Horto Florestal de Ipiaú: Um patrimônio histórico cultural ameaçado

Olá meu povo! Você sabia que no Horto Florestal de Ipiaú já foram realizadas diversas atividades e aulas práticas de técnicas agrícolas, escolinha ambiental, área de experimentação da Ceplac, atividades de Educação Ambiental com foco na cognição, percepção e afetividade ambiental?

Essa história passaremos a contar agora.

O primeiro uso do Horto Florestal de Ipiaú foi resultado do trabalho da Agencia do Departamento de Recursos Naturais Renováveis da Bahia. Este órgão, em parceria com Prefeitura Municipal de Ipiaú, na gestão de Euclides Neto, reservou um espaço do horto para instalar um Posto Florestal Temporário, coma finalidade de produzir mudas de plantas florestais, frutíferas e ornamentais. Essa atividade foi realizada com a dedicação do senhor Renato Pomponet Ferreira, conforme registro abaixo publicado no “Jornal de Ipiaú, em 15 de setembro de 1965.

O biólogo, Professor Eritan Alves, que desenvolveu sua pesquisa de mestrado tratando do Horto Florestal de Ipiaú, nos últimos anos vem desenvolvendo importantes atividades educacionais e culturais voltadas para despertar a comunidade sobre a importância da revitalização e ocupação do espaço para fins sócios ambientais.

Na mesma perspectiva da conscientização da importância ambiental e histórica, o historiado, Prof. Albione Souza, sempre que possível leva suas turmas da rede Estadual e Municipal de Ipiaú para aulas de campo, rememorando as origens históricas do Horto Florestal de Ipiaú, conforme registro abaixo.

Esse movimento de luta pela recuperação e revitalização da área do Horto Florestal de Ipiaú, teve seu início na década de 80, quando o Grupo Ecológico Humanista PAPAMEL, passou a denunciar a situação de abandono e degradação da área e ao mesmo tempo, cobrar da Prefeitura a sua recuperação.

Vale registrar que do Horto Florestal de Ipiaú foram enviadas 80 mudas de Pau Brasil para serem plantadas na Esplanada dos Ministérios em Brasília, as quais se transformaram em árvores e ainda estão lá.

No anos 90 eram constantes visitas ao local como essa do professor Albione e alunos de escolas da cidade

Na área do Horto Florestal existe uma cisterna que já foi responsável por abastecer as casas das famílias moradoras em toda área em seu entorno. Que aliás, corresponde a Rua Borges de Barros, Rua do PAMP, Feirinha, Rua Walter Hollenwergen (Batateira) e Avenida Getúlio Vargas.

A área do Horto Florestal que tinha aproximadamente 5 hectares, teve ao longo dos anos, dezenas de ocupações indevidas e ilegais, que resultaram na perda significativa da sua área. Tudo isso, devido a omissão e negligência da Prefeitura no seu dever de preservar o patrimônio público.

Além das ações de sensibilização através do Jornal Ãnĩmã, o PAPAMEL realizou o levantamento entomológico da área, através do membro fundador Everaldo Cerqueira, que cursava biologia na Universidade de Mackenzie em São Paulo.

Também plantou 21 mudas de espécies nativas da Mata Atlântica, sob a coordenação do Técnico em Agropecuária, Célio Dorotea, então Coordenador do PAPAMEL. Dentre as mudas plantadas, encontravam-se Mulungu, Vinhático, Pinheiro, Pau Brasil e Jequitibá. Algumas dessas mudas foram sucessivamente mutiladas, mas felizmente, conseguiram resistir.

Graças a atuação do PAPAMEL, o então Secretário Municipal de Agricultura, Euclides Neto, comprou a maioria das casas que tinham dentro do Horto Florestal, instalando em uma delas o Servidor Municipal Ivo Hilário, que auxiliava nas ações e atividades desenvolvidas na área e as outras casas foram ocupadas pelo PAPAMEL, sendo uma utilizada para funcionar a Escola Pequeno Cidadão, outra a Sede do PAPAMEL e uma menor, como ponto de apoio. Restando apenas uma em mãos de particular.

Isso aconteceu durante a administração Ubirajara Costa, quando o PAPAMEL foi incentivado pelo então Secretário Municipal de Agricultura, Euclides Neto, a se instalar na área do Horto Florestal e iniciou o projeto Coração Verde de Recuperação e Revitalização da área do Horto Florestal de Ipiaú. Pois o PAPAMEL relutava em ocupar a área sem um convênio.

Implantou em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, a Escola Pequeno Cidadão de Educação Ambiental, que trabalhava na perspectiva de uma educação holística, com crianças do ensino fundamental.

No período em que manteve sua Sede na área do Horto Florestal, o PAPAMEL recebia semanalmente grupos de estudantes da rede pública e privada, para trilhas pedagógicas pela área do Horto Florestal, a exemplo da Escola Ciranda das Letras, Escola Municipal Edvard Oliveira, Hildebrando Nunes, ngelo Jaqueira, Colégio Rio Novo, CEI, dentre outros.

O PAPAMEL realizou diversos mutirões de limpeza na área do Horto Florestal de Ipiaú, tendo coletado mais de uma dezena de tonelada de resíduos sólidos da área, que foram levados pela Prefeitura para o lixão da época.

O PAPAMEL realizou o levantamento da área do Horto Florestal de Ipiaú, em parceria com a secretaria Municipal de Infraestrutura, na administração José Mendonça e também, realizou o levantamento e registro de todos os imóveis que fazem divisa com a área do Horto Florestal.

Metade ou mais da metade da área do Horto Florestal de Ipiaú, exatamente a área da roça de cacau, onde aconteciam as aulas de práticas agrícolas do antigo GAMI – Ginásio Agrícola do Município de Ipiaú, atual CEI – Colégio Estadual de Ipiaú, está sob o domínio ilegal de terceiros, com a conivência da Prefeitura. Já que área pública de interesse público, não tem usucapião.

Após reivindicações do PAPAMEL junto a Prefeitura, a questão da ocupação começou a ser resolvida pela Procuradoria do Município, porém, com a mudança de administração municipal, não se deu mais seguimento ao assunto e o problema então perdura.

A população de Ipiaú deve se sentir privilegiada por possuir um pedaço da Mata Atlântica e uma pequena cabruca, no centro da cidade, com inestimável valor histórico e cultural, potencial educativo imensurável e um atrativo turístico extraordinário. Um patrimônio que é de todos nós e que deve ser usado responsavelmente por todos, para estimular a Prefeitura a cuidar e proteger a área, investindo em sua revitalização e segurança.

Autores:
Emídio Souza Barreto Neto – Fundador do Grupo Ecológico Humanista PAPAMEL
Prof. Eritan Alves de Oliveira – Mestre em Conservação da Biodiversidade –ESCAS/IPÊ
Prof. Albione Souza Silva – Mestre em História – UNEB- Alagoinhas


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