Empresário ameaça entrar na Justiça contra BYD e governo por antiga fábrica da Ford

Foto: Divulgação

A BYD vai realizar uma cerimônia na próxima terça (5) para marcar o início das obras de construção da fábrica de carros elétricos na Bahia, no terreno que até janeiro de 2021 abrigou a operação da Ford em Camaçari. O evento deve servir de resposta pública ao empresário Flávio Figueiredo Assis, que anunciou ter descoberto uma brecha para disputar com os chineses o direito de uso daquela área.

Assis é dono da Lecar e quer produzir veículos elétricos na Bahia. Ele, inclusive, não descarta adotar medidas judiciais para impedir o início da operação dos chineses sem que todos as regras previstas no edital de cessão do terreno sejam cumpridas. “Vou lutar com toda minha força para preservar um bem nacional”, afirmou. “Inclusive, o terreno já está sendo ocupado, está cheio de chineses lá, o que pode prejudicar a própria BYD, pois mostra um favorecimento do governo do estado”, completa.

O interesse de Assis pela área da Ford surgiu há poucos dias, quando visitou a antiga fábrica para vistoriar equipamentos usados na produção de veículos, já que a Lecar está construindo uma fábrica própria em Caxias do Sul (RS). “Esses equipamentos estão sendo anunciados no mercado, fui conferir. Mas não sei, ninguém me disse, quem está vendendo, se é a BYD, a Ford ou o governo”, criticou. A curiosidade o fez pesquisar a relação da BYD com o governo estadual e descobriu que o processo para escolher uma empresa para ocupar o terreno da Ford ainda estava aberto.

“Eu não sabia que a concorrência estava aberta. A BYD e o governo anunciaram que já estava fechado. Se a BYD diz que é dela, eu acho que é dela. Foi um golpe de sorte. Eu fui pesquisar e achei o decreto no Diário Oficial do Estado. Tudo bem, é correto. Mas se fosse em uma publicação nacional poderia chamar mais atenção e atrair mais interessados”, fala. “Para mim houve uma grande jogada de marketing para impedir a concorrência”, continua.

O decreto da Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Bahia (SDE) definiu a data de 28 de fevereiro como limite para a manifestação de interesse na ocupação da área para a “produção de veículos elétricos no Estado da Bahia, nos termos constantes do Processo Administrativo nº 015.4020.2023.0003718-24”. No último dia do prazo, Assis manifestou seu interesse à SDE. Assis afirma que, pelas regras do edital, ele – e os demais concorrentes – tem 180 dias para apresentar à secretaria um plano de desenvolvimento para o terreno.

O empresário capixaba diz que, no plano, vai oferecer melhores contrapartidas que as apresentadas pelos chineses. Ele, porém, não revelou sua oferta, alegando que itens como investimento e geração de empregos devem ser mantidos em sigilo pois são critérios avaliados para a SDE escolher o vencedor. A BYD anunciou publicamente, inclusive com cerimônia no Farol da Barra com a presença do governador Jerônimo Rodrigues (PT), a aplicação de R$ 3 bilhões em cinco anos e abertura de 5 mil vagas.

“Posso dizer que vou investir pelo menos R$ 4 bi só para começar e que vou gerar três vezes mais empregos que a BYD porque eu vou fabricar. Eles vão trazer os componentes fabricados da China e apenas montar aqui”, comparou. “Está claro que a estratégia deles é de uma operação CKD (de apenas montar as peças que vêm de fora). Os equipamentos da Ford estão novos e poderiam ser usados. Ninguém começa uma fábrica de automóveis do zero só comR$ 3 bilhões em 5 anos”, criticou Assis.

Esse apelo nacionalista é uma tônica no discurso de Assis e deve ser usado tanto em uma possível ação judicial como no convencimento da opinião pública. “Eu defendo um bem nacional, a indústria brasileira. Acho que não vai me faltar apoio.”

A BYD foi procurada pelo CORREIO e repetiu que não vai se pronunciar sobre a questão. Uma fonte da empresa falou à Folha de São Paulo, na quarta (28), que a empresa preparava uma resposta oficial a Assis e que os executivos da BYD acreditam que a concorrência com a Lecar pelo terreno não vai mudar as negociações com o governo da Bahia.

A SDE garantiu emitir uma nota para responder questões sobre o processo de reocupação do terreno da Ford em Camaçari, mas não o fez até as 22h de ontem. O espaço está aberto e a matéria será atualizada quando a secretaria se posicionar.

Correio24shoras


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