Fonte: IBGE – Regressão do tipo e quantidade de matrículas em Ipiaú-BA 2005 a 2017.
O Ministério da Educação (MEC) divulgou, o Censo Escolar da Educação Básica 2017. A pesquisa anual do INEP, revela a infraestrutura educacional do país, onde se contabiliza 184 mil escolas — sendo que a maior parte dela 113 mil, o que equivale a 2/3, é de responsabilidade dos governos municipais.
Do total de colégios, 22% são particulares. São 116 mil instituições de ensino que oferecem ensino fundamental. O ensino médio é oferecido em 28,5 mil instituições de ensino que atendem 7,9 milhões de matriculados, dos quais 7,9% têm atividades em tempo integral (em 2016, eram 6,4%). Já no ensino fundamental, que tem 48,6 milhões de matriculados, a taxa de alunos em período integral é de 14%. O MEC, no entanto, comemorou o aumento das matrículas em escola de tempo integral nas escolas públicas de todo o país e atribuiu esse aumento à Política de Fomento às Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. Só naquele ano, foram liberados R$ 406 milhões para apoiar estados na implementação dessas unidades.
Embora a pesquisa não deixe claro, a queda no número de matriculados no ensino médio, fica evidente que esta modalidade vem sendo o grande gargalo da educação brasileira. Estes problemas denunciam o alto índice de jovens inativos, ou seja, aqueles que não trabalham nem estudam, os vulgos: “nem-nem”.
O problema dessa ociosidade, ou melhor: – da falta de assertividade da política educacional, não é necessariamente endógena a educação, mais sim, das consequências do desmonte da Economia Real em favor do alto grau de financeirização, registrado no Brasil, em especial no pós golpe, quando a crise econômico-política trouxe sérias consequências; como o desemprego, a desindustrialização do país, o alastramento territorial das drogas e até, por que não dizer: – a crescente libertinagem concedida pelas famílias “modernas” às crianças e jovens.
No caso específico de Ipiaú e da região cacaueira, a situação é ainda pior que a média nacional, dado a infindável crise da lavoura da monocultura do cacau, o hiato das atividades da Mirabela e a consequente falta de empregos na região. Se Ipiaú e região, continuarem investindo em Educação, sem o devido concomitante desenvolvimento socioeconômico paralelo, vai acabar plantando um alto nível de frustação nos seus jovens estudantes; ou ainda, acabar por financiar a formação da mão de obra exógena, que migrarão à outras cidades mais desenvolvidas e certamente mais ricas. Injusta, azêmola, bronca, cavalgadura, estulta, estúpida, ignorante, inepta, lerdaça, néscia, palerma, tapada, teimosa, tola, toupeira falta de medida e adequação dimensional real, numa necessária e constante busca da otimização e eficiência na alocação dos parcos recursos disponibilizados para a Educação local.
Oportunizar falsos desenvolvimentistas, pessoas alheias, palpiteiras, candidatos antecipados, em programas de rádio, ou em insanos debates eleitoreiros na Câmara, para pedir mais e mais investimentos em prédios, cargos, salário sem suporte financeiro municipal, cargo horária reduzida sem o devido levantamento e conhecimento de causa… chega a ser pilhéria. Procurem outra porca para mamar! Essa aqui não. Ou vai-se frustrar inúmeras crianças e jovens inocentes sem a sua merecida taxa de sucesso socioeconômico e realização pessoal. Pondo em jogo portanto, o nosso futuro.
O fato circunstancial deve-se a mudança substancial do nosso perfil demográfico, que sofreu mudanças nas proporções etárias. Proporcionalmente, temos tido queda na quantidade de nascidos, e portanto, uma forte desaceleração no crescimento real populacional. Menos crianças e jovens, menos filhos por casal. Fato este, que implica numa demanda MENOR por infraestrutura física. No entanto, o nível de serviço e assistência, deveriam estar sofrendo um processo INVERSO, dado o processo concorrencial dos nossos tempos; com uma melhora superior ao antigo padrão assistencial… Modelo antes “justificado” por encontrar-se numa fase de canalização de recursos para a construção de novas instalações escolares, já não cabem mais.
Dado a exigência e real necessidade dum alto grau de performance dos estratégicos recursos da educação, saúde, segurança pública… modernamente, não se tolera mais confiar tais ofícios, tão somente a técnicos de tais áreas. É preciso no mínimo uma dupla, simbiótica de conhecimento técnico e gestão pública do conjunto dos recursos, demandas e oportunidades, para se lograr êxito nestas áreas. #Fica a dica!
Ipiaú-BA IBGE
Há anos Ipiaú vem tentando se consolidar como um Polo Microrregional Estudantil, de nível médio-técnico e superior. Proposta inclusive, preocupante sob a perspectiva da sustentabilidade financeira e do custeio, quando ainda não se sabe muito bem, quem bancará a manutenção de tamanha infraestrutura e gastos operacionais correlatos demandados intrínsecos da rede.
