Desde o centenário que comemorou 100 anos da “amizade” Brasil-Japão, (1995), o governo brasileiro promove anualmente visitas acadêmicas multilaterais tendo em vista a integração entre professores da cadeira de Gestão Pública dos dois países, onde universidades brasileiras, tanto enviam quanto recebem professores pesquisadores desta área, com fulcro na troca de experiência e avaliação da efetividade das ações governamentais adotas no Brasil e no Japão.
Numa destas feitas, vieram em missão ao Brasil, dois professores japoneses de uma escola de administração pública japonesa. Juntamente com um interprete sensei, os professores brasileiros foram recebe-los no aeroporto e leva-los a universidade… Ao desembarcarem no aeroporto, os cinco, entraram numa van e seguiram para a universidade.
Os professores japoneses e o interprete, sentaram-se no banco de traz, e ficaram portanto, defronte para os brasileiros, onde foram conversando com ajuda do interprete.
Nem bem começaram a viagem, e por descuido do motorista que tentava baixar o volume do rádio, sintonizado numa rádio notícia, que cobria o desenrolar da greve dos caminhoneiros, devido a prática da finória política de preços, entreguista da Petrobras, adotada por ordem do Sr. Pedro Parente de Lúcifer (PSDB)…
Foi quando entrou uma notícia que dizia: Atenção, a Boeing acaba de anuncia que vai criar uma terceira empresa, a qual a Embraer será sócia de 1/5 entrando com todo o seus bens… esta sorrateira noticia desorientou o motorista da van, que acabou passando em velocidade numa lombada e lançou os ilustres passageiros do fundo, contra o teto da cambaliada van…
Imediatamente um professor brasileiro interveio, dando esporro, exigindo mais cuidado do motorista estatal. O professor japonês, Sr. Fumiko, questionou qual o objetivo de se instalar lombadas transversais na pista de rolagem de centros urbanos?
Um dos nossos professores, prontamente justificou – trata-se de dispositivo tipo RVT, (Redutor de Velocidade de Transito). Foi quando Fumiko, questionou – Mas, por que vocês não utilizam placas informando o limite de velocidade permitido na via?
O silêncio geral foi ensurdecedor… enquanto o interprete tratara de esconder o jornal que trazia a
seguinte manchete: Doria (PSDB) prever em lei orçamentária de 2018 arrecadação recorde de 1,7 bilhões em multas de transito, via terceirizadas operadoras do sistema.
Um brusco movimento de recolhida providencial do jornal, junto com o solavanco da Van, acabou lançando o jornal no colo de um dos nipônicos. Providentes e planejados que são, ambos, já vinham a tempos sepreparando para a ocasião, e portanto, sabiam ler em português embora tivesse muita dificuldade na pronúncia do nosso idioma frente a dificultosa lusofônica língua e suas inúmeras regras gramaticais…
Foi quando, um deles, passou a ler o obsceno jornal e nos questionar, via interprete, sobre alguns assuntos ali expressos:
Texto lido: Governo Temer vai retirar quase R$ 1 bilhão da educação para financiar a área de segurança pública. Mais especificamente do financiamento estudantil para o ensino superior (Fies). O que é uma bobagem (…) dizia a reportagem.
