As autoridades iranianas detiveram neste sábado (11) o embaixador do Reino Unido no Irã, Rob Macaire. Ele foi preso em um vigília pelas vítimas do avião derrubado por um míssil iraniano, que acabou se transformando em um protesto contra o governo local.
Rob Macaire ficou preso por cerca de 1 hora, e a TV estatal iraniana informou que o diplomata foi detido por “incitar os protestos”.
Na manhã deste domingo (12), Macaire escreveu em uma rede social para agradecer as mensagens de apoio que recebeu e explicou que não participava das manifestações.
“Obrigado pelas muitas mensagens de boa vontade. Posso confirmar que não participei de nenhuma manifestação! Fui a um evento anunciado como uma vigília para as vítimas da tragédia do voo PS752. É normal querer prestar homenagem — algumas das vítimas eram britânicas. Saí após 5 minutos, quando alguns começaram a cantar. Detido meia hora depois de deixar a área”.
O ministro das Relações Exteriores britânico, Dominic Raab disse em um comunicado que a prisão do diplomata violou a legislação internacional, e que o Irã corre o risco de “avançar para o status de pária”.
“A prisão do nosso embaixador em Teerã sem fundamento ou explicação é uma violação flagrante do direito internacional. O governo iraniano está em um momento de encruzilhada. Pode continuar sua marcha em direção ao status de pária com todo o isolamento político e econômico que isso implica, ou tomar medidas para diminuir as tensões e se engajar em um caminho diplomático adiante.”
Os Estados Unidos pediram ao Irã que se desculpe por ter detido brevemente o embaixador do Reino Unido.
“Isso viola a Convenção de Viena. Fazemos um chamado ao regime para que se desculpe formalmente com o Reino Unido por violar seus direitos e que respeite os direitos de todos os diplomatas”, tuitou a porta-voz do Departamento de Estado, Morgan Ortagus.
Manifestações
Neste sábado, manifestantes iranianos pediram a saída do líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, depois que autoridades do Irã admitiram que um míssil de seu próprio exército derrubou um avião com 176 pessoas na quarta-feira.
De acordo com o “The New York Times”, os atos foram organizados em redes sociais, originalmente, para lamentar a perda de vidas da queda do avião da empresa aérea Ukraine International Airlines, mas eles se tornaram protestos contra as ações do governo.
Em vídeos postados em redes sociais, a aglomeração aconteceu na frente da universidade de Amir Kabir, em Teerã. Entre os gritos dos manifestantes, houve pedidos de “morte aos mentirosos” e “morte ao ditador”, de acordo com o jornal norte-americano.
A agência de notícias Fars, que é semi-oficial, publicou um texto em que descreve que participantes do ato rasgaram fotografias de Qassam Soleimani, o general iraniano morto pelos americanos no dia 3 de janeiro.
Irã admite ter derrubado avião ucraniano por erro
Líderes pedem investigação
Vários líderes mundiais se manifestaram a respeito da queda do avião em Teerã e pediram para que o Irã colabore com investigações sobre o incidente.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, pediu ao governo do Irã “transparência total” sobre o avião abatido. Ao todo, 63 canadenses morreram no incidente. Ele também afirmou que o foco agora deve ser nas respostas necessárias que envolvem a queda da aeronave.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, publicou uma mensagem em que diz que a queda do avião reforça a importância de se reduzir as tensões no Oriente Médio. Para ele, é preciso conduzir uma investigação transparente e independente.
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirmou que a decisão do Irã de admitir que derrubou o avião foi um passo importante. Ela também exigiu uma investigação completa.
G1
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