Ex-subsecretária diz que órgãos sabiam de ações golpistas antes de 8/1

Bolsonaristas em atos terroristas em Brasília — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A ex-subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF) Marília Ferreira Alencar em depoimento a Polícia Federal disse que as Polícias Militar e Civil, o Corpo de Bombeiros, o STF, o Senado e outros órgãos de segurança foram avisados sobre a movimentação de bolsonaristas radicais em Brasília dois dias antes dos ataques às sedes dos três poderes, em 8 de janeiro passado. Trechos do depoimento, concedido no dia 27 de janeiro, foram publicados pelo jornal O Globo e pelo site Metrópoles.

Marília garantiu que representantes dos órgãos de segurança que estavam em um grupo de WhatsApp denominado “Perímetros de segurança” ficaram sabendo em 6 de janeiro do aumento da agitação dos grupos extremistas na capital brasileira.

“Na noite de sexta-feira [6 de janeiro], por volta de 22h, chegou uma informação no grupo de WhatsApp denominado ‘perímetros segurança’ que havia chegado em Brasília cerca de 43 ônibus fretados com o total de 1.622 passageiros para a manifestação que ocorreria no dia 08 de janeiro”, disse a ex-subsecretária e acrescentou “Foram informados, nesse período, sobre a chegada de ônibus vindos de várias localidades, com registro das placas, quantidade de pessoas e locais em que os ônibus estavam estacionados no Quartel General do Exército”.

No dia 6 de janeiro, ela aponta que um relatório de inteligência já informava aos órgãos de segurança do Distrito Federal que “possíveis invasões de ocupação de prédio público, bloqueio de refinaria e distribuidoras de combustíveis e possivelmente uma greve geral no dia 9 de janeiro”.

Já no dia 7 de janeiro, a pasta que comandava passou a monitorar bolsonaristas que estavam na capital e tudo o que foi levantado foi apresentado no grupo de Whatsapp “Perímetros de segurança”.

“Foi ressaltado nas frações de inteligência ânimos exaltados de alguns acampados no Quartel-General do Exército, inclusive com manifestação de intenções de confronto com as forças de segurança (…) Foram observadas falas de incitação para prática de ações adversas, como ocupações de prédios públicos, todavia sem uma coordenação efetiva. Na noite de 7 de janeiro, porém, os informes recebidos e compartilhados indicavam um clima tranquilo no acampamento e ainda não havia definição sobre a descida dos manifestantes para a Esplanada dos Ministérios”, apontou.

Ainda segunda ela, também no dia 7 de janeiro, o “núcleo de inteligência do STF para iniciar o canal de troca de informações, comunicar que a SI [Secretaria de Inteligência] estava acompanhando toda a movimentação e se colocar à disposição daquela agência”.

No domingo, 8 de janeiro, na manhã antes da ação, destacou a ex-subsecretária no depoimento, que a previsão da caminhada dos extremistas era de começarem a se deslocar às 14h, mas iniciaram a caminhada antes e o setor que Marília comandava avisou sobre isso no grupo do Whatsapp.

“A partir das 14hs, começamos a receber informes no grupo ‘perímetros’ de manifestantes portando objetos que indicavam intenções de praticar atos violentos, tais como paus, estilingues mochila com pedras, etc”, disse Marília no depoimento, e às 14h30, segundo ela, o grupo foi alertado que “as ações violentas tomaram um grande vulto com as ações de invasão e depredação dos prédios dos poderes públicos”.


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