Na minha adolescência, conheci um amigo do meu Avô Emídio, o comunicador Zezito Amaral. Ele andava de cadeira de rodas.
Desde quando o conheci, passei a acompanhar a sua incansável luta pelo direito a acessibilidade. Na época, meados dos anos 1980, se falava em luta pela implantação de rampas de acesso às instituições e órgãos públicos.
Acredito que se as entidades das quais ele fazia parte tivessem se dedicado a causa, se teria conseguido mais do que algumas faixas e rampas em passeios, em alguns poucos pontos da cidade.
Sempre apoiei e coloquei em pauta o direito a acessibilidade, perante os mais diversos órgãos e instituições de Ipiaú.
Em 2013, fui atropelado e passei meses andando de muletas. O que amplia a compreensão da importância e urgência em se garantir a acessibilidade.
Passam prefeitos e vereadores e continuamos vendo Pessoas com Deficiência de locomoção vivendo diariamente numa prova de obstáculos, para sair de casa, ir ao trabalho, ir a escola ou ser atendida em algum órgão e instituições públicas.
Para ir a Câmara Municipal, a dificuldade só é superada com o auxílio de outras pessoas. A Secretaria Municipal de Ação Social é outra prova de obstáculos, com degraus, elevações e desníveis. Para se chegar a Secretaria Municipal de Saúde, espere na rua. Para chegar ao gabinete da Prefeitura é como escalar o Pico do Barbado.
Melhor esperar a Prefeita descer para falar com você.
Em 8 de novembro de 2018 e num choque com animais em via pública, volto a andar de muletas e cadeira de rodas. Tanto tempo depois e ao ir numa reunião na Câmara Municipal de Ipiaú dia 15/03/2019, constato que está tudo igual ao tempo de Zezito Amaral. Para quem depende de muletas e cadeiras de rodas para andar, os passeios são uma verdadeira prova de barreiras e desafio com risco de morte.
Chego então a conclusão, que para os Prefeitos e vereadores, Ipiaú é a cidade dos Iguais.
Emídio Neto é ambientalista fundador do grupo ecologico Papamel
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