Elson Andrade reflete sobre economia solidária e fala em libertação financeira dos municípios; confira

 O urbanista ipiauense arquiteto Elson Andrade, nos traz nessa edição uma reflexão crítica sobre o modus operandi da exploração financeira praticada pelos grandes bancos nacionais, sobre os pequenos municípios, e aponta caminhos para o desenvolvimento local. Confira!

A sociedade de Ipiaú-BA conjuntamente com representantes do Sicoob, maior sistema de cooperativas financeiras do país, se mobiliza para a possível instalação de uma unidade no município. O objetivo é ampliar o acesso ao crédito, incentivar o empreendedorismo local e fortalecer a economia microrregional.

Fonte: BCB

Nesta última semana, em reunião com as secretarias de Desenvolvimento Econômico e de Governo, foram discutidos os procedimentos necessários para viabilizar a chegada da cooperativa à cidade. A proposta conta com o apoio da gestão municipal e da comunidade empresarial, incluindo produtores rurais e lideranças locais. E isso é louvável. Vem de encontro a um projeto maior de libertação dos pequenos municípios brasileiros, das garras dos grandes bancos, que coletam recursos financeiros nessas pequenas cidades sem conceder crédito de forma proporcional.

No gráfico acima, é possível notar que os ipiauenses detém um saldo na Caderneta de Poupança e em CDBs, montante da ordem de R$ 266 milhões, ao passo que as 4 agências bancárias têm em caixa panas R$ 9 milhões, para girar uma economia local que já passou do PIB de R$ 630 milhões por ano.

No entanto, é preciso muita seriedade de todos os agentes econômicos e políticos envolvidos, para que tudo possa dar certo e ser sustentável e duradoura.

Fonte: BCB

Muitos desses grandes bancos forasteiros, estão carreando nossos recursos para fora do município, em especial para ganharem no “Overnight” do Banco Central, sem fazer esforço ou correr risco, ganhando a taxa Selic sem sequer pagar IRPJ sobre isso.

Porém, antes de mais nada, Ipiaú precisa, capacitar esses tomadores de crédito rural, uma vez que, é comum na nossa região, pessoas irresponsáveis tomarem dinheiro emprestado para consumir e não para investir. Ipiaú vem carregando uma preocupante histórica dívida rural que já bateu o recorde de R$ 43 milhões. E depois, vão atrás de deputados implorando o perdão da dívida. Infelizmente, hoje em dia, a cacauicultura de Ipiaú virou roça de pobre, pequeno, desassistido tecnicamente, sem visão empreendedora e administrativa. Atualmente, a cacauicultura de Ipiaú sobrevive se arrastando feito cobra pelo chão. Muitos meeiros, só conseguem tocar essas empreitadas, por ter 2 ou 3 famílias penduradas no Bolsa Família e demais programas assistencialistas do governo federal. Agravado pela precária condição documental e contábil das explorações econômico-rurais, as quais estão envolvidas, de forma muitas vezes, até irregular e/ou clandestinas, com riscos jurídicos preocupantes.

Uma outra opção “monetária” desenvolvimentista, suplementar, seria a implantação pela prefeitura em parceria com associações rurais e de bairros, da Moeda Social local, voltada a canalizar recursos e impulsionar a fruticultura, a produção de hortifrutigranjeiro em substituição ao alto nível de dependência e domínio de Jaguaquara.

 Reprodução: Moeda Social e e-dinheiro do Instituto Banco Palmas

A implantação de moedas sociais em pequenos municípios brasileiros tem se mostrado uma estratégia eficaz para dinamizar a economia local e fortalecer a produção de pequenos empreendedores. Essas moedas, geralmente lastreadas no real e com circulação restrita ao território municipal, incentivam o consumo dentro da própria comunidade, fazendo com que o dinheiro circule entre comerciantes, produtores e consumidores locais.

Além de estimular o comércio e a geração de empregos, as moedas sociais promovem a inclusão financeira de populações que muitas vezes estão à margem do sistema bancário tradicional. Operadas por bancos comunitários, elas oferecem serviços como crédito produtivo, contas digitais (movimentadas pelo celular) e pagamento de benefícios sociais com taxas reduzidas ou inexistentes. Com isso, criam-se condições para que pequenos produtores ampliem sua capacidade de produção e comercialização, gerando um ciclo virtuoso de desenvolvimento econômico e social.

Para alavancar esse importante e estratégico projeto é de suma importância a participação ativa da prefeitura, na fomentação, organização operacional, criação de um fundo de conversão da Moeda Social para o Real, através do qual, a prefeitura poderia aceitar indiretamente, a liquidação de taxas, tarifas e impostos, na Moeda Social. Além disso, implantar pequenas agências de crédito e pagamentos: no Centro de Abastecimento, na Fazendo do Povo, em Córrego de Pedras, em sedes de associações e outras localidades demandantes da moeda e do crédito “extraoficial”.

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Da redação: Elson Andrade – que é arquiteto, urbanista, empresário desenvolvimentista, pós-graduado pelo Instituto de Economia da Unicamp.


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