Ipiauense filho de empregada doméstica passa em Medicina na UFBA; conheça uma história de superação

 

Cleiton abraça a mãe, sua principal incentivadora

Estudante da rede pública, o jovem ipiauense Cleiton da Silva Santos, 23 anos de idade é o primeiro de dois filhos da empregada doméstica e cuidadora de idosos Jucélia Silva.

Esta semana Cleiton, morador da Rua Olavo Gil, no Emburrado, trouxe para sua família uma boa notícia: foi aprovado no vestibular para Medicina.

A mãe se encontra desempregada desde o início da pandemia, quando teve que largar o emprego para poder ajudar a irmã dela que sofreu um acidente vascular cerebral.

Começo difícil

O jovem de família humilde cursou o primário na Tertulina Pereira Andrade e na Adélia Matta, o fundamental II no Ângelo Jaqueira e o ensino médio no Colégio Modelo.

Muito influenciado pela professora de matemática a gostar da matéria, no ano de 2012 Cleiton foi medalhista de bronze na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). “Por uns anos eu pensei que a Engenharia seria meu futuro, mas os anos seguintes me mostrariam o contrário”, disse.

Persistência em busca de resultados

Apesar de todos os esforços em fazer uma melhor educação, Cleiton não conseguiu utilizar a nota do Enem do ano de conclusão do Ensino Médio em 2015. Ficou afastado dos estudos por dois anos e só voltou a estudar quando se matriculou em um  cursinho pré-vestibular.

Estudou por três meses e passou em 1° lugar em História na UESC no SISU 2018, iniciando o curso.

Em 2019, como tinha feito o ENEM 2018, utilizou a nota e passou em Psicologia na UFBA  mas, por problemas financeiros, não pôde ir.

Continuou na faculdade de História até que surgiu a pandemia e as coisas mudaram muito. Foi quando notou que o curso de História não fazia mais sentido para ele, preferindo a Medicina .” Acredito que a Medicina se encaixa melhor no meu projeto de vida e é o curso que tenho maior afinidade, além de me proporcionar uma melhor estabilidade financeira – que é sim importante para a vida futura”, refletiu.

Enem e Sisu

Ao inciar os estudos para a conquista da vaga em Medicina, Cleiton teve como foco o maior vestibular do Brasil: o Enem,  que lhe daria a liberdade de escolher qualquer estado do território brasileiro para ingressar em um curso superior.

“Foquei no Enem durante os primeiros cinco meses antes da prova. Consegui manter a meta inicial, mas não consegui ser aprovado no ENEM 2020. Já esperava por isso. Recomecei os estudos para o ENEM 2021. Tive que melhorar aquilo que eu sabia e aprender aquilo que tinha dificuldade”.

Em 2021 Cleiton foi para Ribeirão Preto, São Paulo, fazer a prova da UNESP e bateu na trave: havia acertado 61 questões, mas a nota de corte para ir para a segunda fase previa acerto em 62 questões.

Dias depois, o SISU ( Sistema Integrado de Seleção Unificada ) abriu e ele viu que daria para entrar em grande parte das universidades públicas do Brasil, incluindo muitas do Sul e Sudeste. Quando o resultado do SISU foi divulgado, o ipiauense acabou sendo aprovado em Medicina na UFBA de Vitória da Conquista.

“Foi uma alegria enorme conseguir aquilo que sonhei e até agora a ficha ainda não caiu. Estou ansioso para o início das aulas”, comentou.

Cleiton realiza nas redes sociais uma campanha para arrecadar donativos a fim de que possa custear os seus estudos

Conselhos para os jovens estudantes

Cleiton ainda deu alguns conselhos para outros jovens sonhadores que, como ele, sonham em levantar vôo rumo a uma carreira na área média:

“Um diferencial para quem quer passar num curso mais concorrido, é aprender a ser estudante. Uma dica que dou a quem quer medicina, mais especificamente, já que é o curso mais concorrido, é: respeite o seu processo, não queime a largada, não pule etapas, vá no seu tempo, olhe apenas para o seu objetivo e para si mesmo. Quando não respeitamos nosso processo, abandonamos a nós mesmos e vivemos como se fôssemos o outro e para o outro, e isso consome a saúde mental aos poucos. A realidade de um estudante de escola pública não é a mesma realidade que um estudante de escola particular tem, além das especificidades que nos são inerentes. Então é necessário se respeitar e não se comparar, pois o processo individual só diz respeito a si mesmo, já que nós somos o nosso próprio parâmetro, não o outro”.

Ipiaú Online


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