Longa estagnação na economia ipiauense é tema do comentário de Elson Andrade na Agenda 2033

Há mais de três décadas enferma, economia de Ipiaú agoniza na UTI em busca de uma solução

Para muitas pessoas, esta manchete pode parecer um exagero, principalmente aquelas, que se sentiram vitoriosas com o resultado do último sufrágio eleitoral, e agora zombam e dançam sobre as costas nos “derrotados-adversários”.

No entanto, não é novidade para ninguém (em sã consciência) que desde a grave crise cacaueira, do fim da década de 80, a economia de Ipiaú vem se arrastando feito cobra pelo chão.

De lá para cá, muito tempo já se passou, e pouco de substancial aconteceu, em favor de qualquer mudança da matriz econômica. Até a oscilação do número de habitantes, pouco variou, embora a cidade se esparramou subindo os morros em cascalheiras.

A vinda da Mirabela na primeira década de 2000, provocou um certo alvoroço… fogo de palha! O que houve em verdade foi a geração de alguns empregos (muita gente técnica de fora) restrito a época da implantação da mina.

Para alguns, a coisa ficou até pior, como foi o caso de quem morava de aluguel ou estava na iminência de comprar sua casinha, e viu o preço dos imóveis disparar como nunca. Situação similar à de quem tinha emprego com salário fixo, e teve que reduzir seu padrão de consumo, dado ao novo patamar geral de preços, no comércio e serviço da cidade (perda real do poder aquisitivo).

Para que possamos bem enquadrar a economia de Ipiaú, abaixo um quadro que mostra a posição relativa da economia de Ipiaú, no universo dos município brasileiros.

A renda Per Capita da primeira colocada no ranking, para nós, é de cerca de 80 vezes maior que a nossa. Isso significa ainda, que se tivéssemos no patamar da Renda Média Nacional, teríamos gerado em nossa economia, R$ 1,25 bilhão A MAIS por ano. Isto é o valor que nos falta para sermos considerados medíocres (estar na média da renda nacional).

Sabemos que PIB Per Capta, é uma média abstrata. Porém, serve numa primeira leitura de parâmetro para rapidamente compararmos como anda o nível geral de renda na economia de cada cidade brasileira. Porém, persiste e cresce em Ipiaú, o percentual de pessoas do grupo do NEM-NEM: Pessoas, que não trabalham, não estudam, não produzem, não investem…

Todos profissionais:

Administrador……. de grupo de Zap;

Juiz………………….. de baba no Arara;

Promotora ……….. da Avon;

Vendedor…………. de rifa;

Escritor …………… pedinte de auxílio em programa de rádio;

Analista Político ….. auxiliar de vereador da oposição;

Segundo o IBGE, compõe a PEA (População Economicamente Ativa) de Ipiaú, apenas 5.259 cidadãos. Enquanto no INSS são cerca de 10,5 mil pendurados nos benefícios previdenciários e quase 7 mil inscritos no Bolsa Família. Em 2020, por conta do incremento vindo do Bolsa Covid, batemos o record de pessoas dependentes de auxilio assistencial do governo federal, quando 56% da população recebeu diretamente em 2020, algum benefício assistencial. Só o auxílio emergencial, até o fim do ano, terá injetado em nossa economia o equivalente ao faturamento bruto de 5 safras de cacau.

Sem produção local, podem lançar dinheiro de helicóptero, que rapidamente esse dinheiro volta para os centros produtores de bens e serviços.

O orçamento público municipal, investe quase nada em áreas que possam trazer o desenvolvimento sustentável à nossa cidade. A prefeitura virou uma máquina ensimesmada, que consome 54% do orçamento anual só em gastos com pessoal. O restante, são gastos obrigatórios com: “educação” e saúde. Só a Câmara Municipal nos custa 4% dos orçamento anual, para bancar quase 60 pessoas penduradas na Folha de Pagamento daquela gora instituição, no tocante a produtividade útil. Se não bastasse, carregamos 14 vereadores na folha, quando elegemos apenas 13. No interior de São Paulo, há cidades com cerca de 980 indústrias, população de 240 mil habitantes e só tem 12 vereadores. Quase todos formados em curso universitário, inclusive.  Muitos, se tivessem que prestar o mesmo serviço coletivo, de forma voluntária, fariam.

Um dos problemas de consumirmos as verbas destinadas a educação em Folha de Pagamento, é que no futuro vai nos custar como cidadãos brasileiros, ainda mais, dado aos custo da aposentadoria dos profissionais desta pasta. Os quais se aposentam bem mais cedo, inclusive. A ladeira vai ser puxada e longa. Haja lombo dos que não compreenderam de verdade a lição de casa!

Uma outra grave questão é que “ninguém” quer pagar a conta do nosso condomínio! Ipiaú, virou a ilha dos godelas. A arrecadação própria do município gira na faixa dos 7% das receitas orçamentárias totais. Seria de se estranhar um mecânico, cabeleireiro, advogado, topografo, engenheiro, restaurante… emitirem nota fiscal dos serviços prestados.

A agricultura nunca pagou impostos, nem mesmo em épocas de bonança. Os R$ 10 mil/ano pagos a título de ITR, apenas 50% são revertidos ao município, e ainda assim, são tributos sobre a propriedade, e não sobre a produção. Mais parece estarmos vivendo na idade média em termos tributários. Enquanto isso, deixado o caminho livre, ou melhor, o bolso do contribuinte à disposição, os governos Federal e Estadual, fazem a festa. No entanto, não fossem eles com seus repasses, sequer conseguiríamos pagar a conta da limpeza urbana que já pesa cerca de 1/10 do orçamento municipal anual.

Um dos problemas graves, é que se hoje, desligarmos os aparelhos da UTI (assistência social federal), a economia de Ipiaú será rebaixada ao nível de tribos indígenas. E há quem bata palmas e ache que está tudo muito bom, por ter eleito seu candidato à prefeitura ou a câmara municipal.

Para os mais astutos, sugiro assistirem aos vídeos abaixo, como reflexão complementar a leitura.

Signatário Elson Andrade – arquiteto, urbanista, empresário e pós graduado do Instituto de Economia da Unicamp.

 

 

 


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