocução para um fim utilitário, mas que dá abertura a novos caminhos para práticas pouco éticas.

Em vários vídeos Tiwari se dedica a falar em diferentes idiomas, entre eles inglês e hindi. Sobre isso ficou claro que estava trabalhando com a empresa de comunicação política de Ideas Factory, para dar um aspecto mais positivo à tecnologia da Inteligência Artificial.

A ideia principal foi conseguir o maior número de eleitores chegando a diversas populações da Índia, país que tem duas línguas oficiais, inglês e hindi.

Embora seja verdade que o político utilizou esta ferramenta tecnológica de forma positiva para chegar a 15 milhões de pessoas, e não para ataques políticos aos adversários, ou para negócios ou publicidade ilegal, abre um caminho distinto a temas mais alarmantes e ameaçadores.

Deepfake, é honesto?

Até que ponto este tipo de práticas é honesto ou inocente? Se a verdade não fosse revelada, os 15 milhões de pessoas teriam pensado que o vídeo era real e que se tratava do político da Índia, no entanto muitos consideram que apesar de ter sido um ato inocente acaba sendo uma mentira difundida a muitas pessoas.

Surge a pergunta, é válido confiar em um político que mente? Estes dilemas podem ser desfavoráveis aos resultados de um processo eleitoral. É correto usar os vídeos falsos para promover-se politicamente e obter algum resultado?

Embora pareça uma estratégia política inocente, isso deixa a porta aberta para que outros países considerem esta execução normal e se utilizem para prejudicar terceiros.

O que está sendo feito para evitar deepfakes?

Esta não é a primeira vez que vídeos falsos são usados no mundo da política, em 2018 alguns vídeos falsos sobre o presidente Obama foram divulgados. Isto provocou reações e discussões profundas sobre o alcance que poderiam ter estes vídeos na sociedade política norte-americana.

Em 2019, a presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, num estado de total
embriaguez, foi vista como um ataque direto ao partido democrata dos Estados Unidos. Face a esta situação, foram tomadas medidas decisivas, tendo sido aprovado um projeto de lei que considerava ilegal a partilha de material audiovisual enganoso de políticos num período de 60 dias.

Por sua vez, o Comité de Ética da Câmara entregou aos deputados um comunicado no qual considerava a publicação do deepfake uma falta grave às regras da Câmara. Redes sociais como Twitter e Facebook proibiram categoricamente estes vídeos em suas plataformas.

Recomenda-se investigar e verificar as informações em organismos oficiais e imprensa antes de compartilhá-las para detectar vídeos falsos, consulte fontes confiáveis e de boa reputação. Não acredite em tudo o que lê na internet, torne-se um pesquisador ativo difícil de enganar.


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