Ipiaú: Valdomiro coveiro mantém vivas tradições do Terno de Reis e Bumba meu Boi na região

 

Valdomiro (à esquerda), ao lado do filho Gilvando /foto: arquivo pessoal

A cultura popular em Ipiaú permanece viva e tem nome e sobrenome: Valdomiro Amâncio da Silva, conhecido popularmente por Valdomiro coveiro. Ele tem a idade de 81 anos, nasceu em Itagibá no dia 24 de maio de 1942.

Seu enlace matrimonial ocorreu há 61 anos no município de Ibirataia.

O nome da noiva: Carmelita de Jesus.  Na época do matrimônio ela estava com 17 anos e ele 19 anos.

O casal tem cinco filhos e uma filha. São eles: Antônio, Gildevan, Gilvando, Girleli, Ginival e Rita.

Segundo Valdomiro Coveiro, ele mora na primeira casa que foi construída na rua Pensilvânia, no Bairro Euclides Neto, há 57 anos.

Mudou-se para Ipiaú aos 20 anos de idade, durante o governo do saudoso prefeito José Motta Fernandes, dando início às suas atividades laborativas no município.

Valdomiro Amâncio trabalhou por muitos anos como funcionário público nos serviços gerais do município, como ajudante de pedreiro, na construção do colégio Estadual de Ipiaú e no colégio Celestina Bitencourt.

Tempos depois ele foi trabalhar como coveiro, com o saudoso José Candola, enterrando os mortos, sempre com uma palavra amiga para os familiares daqueles/as que partiram para a eternidade.

Ele herdou a veia artística de seu pai Timóteo, cantador de coco.

Porém, em Ipiaú teve duas influências nos ritmos de Terno de Reis e Bumba meu Boi: os saudosos mestres Zaqueu e o senhor Davi da rua Walter Hollenwerger, antiga Batateira, grandes expoentes da cultura popular do município.

Foto: Pei Fon/Secom Maceió

ORIGEM DO BUMBA MEU BOI

A história que envolve a dança do Bumba meu Boi está ligada à lenda de um casal de escravizados, chamados Pai Francisco e Mãe Catirina (ou Catarina).

Catirina estava grávida e começou a ter desejos por língua de boi. Seu marido, para atender o desejo da esposa gestante, matou o boi mais bonito de seu senhor. Quando o dono da fazenda notou a morte do animal, convocou curandeiros e pajés para ressuscitá-lo o boi voltou à vida e toda comunidade o celebrou com uma grande festa. Francisco e Catirina receberam o perdão do dono do boi.

OS SAMBAS DE VALDOMIRO

Quando chegou a Ipiaú, Valdomiro fez de imediato amizade com o grande cantador Zaqueu e juntos fizeram vários sambas em Ipiaú e região por longos anos.

Porém, Valdomiro Coveiro fez outras menções honrosas, exemplo, Senhorinha e seu filho Cosme, Etelvina do Cordão de caboclo tupinambás, Lindolfo, dona Eulina esposa do senhor Davi e seu filho Val, Militão, Nicodemos, Miguel, Cafuringa, Euclides, Bico de Aguilha, Adenorzinho (Adenor ex-vereador) do cordão de caboclo chamados filhos de Oxóssi, João, Noemi e seu filho Bijoga, falecido prematuramente.

Eles alegraram as famosas festas de São Roque, micaretas, exposição agropecuária de Ipiaú. Boa parte são citados estão in memoriam.

COMO SURGIU O TERNO DE REIS

Terno de Reis refere-se a canções e pequenos grupos de músicos que as realizam, com referência à história bíblica dos Três Reis Magos e sua chegada ao lugar onde se encontrava o menino Jesus recém-nascido, baseado na tradição religiosa portuguesa. Tradicionalmente, esses grupos percorrem as casas de suas comunidades desde o dia 25 de dezembro até a véspera do dia 6 de janeiro, data em que se comemora mais amplamente o Dia de Reis.

Arquivo pessoal

FALTA DE APOIO

Valdomiro lamenta de maneira exponencial a falta de apoio por parte, da iniciativa pública e privada às verdadeiras culturas populares de Ipiaú e que são influenciadas pelas culturas indígenas, africanas e portuguesas.

A dança do Coco, como manifestação cultural, ocorre em diversas áreas do Nordeste brasileiro, tendo sido estudados em Estados como Paraíba, Rio Grande do Norte, Bahia, Ceará, entre outras. Em cada localidade em que se manifestam, os Cocos são apropriados e praticados de formas específicas, devido às experiências dos brincantes e as particularidades de cada local e época, portanto é mais adequado chamarmos de cocos, e não apenas de coco.

Portanto, é preciso maior atenção do poder público e das empresas privadas, no fomento as culturas populares.

Do mesmo modo, com sujeitos históricos, como o senhor Valdomiro coveiro, um cidadão que dedicou sua vida e juventude ao serviço público, da mesma maneira, a cultura popular local. Dito isto, é possível caminhar lado a lado, a cultura de massa, sacra e a popular.

Vale pontuar que há público para todas as manifestações. Pessoas como o senhor Valdomiro Amâncio e sua família merecem homenagem de todos nós de Ipiaú e região.

Samio Cassio da S. Ramos 
Pós-graduando em gênero, raça e sexualidade na formação de educadores UNEB/Valença-BA


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