José Carlos Britto de Lacerda comenta aniversário de Ipiaú relembrando prefeitos e história do município

Nosso município, nossa terra natal, completará amanhã (dois de dezembro de dois mil e vinte) idade nova e os historiadores ainda não tomaram a iniciativa de fazer justiça a algumas pessoas que, com suas presenças e atitudes, acabaram por contribuir de forma decisiva para a criação da cidade (hoje Ipiaú), que se tornou sede do município de Ipiaú. Nos registros do IBGE mencionam-se incursões, em nosso território, de pessoas oriundas de diversas partes do Estado da Bahia, mas não se fala naqueles que, possuindo terras aqui, contribuíram decisivamente para a instalação dos habitantes iniciais nos povoados nascidos em pontos considerados, à época, distantes.

Praça Ruy Barbosa, anos 50

Não sei quando, em que ano, Domingos Gonçalves de Castro e Alberto Pinto aqui chegaram com suas famílias. Ainda no final do século 19, aportaram aqui os italianos Braz e Miguel Grisi, provavelmente vindos do que é hoje o município de Poções. Ali, a partir de onde temos, hoje, a Igreja Matriz de São Roque, até o prédio do Cine Teatro Éden, eles se instalaram, construindo grande casa, espaços para armazém e empresa de compra e venda, e rancharia, para pouso dos tropeiros que transportavam mercadorias entre o porto de Itacaré e cidades como Jequié e Vitória da Conquista. Com eles, veio um sobrinho adolescente, José Miraglia, o qual trabalhava nos serviços do comércio com os tios e mais criou uma escola, onde ele alfabetizava os filhos dos que vinham residir no povoado que se foi criando em volta daquelas edificações iniciais.

Os italianos patrocinaram a implantação de cacauais e pastagens, iniciaram a criação de gado, construindo, ali onde hoje temos a Igreja Matriz, um grande curral, onde eu, ainda, criança, cheguei a brincar. Claro que a existência de um núcleo comercial, de uma escola e de oportunidades de ocupação primária de terras férteis, atraíu pessoas, inclusive de outras regiões e ali, no entorno do que é hoje a praça Rui Barbosa, nasceu o que é hoje a cidade de Ipiaú.

Feira livre da Praça Virgílio Damásio, anos 60

E crescendo em várias direções, o povoado alcançou as terras de  Domingos Gonçalves de Castro e do chamado Major Alberto Pinto, encontrando-se com os povoamentos já existentes. Foi assim que surgiu nossa cidade. Não teve um “fundador” específico, mas deve seu surgimento a Domingos Gonçalves de Castro, a Alberto Pinto e aos italianos Braz e Miguel Grisi mas deve também ao espírito idealista e empreendedor de José Miráglia, que criou, nos primórdios, uma escola e ministrava aulas, instalou um primeiro cinema “mudo” (Paraíso) e, mais tarde, um segundo, “falado (Cine Teatro Éden). José Miraglia, herdeiro dos tios, doou terras onde temos o prédio do Rio Novo Tênis Clube, o Aeroporto local, a Igreja Matriz de São Roque, sempre contribuindo quando procurado, para os empreendimentos sociais desta terra. Eu sei de tudo isto, porque conheci de perto os fatos acima narrados, tendo minha mãe e meu irmão mais velho (MARCIANO BRITO DE LACERDA) sido criados pelos italianos e, eu próprio, residido na companhia de José Miraglia, como se seu filho fosse e estudado, sob suas expensas a partir de primeiro de janeiro de mil, novecentos e cinquenta e quatro (quando eu contava dez anos de idade), até quando ele faleceu, em 1961.

Chefes do Executivo de Ipiaú, no curso dos anos:
Antonio Augusto Sá (1933 a1935) *

Leonel Andrade (1936 a1940) *

Jaime Pontes Tanajura (1940 a1943) *

Agostinho Cardoso Pinheiro (1943 a1945) *

Antonio Lisboa Nogueira (1945 a1946) *

José Borges de Barros Filho (1946 e 1949 a 1950) *

Sandoval Fernandes Alcântara (1946 a1949) *

Pedro Caetano Magalhães de Jesus (1950 a 1951)*

José Muniz Ferreira (1951-1955)

Salvador da Matta (1955-1959)

José Mota Fernandes (1959-1963)

Euclides José Teixeira Neto (1963-1967)

José Mota Fernandes (1967-1971)

Salvador da Matta (1971-1973)

Hildebrando Nunes Rezende (1973-1977)

José Borges de Barros Junior (1977-1982)

Hildebrando Nunes Rezende (1983-1988)

Miguel Cunha Coutinho (1989-1992)

Ubirajara Souza Costa (1993-1996)

José Mota Fernandes (1997-2000)

José Andrade Mendonça(2001-2008)

Sandra da Purificação Lemos de Santana (2008)

Deraldino Alves de Araujo (2009-2016)

Maria das Graças Mendonça (2017-2020)

*Interventores nomeados pelo então Governador/Interventor do Estado da Bahia.

 

José Carlos Britto de Lacerda é advogado


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