Dois meses e uma semana após começarem a ser identificadas nas praias do Nordeste brasileiro, as manchas de petróleo cru foram encontradas pela primeira vez no Sudeste do País, na quinta-feira. Segundo a força-tarefa do governo federal que acompanha a situação, “pequenos fragmentos de óleo” foram achados na praia de Guriri, em São Mateus, que é o segundo município do Espírito Santo após a fronteira com a Bahia. O primeiro é Conceição da Barra, onde até ontem não havia registro do óleo.
Segundo nota do Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), composto pela Marinha, Agência Nacional de Petróleo (ANP) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), as amostras da substância foram encaminhadas para o Instituto de Estudos do Mar (IEAPM), que confirmou ser o óleo encontrado no Nordeste.
Com o registro em São Mateus, subiu para dez o número de Estados atingidos pelo poluente. No total, são 409 localidades afetadas. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicou, na semana passada, a possibilidade o poluente chegar até o Estado do Rio.
A causa do vazamento e a origem do poluente ainda são desconhecidas. A Polícia Federal apontou o navio grego Bouboulina como suspeito pelo derramamento. Mas a empresa Delta Tankers, dona da embarcação, nega envolvimento.
Um grupo com 75 fuzileiros navais da Marinha está em Conceição da Barra e São Mateus monitorando as praias desde terça-feira. E o governo capixaba, por meio da Secretaria da Saúde, criou o Comitê Operativo de Emergência (COE), responsável por organizar as ações do Sistema Único de Saúde (SUS) no Espírito Santo, dividindo responsabilidades entre Estado e municípios.
Saúde
Segundo Gilson Almada, coordenador do COE, uma das medidas é orientar a população sobre os riscos à saúde de exposição aos resíduos. “Foi elaborada uma nota técnica orientando os profissionais de saúde sobre como atender as pessoas que tiverem contato com o óleo e também os cuidados de proteção individual que devem ser adotados por esses profissionais.” De acordo com Almada, cerca de 400 profissionais foram capacitados pela Defesa Civil, Marinha e Exército para o recolhimento do óleo nas praias, caso necessário. Assim, diz ele, não será preciso a ajuda voluntária da população, evitando risco de intoxicação por inalação, contato com a pele ou ingestão.
Conforme o GAA, ontem havia vestígios de óleo e ações de limpeza em andamento em nove localidades do Nordeste e no Espírito Santo. De acordo com o Ibama, até hoje já foram retiradas das praias nordestinas aproximadamente 4,3 mil toneladas de resíduos de óleo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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