Se você acompanhar de perto os atos oficiais dos políticos que você ajudou a eleger, logo perceberá o quanto é gritante a distorção da representação dos reais interesses e temas aos quais, eles lhe prometeram representação e defesa. Sabemos que nem na Grécia antiga, considerada o berço da democracia, parcelas da sociedade, de fato faziam parte do processo decisório… a exemplo dos excluídos escravos e “gentios” (ethnos).
Para emitir opinião própria ou até mesmo adentrar a praças de debates públicos (Ágora Ateniense), era preciso pertencer a determinadas classes, ou pagar para entrar e por enfim opinar. No Brasil do século XXI, demorou mas chegou! A Era da Representação Horizontal Direta, a já intitulada (ERHD – segundo estudos acadêmicos da turma de humanas da Unicamp). Representação esta, que até mesmo a milionária equipe de inteligência do governo federal, demorou a “percebe-la”, ou pelo menos, admiti-la como força capaz.
Até o presente, as grandes questões nacionais, como: privatizações, pré-sal, reformas tributária,
trabalhista, previdenciária, tamanho do Estado, “et cuetera”, sempre tiveram o governo federal e
grandes grupos econômicos contratantes de anúncios televisivos, como o grande poder capaz de firmar uma versão majoritária dos temas nacionais – dado ao papel e poder da Comunicação Nacional, até então concentrada na mão de poucas empresas, através da dita Mídia Nacional Brasileira (ao pé da letra, leia-se: seleto grupo empresarial familiar tradicional e conservador – donos dos meios de produção e/ou distribuição do noticiário nacional, proveniente do eixo RJ-SP-DF), que quase sempre, consegue estabelecer sua versão “oficial” para todos os temas contratados, correntes no país. Porém como dizia Aristóteles – “A dignidade não consiste em possuir honrarias, mas em merecê-las”. E uma vez superado os obstáculos da comunicação devido aos filtros aristocráticos, desvios de propósitos e ruídos de comunicação… enfim, a verdade escancarada vem despontando firme no horizonte e se alastrando cada vez mais, munidos de câmeras, gravadores, transmissores, conectados à rede mundial… já era passada a hora de enfim surgir… ou ressuscitar, como preverem alguns.
No período da ditadura militar, a velha fórmula do domínio via comunicação massacrante (guerra
da informação), foi usada de um jeito inusitada, com a “noviça promoção de um único líder” carismático sindical, centralizador, representante dos trabalhadores, por exemplo, que diante das
pressões da relação capital x trabalho, ao final e para o desfecho da greve, vinha a público (via
mídia nacional) e pronunciava o desfecho final e conclusivo.
Ou seja, a fórmula era VERTICAL e única. Propositadamente construiu-se um líder, dependente dos microfone da grande mídia, e ele,
representante do todo, sumia lá prá dentro… e voltava com a versão final; largamente divulgada
em cadeia nacional, a qual todos, sabedores que não haveria meios efetivos da comunicação da
controvérsia, deveriam se conformar e seguir a diante sem opção. Agora mesmo, nesta última sexta-feira (25), uma rede nacional de televisão, insistiu “monocraticamente”, com uma versão divulgada com o tom pretensamente conclusivo, sobre o desfecho da Greve dos Caminhoneiros – 2018, (o anunciado acordo) onde a versão “oficial” não teve o velho e esperado efeito do rolo compressor costumeiro.
Pois bem, nem careceu das Organizações Tabajara (típica do Brasil), para suprir a solução… ela vem sendo construída (ou percebida) aos poucos; através das Redes Sociais Digitais… Ainda sem muita noção estrutural e meritória de si… Mas ainda assim, são estas tais redes, que vem pondo
abaixo a essência do negócio de grandes grupos empresariais nacionais da comunicação… e até
mesmo locais… por que não admitir?
Porém, isto é um acontecimento bom e ruim ao mesmo tempo! Dado a infantilidade política do
brasileiro médio, onde a democracia direta faz-se um perigo, dado a sua característica emocional, ou irracional que muitas vezes assume. O precipício pode estar armado! Desde a assembleia no seu condomínio, que diante do excesso de realidade e preciosismo, pauta equivocada e falta de objetividade, muitas vezes, chega-se a nada! Ou até mesmo, a atuação manipuladora de determinados grupos astutos, malandros, experientes e extremamente objetivos; como são a turma do sindico, do grupo envolta de um prefeito ou da presidência da república!
Na Greve dos Caminhoneiros de maios de 2018, por exemplo, registre-se – os manifestantes entraram inicialmente com uma pretensão aparentemente objetiva… (derrubar a política abusiva de preços praticada pela Petrobras e por concessionárias de rodovias, que têm como objetivo a remuneração do capital dos investidores estrangeiros, em sua moeda, em detrimento do consumidor nacional e/ou cidadão brasileiro), e não sabem bem ao certo, como vão sair, dado que a coisa está tomando proporções e consequências assustadoras, devido ao consequente desabastecimento generalizado…
Com a adesão maciça de outros grupos sociais, como os perueiros, motociclistas, motoristas de
vans escolares, petroleiros, bancários, professores universitários, empresários e outros tantos
concidadãos voluntários… Onde o desfecho poderá “facilmente” ser a deposição da equipe atual do governo (já classificada pelo povo como ladrões salafrários) e consequente, a prisão do
impopularíssimo Michael Temer; pode ser pouco, diante da fúria crescente do povo
Para os mais astutos, sugiro assistir o vídeo abaixo:
Elson Andrade – arquiteto, urbanista, empresário e pós graduando Instituto de Economia da Unicamp.
https://www.youtube.com/watch?v=pZyAB7onlKk
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