O mundo azul do autismo: conheça a doença que atinge mais de 200 mil pessoas na Bahia

Apesar de o Brasil não possuir índices oficiais, estatísticas baseadas em dados da ONU – Organização das Nações Unidas e do CDC (Centro de Controle de Doenças e Diagnósticos, sigla traduzida para o português), o autismo atinge mais de 220 mil pessoas na Bahia e em torno de 43 mil somente em Salvador. Mesmo assim, a doença ainda é rodeada de dúvidas e estigmas.

Para ajudar a disseminar informações sobre a patologia, o 2 de abril foi escolhido como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Segundo o vice-presidente da Associação de Amigos do Autista da Bahia (AMA), Leonardo Martinez, o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um distúrbio do desenvolvimento que, normalmente, surge nos primeiros três anos de vida da criança. É mais comum em meninos, por isso tem como símbolo a cor azul e o termo “mundo azul”.

“O TEA atinge principalmente a comunicação, a interação social, a imaginação e o comportamento. Não é algo que pode ser contraído ou transmitido por contato. Estudos científicos avançados e publicados por Dr. Alysson Muotri (biólogo brasileiro, PHD, pesquisador do Instituto Salk para Estudos Biológicos, em La Jolla, San Diego), convergem no sentido de o autismo ser desenvolvido desde o útero da mãe e possui fatores por questões genéticas ainda em processo de investigação avançada”, contextualizou Martinez, que é pai de Vinícius, 14 anos, diagnosticado com autismo severo.

Ele conta que ainda não há notícias sobre a causa específica do que acarreta o autismo e, por isso, não há uma fórmula para a cura. “Contudo, todas as pessoas, especialmente crianças com TEA que são estimuladas e postas em mediação adequada, continuam a demonstrar progresso no desenvolvimento e melhora no prognóstico. Há muito que pode ser feito para ajudá-las e o mais importante dos ingredientes é o amor e a intervenção adequada mais precoce possível”, resumiu o vice-presidente.

Diagnóstico

Para conseguirem o diagnóstico se os seus filhos possuem algum nível de autismo, os pais devem levá-los regularmente ao pediatra nos primeiros anos de vida, além de observar os marcos do desenvolvimento na carteira de vacinação. O Ministério da Saúde traça, mês a mês e ano a ano, o desenvolvimento esperado de uma criança. Se esses pontos não seguem a curva, é muito importante que a família leve a criança ao neuropediatra o quanto antes.

É importante observar, por exemplo, como o bebê olha para objetos; o modo que ele pede o que quer; como reage quando lhe apontam para alguma direção; o olhar na hora da amamentação; como responde ao colo de qualquer pessoa; se apresenta inquietação constante, apatia exacerbada ou choro quase ininterrupto. Há diversas formas de detectar os sinais, mas o mais importante é consultar um especialista antes de colocar qualquer “neura” na cabeça.

Mesmo com estudos mostrando que 1 em cada 59 crianças está dentro do transtorno do espectro autista, são poucos os centros especializados no tratamento e atendimento das pessoas com essa doença. Em Salvador, há o Centro de Referência do Estado (CRETEA), que possui uma fila de espera de mais de três mil pessoas, e a AMA, que é a única Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) da Bahia que atende exclusivamente pessoas com autismo.

Na AMA, são atendidas 226 pessoas, entre crianças, adolescentes e adultos, de forma totalmente gratuita e sem repasses de verba do Estado e do município. A instituição tem um convênio com as secretarias de Educação de Salvador e da Bahia, que cedem professores para o atendimento dos assistidos. Com uma fila de espera de quase mil pessoas, a AMA funciona em uma casa alugada e vive de doações.

Encontros

Nesta terça-feira (2), o vereador Cezar Leite (PSDB) realizará na Câmara Municipal, às 9h, uma sessão solene para conscientizar as pessoas acerca do autismo, a exemplo do que vem sendo feito na Bahia, iniciativas para a inclusão e o mercado de trabalho para esse público. Leite, que é médico e tem um filho com autismo severo, abraçou a causa dos autistas e dos deficientes em geral.

“Já venho nessa luta há alguns anos. Meu filho Filipe, de 19 anos, sem falar, me ensinou muito, principalmente sobre tolerância, sobre ser mais humano e respeitar mais as pessoas. Estamos neste mundo para ajudar e servir”, confidenciou o vereador. O seu mandato tem dado suporte a várias ações na Bahia, com o fornecimento de equipes e materiais gráficos para os eventos voltados para o público autista.

Já no próximo sábado (6), será a vez da AMA realizar um evento para celebrar o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A partir das 9h, além de promover brincadeiras, homenagens e sorteios de prêmios, a instituição fará uma apresentação sobre a importância da informação sobre o autismo, especialmente a necessidade da construção de uma sede própria.

No evento, também haverá a atualização da lista para atendimentos na AMA. “Ou seja, quem tem um filho ou parente com autismo e deseja atendimento, faremos, no dia 6, a inscrição. Elas poderão ser atendidas na sede atual da AMA ou na nova sede, que certamente será construída em breve. Já temos a confirmação da presença do apresentador José Eduardo (Bocão), do presidente da Câmara de Vereadores, Geraldo Júnior, do secretário de Educação de Salvador, Bruno Barral, e já enviamos convite ao prefeito e vice-prefeito da cidade”, antecipou o vice-presidente da AMA.

Outra oportunidade é a exposição “Autismo com afeto”, que será aberta nesta terça-feira (2) e ficará disponível até o dia 21 no Shopping da Bahia. É uma iniciativa da fotógrafa Anne Karine Neves e tem como objetivo mostrar que tudo é possível quando a pessoa enxerga o outro com o olhar afetuoso.

Bnews


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