José Carlos Britto de Lacerda reflete a respeito da falta de mobilização do povo em prol de um bem comum

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Perda de tempo 

Sim, perda de tempo é como se pode classificar todo o esforço, toda a iniciativa para mobilizar a comunidade, aquilo que poderíamos (e não podemos) chamar de “sociedade” neste País.

E por que?

Porque não há desejo, determinação, intenção, senso comunitário, civilismo, na grossa maioria dos brasileiros. Imperam a ganância (que é a exacerbação da ambição), o comodismo, o egoísmo, o egocentrismo, o imediatismo, o individualismo, que se manifestam e são camuflados de diversas maneiras.

E, finalmente, alicerçada neste conjunto negativo, ocorre a expulsão da honestidade, da ombridade e da seriedade.

Consequências de tudo isto são a desorganização administrativa, o desperdício de recursos, o avolumamento da dívida interna, o crescimento da corrupção e dos casos de peculato, a quebra da credibilidade da instituições, o desaparecimento dos valores morais e sociais, ao mesmo tempo que a ascensão, a cargos e funções de relevância, de pessoas despidas de capacidade, de competência, de princípios morais para exercê-los, postas ali exclusivamente como formas de retribuição de favores ou, no mínimo, de obtenção de favores futuros.

Constituição Federal feita de encomenda para favorecer grupos, ideologia e interesses, sem que a população se interessasse em coibir excessos nem em contribuir para aperfeiçoamento do seu conteúdo, a despeito de, à época, os meios de comunicação, a imprensa, terem publicado a convocação para tal fim. Mas isto não foi novidade. Estado instituído “de cima para baixo”, a partir de Pedro I, passando pela Proclamação da República, pela elaboração de cada uma das diversas constituições, jamais tendo, a população, sido ouvida (buscado ser ouvida), apenas ouvidos alguns denominados “representantes” do povo.

Existe “civilização brasileira”? Existe, no âmago de brasileiros, o desejo de preservar o bem, o recurso público, para que ele possa servir a “todos”? Existe, na alma de cada um de nós, o entendimento de que lei deve ser feita para ser cumprida por cada um e por todos, igualmente, inclusive pelo próprio Estado (Governo, Judiciário, Legislativo)? Quem, entre nós, crê que o interesse geral, público, deve vir em primeiro lugar e, o particular, deve estar em plano secundário?

Logo, se a predominante parcela de nossa população compõe-se de indivíduos comodistas, desonestos, egoístas, gananciosos, individualistas, interesseiros, omissos e se estes repassam – como ensinamentos – seus péssimos princípios a filhos e netos, não pode restar a menor dúvida de que nosso País, o Estado Brasileiro, “caminha” para o precipício, para a destruição.

Assim, é pura perda de tempo qualquer tentativa de advertir, de ensinar, de esclarecer, porque esta “nau de insensatos” encontra-se, embora muitos digam e pensem o contrário, à deriva, no caminho do naufrágio.

José Carlos Britto de Lacerda é advogado residente em Ipiaú 


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