O presidente da República, Jair Bolsonaro, disse ontem (5) que não vai mais falar com a imprensa enquanto não divulgar o que, segundo ele, seria a verdade.
Na transmissão semanal ao vivo nas redes sociais, o presidente ainda afirmou que os jornalistas não deveriam mais comparecer ao Palácio do Alvorada, como ocorre diariamente.
“Você tá cansado de ver por aqui a imprensa dizendo que eu ataco a imprensa todo dia. Vamos supor que você vai trabalhar e passa num local, né, e todo dia é assaltado. O que você faz? Você pega outro caminho, não vai ficar sendo assaltado, apanhando no mesmo lugar. Se a imprensa diz que eu ofendo todo dia, o que estão fazendo todo dia ali (Alvorada)? Enquanto não começar a divulgar a verdade, não vamos mais falar com a imprensa, pode esquecer”, declarou o presidente.
Bolsonaro afirmou ainda, na live, que já está há quase duas semanas “sem falar com a imprensa”. No entanto, ontem (5), um dia depois de se negar a falar com jornalistas e ficar ao lado de um humorista que distribuiu bananas aos profissionais, ele falou com a imprensa que estava no Palácio Alvorada: “Se vocês sofrem ataque todo dia, o que vocês estão fazendo aqui? O espaço é público, mas o que vocês estão fazendo aqui? O dia que vocês (se) conscientizarem que vocês são importantes fazendo matérias verdadeiras, o Brasil muda”.
Ataques
Neste ano, até fevereiro, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) identificou três ataques de Bolsonaro a jornalistas. Em 6 de janeiro, segundo a entidade, o presidente flertou com discursos autoritários ao afirmar que os profissionais são “uma espécie em extinção”.
Depois, no dia 18 de fevereiro, se referiu a repórter Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo, com insinuações machistas e misóginas. Na última semana de fevereiro, Jair Bolsonaro acusou a jornalista Vera Magalhães, da TV Cultura e do Estadão, de mentir ao revelar que ele compartilhara pelo Whatsapp um vídeo a favor de uma manifestação contra o Congresso Nacional, marcada para o próximo dia 15. Vera desmentiu o presidente.
Relatório da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) mostra que Jair Bolsonaro produziu 60% dos ataques à imprensa registrados pela organização em 2019.
Metro 1
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