Google é alvo de críticas após atribuir significado pejorativo a palavra “baiano”

 

 

A maior ferramenta de pesquisas do mundo, o Google, foi alvo de duras críticas nas redes sociais em razão dos significados atribuídos a palavra “baiano” nas buscas do site: “Pessoa brega; que gosta de chamar atenção de uma forma estranha, ridículo. O cara pintou o carro de verde-limão com estampas cor-de-rosa só para chamar atenção. É um baiano mesmo”.

Levando em conta que o dicionário do Google é aberto aos usuários e utiliza as palavras mais usadas na sua plataforma, a professora de sociolinguística da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Amanda dos Reis, explicou ao BNews, que essa associação é uma consequência da discriminação histórica que a população da Bahia e do Nordeste sofrem.

“O significado atribuído por usuários do Dicionário Informal e exposto claramente na pesquisa feita através do Google é fruto de uma vivência em que baianos e nordestinos são associados a uma inferioridade e, portanto, ao lugar do risível, que repercutem processos históricos de dominação, subjugação e discriminação do povo do Nordeste”, explicou Amanda dos Reis.

Após repercussão negativa, a ferramenta de buscas mudou o significado. “Ser baiano é ter sempre um sorriso no rosto, hospedeiro, inteligente, e ter a certeza que não há um povo tão unido com o povo do Nordeste”, diz o dicionário do Google.

Para a especialista em sociolinguística essa é mais uma ramificação do preconceito ao resumir as especificidades da população do Nordeste anulando o fato de se tratar de uma região com nove estados.

“Quantas vezes assistimos novelas em que baianos são retratados com sotaques e outras características linguísticas que não reconhecemos em nossos usos? Quantas vezes nordestinos, de modo geral, são retratadas com características associadas a baianos? Inúmeras. Essa é mais uma face da xenofobia: a generalização, a redução das nossas culturas, o retrato do nosso povo como uma coisa só. Somos muitos, múltiplos”, destacou Amanda dos Reis.

À reportagem, a professora da UFRB acredita que há necessidade do Google impor filtros e repelir conteúdos que contribuam para a disseminação do ódio e discriminação, assim como aconteceu com o perfil do ex-presidente dos EUA, Donald Trump. “Houve muitas manifestações falando em liberdade de expressão. Para mim, quando a sua liberdade fere o lugar do outro, te ofende e limita, isto não é liberdade; é violência e deve ser combatida”, completou.

Nota do IPIAÚ ONLINE: Na manhã desta segunda-feira (25) o Google já havia substituído a atribuição pejorativa que havia gerado críticas por uma definição alegre e espontânea da personalidade baiana como uma definição mais amigável da palavra.


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