A Agência Nacional de Mineração (ANM) informou que a movimentação do talude que pode se romper a qualquer momento em uma mina da Vale, em Barão de Cocais (MG), chegou a 18 cm, neste sábado (25), em alguns pontos isolados da estrutura. Na porção inferior do talude norte, a movimentação média é de 14,1 cm por dia, segundo o último boletim da ANM.
Na quinta-feira (23), a movimentação era de 16 cm por dia no ponto mais crítico. Esse talude é um paredão que fica acima da cava de mineração na Mina de Gongo Soco, que está cheia de água. A barragem Sul Superior está a 1,5 quilômetro desta cava.
O rompimento do talude pode causar uma reação em cadeia por abalos e desencadear o colapso da barragem. Outro cenário menos grave, mas também preocupante, é que a água da cava transborde e atinja rios da região da mina.
O chefe da Divisão de Segurança de Barragens da Agência Nacional de Mineração (ANM), Wagner Nascimento, afirmou não é possível prever o dia em que ocorrerá a ruptura do talude, mas, segundo ele, a tendência é que ocorra até o fim de semana.
Ainda de acordo com Nascimento, essa movimentação foi identificada em 2012 e, até os últimos meses, ela era de 10 cm por ano.
Em um documento enviado ao Ministério Público de Minas Gerais pela Vale, a engenheira geotécnica Rafaela Baldi explica por que o talude está se movimentando. “É comum que parte do talude que fica mais no alto se desprenda. O talude está ‘pelado’, foi escavado e está solto, lá em cima. Com as vibrações típicas da atividade minerária, esta estrutura vai se desestabilizando e pode cair sobre a cava. Mas, pelo alerta feito, deve ter um problema geológico na área a ser considerado”, concluiu.
Um estudo apresentado pela Vale ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) com o pior cenário possível para o caso de a barragem Sul Superior se romper mostra provável “inundação generalizada de áreas rurais e urbanas” com mortes, especialmente no distrito de Socorro e nas cidades de Barão de Cocais, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo.
A descrição do potencial de inundação caso a barragem se rompa apresenta ainda a possibilidade de problemas relacionados ao abastecimento de água, impactos em área de preservação permanente, nas faixas marginais ao leito dos cursos de água, danos estruturais nos acessos locais de terra, rodovias e fornecimento de energia elétrica.
A população de Barão de Cocais passou por dois treinamentos de simulação de situação de emergência, caso a barragem se rompa.
No primeiro treinamento, 60% dos moradores participaram da ação. Já no segundo, a adesão foi de 26,75%. De acordo com Defesa Civil de Minas Gerais, alguns moradores alegaram que já tinham participado do primeiro treinamento e que já conheciam a rota de fuga para justificarem a ausência no segundo simulado.
Os moradores devem seguir para pontos de encontro seguros, sem correria. As calçadas da cidade por onde a lama pode passar estão sinalizadas com a cor laranja. Placas também indicam o caminho do pronto de encontro mais próximo.
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