Recomendação de cuidado
Hoje, abrindo o noticiário local encontrei a história da criação da “Fazenda do Povo”. Eu me encontrava em Ipiaú em todo o período da “Administração Euclides Neto” e não posso deixar de reconhecer o imenso tino administrativo, a incomensurável capacidade daquele homem.
Elogia-o, em uma matéria divulgada (e com referência a outra, “mais completa”, da “Folha de São Paulo”), pela profunda visão demonstrada com a criação e a instalação de um projeto pioneiro (eu assim o classifico) de reforma agrária no Brasil.
Mas parecem esquecer-se de outras atitudes e iniciativas vitoriosas de Euclides. Uma delas, de vital importância, alcançou a Educação: viviam, nossas famílias mais humildes, dificuldades em dar continuidade à escolarização de seus filhos, após a conclusão do então “curso primário” (1ª a 5ª séries), porque na cidade havia apenas um Ginásio, mantido pela iniciativa privada, o “Ginásio de Rio Novo”.
Quem não condições para pagar as mensalidades ou não conseguia “bolsas”, não matriculava, não conseguia acesso de seus filhos ao Curso Ginasial (1ª à 4ª série) e estes se viam restringidos a empregos, a trabalhos primários, normalmente braçais, como artífices, mecânicos, barbeiros, sapateiros, rurícolas, etc. Mas Euclides, oriundo de família abastada, era dotado de inegável visão humanista e, com os parcos recursos de que dispunha o Município, criou e instalou um “Ginásio Agrícola Municipal de Ipiaú” (GAMI), com o foco maior na educação direcionada para as atividades agropecuárias.
Aquele Ginásio, nos anos seguintes permitiu, aos filhos de famílias humildes, o acesso a melhores dias. Mas ele também passou a receber, também, filhos de comerciantes, de fazendeiros, de industriais, enfim de todas as classes econômico sociais, numa ação democrático social de alcance incomensurável. Adiante, um outro Prefeito obteve do Governo do Estado a estadualização do GAMI, que passou a intitular-se Ginásio Estadual de Ipiaú (GEI). E, um dia, o GAMI sofreu ampliação com a instalação do Segundo Grau, passando a intitular-se Colégio Estadual de Ipiaú (CEI).
Não há, aqui, entretanto, espaço para comentar, falar, historiar todos os benefícios trazidos para nosso município e para nosso povo pela Administração Euclides Neto, pela capacidade administrativa, pelo amor desse grande homem por esta terra.
Mas a matéria comete um engano imperdoável: ela relata que, em 1962 Euclides Neto, elegendo-se prefeito de Ipiaú, “derrotou o candidato Urbano Almeida Neto”. Porque Urbano de Almeida Neto, o então conhecido “Urbano Cem Contos”, jamais foi candidato a Prefeito de Ipiaú.
Na campanha política de 1962, que disputou as eleições para prefeito de Ipiaú, com Dr. Euclides Neto, foi Roque de Alcântara Menezes, Professor apoiado isto sim, por Dr. Salvador da Matta. Naquele ano, Urbano de Almeida Neto, residente na cidade de Jitaúna, apoiou um candidato a Vereador (que acabou eleito), Dr. Alípio d Prado Correia e, não se envolveu na campanha pela eleição de Roque, até porque não havia simpatia nem afinidades entre ele e o Dr. Salvador da Matta, médico, diretor do Ginásio e Escola Normal de Rio Novo e político, tendo sido Prefeito deste município entre 1955 e 1958.
Como consta do título, recomenda-se cuidado no divulgar-se qualquer coisa. Mas esse cuidado tem que se basear no respeito às pessoas, à comunidade e à fidelidade para com a verdade.”
José Carlos Britto de Lacerda é advogado ipiauense
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