Logo o nipônico professor leitor, questionou – Qual a lógica desta iniciativa? Há de fato sustentabilidade nisto? E seguiu. Pois, se:
1) O objetivo da segurança pública é prevenir e combater a violência, a falta de Educação em si, já
é uma enorme violência;
2) Entre as causas da violência estão a falta de perspectivas e de oportunidades entre os jovens, aliada a uma gigantesca vulnerabilidade social e uma desigualdade crônica na efetivação dos seus
direitos;
3) A educação é reconhecida como um dos principais instrumentos para trazer perspectivas e
oportunidades aos jovens, reduzir a vulnerabilidade social e tornar menos grosseira a
desigualdade na efetivação de direitos. Ou seja, a qualidade da segurança pública de um país está diretamente relacionada à da educação que oferece à população. Quanto mais você gasta em educação, racional e efetivamente, menos precisará gastar em segurança pública. Como previu o antropólogo, escritor brasileiro, educador e político Darcy Ribeiro, na década de 80 – Se vocês não construírem escolas agora, em 20 anos, faltará dinheiro até para construir presídios, profetizou Darcy, mais de trinta anos atrás;
Continuou com suas observações, o professor Fumiku, mais uma vez mostrando estar apto ao debate, tão esquizofrênico quanto nacional: –
Apesar dessa relação estar largamente comprovada a ponto de nortear as políticas de segurança pública de uma série de democracias, parece mesmo é que o governo Temer quer coloca-la à prova. O Brasil, não apenas vai pagar para ver, mas devido a inércia, dobrou a aposta!
Pois, os cortes que reduziram consideravelmente recursos oriundos das loterias federais para a educação, também vão atingir os ministérios da Cultura e do Esporte e o apoio a instituições como a Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais).
A promoção da cultura e do esporte entre jovens e crianças também é fundamental para reduzir sua vulnerabilidade e, portanto, para melhorar a segurança; em especial, os deficientes físicos.
Neste instante interveio na conversa o “desastroso” motorista da Van, que prestou a seguinte colaboração: – Esta semana li uma reportagem da Angela Boldrini, na Folha de São Paulo, que mostra que ao invés de destinar a parte legal orçamentária da arrecadação, os recursos de loterias, o governo Temer vai sorrateiramente destinar apenas o valor dos prêmios que não forem buscados pelos ganhadores e portanto, caducaram.
Se isso já estivesse valendo desde o ano passado, a diferença teria sido de quase um bilhão. O financiamento público do ensino superior beneficia, principalmente, os filhos das famílias mais pobres – uma vez que os filhos das mais ricas tendem a ficar com as melhores vagas das universidade públicas (gratuitas), porque tiveram recursos para se prepararem para o Enem e os vestibulares. Tudo isso ajuda a explicar por que 62% dos jovens, entre 16 e 24 anos, desejam se mudar para outro país, segundo pesquisaDatafolha, divulgada neste domingo (17/06/18).
Finalmente completou um dos nossos professores. – Muitos desistiram do país por que o país desistiu deles, e os ignorou, muito antes. Claro que é importante conseguir recursos para garantir estrutura, remuneração, formação às forças de segurança e investir em inteligência do sistema… Por que não tirar da conta dos juros ao invés da educação?
O “bom” de ser um governo com 3% de aprovação e 82% de desaprovação (segundo o Datafolha) e estar em fim de feira, como o governo de assalto do Temer (MDB-PSDB- PRB-SD-PP-PSD-DEM-PTB)… é que não precisa se preocupar em tentar explicar sua lógica para a sociedade.
Principalmente quando sua lógica não tem lógica
alguma! Exceto o verdadeiro sentido dum governo que age tipo quadrilha (segundo o noticiário nacional: que roubará até o ultimo segundo, cada tostão possível), e ainda esnoba da população, com um cinismo violento. (vide posturas nojentas do Ministro Marun, ex-capanga do Eduardo Cunha-MDB).
Quando todos já davam o assunto como encerrado, interveio de forma instigante (mesmo sem ter grandes estudos), o motorista estatal da Van, que pôs na mesa uma das maiores questões atuais do Brasil – O pior é que lá na vila onde morro, o povo quer votar num Representante da Bala do Congresso, como sendo uma resposta e um basta a tudo isso…
A pergunta que fica é: Se gentileza gera gentileza. Mais violência gerará o quê?
Para os mais astutos, sugiro assistir o vídeo abaixo:
Elson Andrade – arquiteto, urbanista, empresário e pós graduando Instituto de Economia da Unicamp.
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