Faz-se mister, o equilíbrio entre a oferta e demanda das oportunidades de emprego e da formação educacional. É de fundamental importância a construção duma sustentabilidade econômico-social regional.
Trabalho e Rendimentos Reais – Atuais:
Considerando que 45% dos nossos domicílios tem rendimentos mensais de até 1/2 salário mínimo por pessoa. O que nos coloca na posição 354 entre 417 cidades baianas e na posição 2.066 entre 5.570 demais cidades do Brasil. E a proporção de pessoas ocupadas em relação à população total, era cerca de 49% sendo quase metade dessa população economicamente ativa/útil (PEA), tem renda vinda de aposentadorias e/ou programas sociais do governo federal.
Se o objetivo é gastar milhões de reais com formação escolar, de milhares de estudantes, apenas para cumprimento da obrigação orçamentária estatal, para depois constatar que vivem economicamente de subempregos, aposentadorias e programas sociais; há que se estranhar e questionar qual a efetividade de tamanho esforço. Como diz Zé do Fóli: – “Se educação SOZINHA trouxesse desenvolvimento, Uruçuca-BA seria a capital da região cacaueira desde a década de 1980”. Quem duvidar do Zé, que meça o que de fato aconteceu naquela cidade, e ao seu povo. Exceto, muitas crianças com pais forasteiros e mães solteiras, ainda na caça de filhos de fazendeiros, quebrados.
Abaixo, dados de quantidades das principais vagas e modalidade de emprego em Ipiaú e micro região.
Dados Gerais dos empregos formais em Ipiaú-BA (2018)
Dados dos empregos Agropecuários formais em Ipiaú-BA (2018)
Dados dos empregos Industriais formais em Ipiaú-BA (2018)
Desperdício estatal nacional colossal:
Segundo dados do governo federal, há em todo o país, mais de 20 mil obras públicas incompletas e/ou inacabadas. Muitas Creches, UPAs, UBSs, CREASs, CRASs, CAPs… inoperantes por falta de capacidade financeira do município para operar tais “presentes de grego” tal qual, um Jeep Grand Cherokee, na mão dum pobre… Grande maioria, fruto de emendas parlamentares, usada como moeda de troca em votações imorais no congresso nacional, (caso clássico das denúncias contra Temer) que após aprovadas (saída do sufoco), o governo logo corre à contingenciar a verba. Logo, tudo não passa de jogo de cena para contabilização de atos eleitoreiros de deputados mercantis tão malandros quanto aqueles demandantes dos votoshomicidas.
Culpa também das prefeituras que não têm uma cultura e infraestrutura permanente de PLANEJAMENTO, dimensionamento e gestão da demanda vocacional local. Além da falta de POLÍTICAS PÚBLICAS perenes, substanciais, comensuradas… com leis que dificultem governos de descontinuarem e distorcem, a seu bel prazer, o rumo histórico da política educacional da cidade. (Na grande maioria, para uso em propaganda eleitoreira, cinicamente).
Soma-se a isto, a circunstância do governo federal arrecadar distorcidamente 2/3 da carga tributária nacional, deixando os municípios sem recursos para a manutenção e operação destas obras apenas eleitoreiras. Muito distantes da real demanda local.
Dado a circunstancias eleitoreiras, é difícil acreditar num enxugamento racional da infraestrutura física atual. Que carece de necessária, adequação à nova realidade, dentro duma política de revisão e redirecionamento vocacional da nossa rede escolar. Quando nenhum gestor (político), se atreverá a contrariar o apelo popular irracional, desguarnecido de dados, diante duma população que clama por serviços públicos a qualquer custo, sem interesse em saber quem de fato está arcando com o prejuízo. Ainda alertar, que salários além da capacidade municipal, díspares do conjunto da sociedade, sozinhos, não garantem qualidade do ensino… ao contrário, até pode atrair mercenário ao sagrado ofício.
Educação efetiva de qualidade e quantidade, com infraestrutura e nível de serviços adequados, sem desperdício eleitoreiro de recurso, sejam público e/ou privado… orientados ao desenvolvimento econômico real, local. Isto é a inteligência a qual não temos tido e ainda continuamos a precisar, urgentemente!
Afinal, para uma cidade onde a arrecadação tributária própria (municipal), só dá para cobrir praticamente os gastos com a Câmara Municipal… Ficando de fora os gastos com a máquina executiva, que faz tempo que consome mais da metade de todo o Orçamento Anual municipal!!! Urge o redimensionamento de todo o aparelhamento, insustentável, ou ainda: antidesenvolvimentista. E como se tudo existisse apena pelo fato de existir, sem o compromisso de algo novo à acrescentar.
Para os mais astutos, sugiro assistirem ao vídeo abaixo, como reflexão complementar a leitura.
Elson Andrade – arquiteto, urbanista, empresário e pós graduando do Instituto de Economia da Unicamp.
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