Economia: DINHEIRO – O mais poderoso instrumento de sequestro da produção e da riqueza das pequenas cidades e de seus cidadãos!

O ranking da revista americana Forbes, o brasileiro Abílio Diniz figura com dono de uma das maiores fortunas, calculada em US$ 3,7 bilhões, o equivalente a R$ 13,83 bilhões.

Ocupando portanto, as primeiras posições no Ranking dos homens mais ricos do mundo… Ex-membro do Conselho Monetário Nacional (CMN), aos 83 anos de idade, longe da aposentadoria, o finório homem lobo do capital, segue com a insaciável fome-missão de acelerar os seus negócios empresariais; e mostra disposição para continuar a aumentar seu patrimônio sempiternamente.

As questões inicialmente, postas são:

1.     Qual o sentido e origem, de tamanha fortuna pessoal, na vida dum cidadão deste?

2.     Há limites para tamanha gana, ao “pobre homem”?

3.     Diante das limitações da existência humana, tamanha obstinação, é de fato uma atitude inteligente e saudável a ele, ao próprio capitalismo e a sociedade?

Vamos buscar possíveis respostas lá na origem e finalidade do DINHEIRO:

Imagine que ainda não existisse o atual instrumento de liquidação das transações econômicas: – o dinheiro! E que a forma de comercialização, se desse ainda através do Escambo (troca direta de uma mercadoria por outra). E que usássemos como moeda de liquidação, o Quilo do Feijão (nossa moeda corrente imaginária). Considerando o nosso caso hipotético, qual sua conclusão, para um sujeito que acumulasse 13,83 bilhões de quilos de feijão para si?

Há inteligência nisso?

A que ou a quem, serve efetivamente tamanha monta, frente a perecividade do feijão?

1 – Ilustração do comércio nas colônias portuguesas, 2 pintura Primeira Missa no Brasil e 3 – acordo Bretton Woods EUA 1944

Saibam, lá na origem mercantil, havia uma tensão – disputa mercantil – entre as mercadorias. Confronto de autovalorização, de uma, frente as outras! (Espécie de briga entre irmãos, filhos da mesma mãe).

Imagine que você produzisse feijão e seu vizinho de roça, produzisse leite. Quantos litros de leite valem um quilo de feijão? Seu vizinho certamente iria puxar a cotação do feijão para baixo, dado a frequência e disponibilidade na entrega do leite. Enquanto você disputaria reação em favor da valoração do feijão, dado a sustança do mesmo.

Cena propicia a mediação dum terceiro atravessador, na disputa mercantil entre dois mateiros. Muito oportuna a exploração deste insurgente malandro, urbano, denominado – DINHEIRO! O dinheiro surge, tal qual um político dos nossos tempos (através do Estado) – com a falsa promessa de pacificar e equacionar tamanha sanha comercial, que por fim, tira dos dois lados opostos e apenas resolve o seu – Desde então, a regra vencedora passou a ser a lógica da preferência pelo dinheiro e portanto, a liquidação mercantil passou a dependência da conversão do feijão em dinheiro, e todavia, quando se precise de leite, procedemos com a destroca, via base monetária, claro… Não se pode rever isso daí, tá ok?

A farsa implícita foi muito bem montada. Caso pensado de gênio… De difícil percepção neural e/ou cognitiva aos novatos. O céu até então mantem-se calado – ao promulgar posicionamento, certamente não contemplaria tal preferência, preconceito e apoio ao famigerado dinheiro e a sua mais nova e velhaca versão, na forma do anatocismo – Tudo ainda não bem compreendido até os nossos dias. Pois o dinheiro muda de cara, densidade, VALOR no tempo, da noite para o dia. Situação sine qua nom a manipulação do valor, na apropriação e transferência sorrateira, indireta, das QUANTIDADES de mercadorias e trabalho em voga.

Imagine que você deixou seu celular no conserto e que a loja vendeu o seu celular.  Ao ir buscar o celular, a loja lhe entregou outro aparelho idêntico, alegando ser o mesmo. Você protesta e exige o seu celular, o próprio! A loja insiste, – mas é o mesmo. E você retruca, – eu quero o meu, o próprio… Agora imagine que você depositou R$ 4,00 no banco, quando 1 kg de feijão custava R$ 4,00. Passado um tempo, na ocorrência de inflação, ao sacar o dinheiro, o 1 kg de feijão passou a custa R$ 5,20, você irá protestar contra o comerciante de feijão, alegando não aceitar ser roubado, e não com o banqueiro, que lhe entregou o dinheiro já desvalorizado. Ora, se a mercadoria continua sendo 1 kg de feijão – se tem alguém que lhe roubou, não foi necessariamente o vendedor de feijão, mas sim, aquele quem si apropriou da desvalorização monetária! Ou não? O celular deixado para conserto é uma mercadoria e você entende que deva lhe ser entregue o próprio celular, por que não exige que o dinheiro também o seja?

Imagine que você vá a uma festa muito concorrida num clube e na portaria lhe exijam o ingresso com todo o rigor. Ok!, é correto o procedimento. Porém, neste clube há 10 entradas distintas. O porteiro lhe exige que você apresente no ato o convite oficial e válido. O que você não percebe, é que nas 10 portas, quem está lá é o mesmo, ou melhor, o próprio porteiro. Alguém poderá defender – não é problema meu, meu convite está ok, não quero saber do arranjo organizacional do clube. Se dez, ou, um porteiro, isto é problema de fungibilidadedo clube. Neste instante, seu siso lhe encherá de razão, concluindo que ao se preocupar com coisas abstratas e alheias, além de ser fora de foco, perda de tempo e caminho da maluquice!

Ai está a grande farsa dá apropriação do valor pelo dinheiro dentro dum sistema bancário. O dinheiro cumpre várias funções dentro do sistema. Ele se faz passar como sendo o mesmo – o “mesmo” objeto contratual, tempo e lugar!

Enquanto você deixa o seu dinheiro depositado num banco, o banqueiro empresta a outrem, como se fosse dele. Tal qual a impostora loja de conserto de celular.

Hoje, no sistema monetário nacional, a quantidade de dinheiro vivo – base monetária – está abaixo de 2% dos valores correntes, dentro do sistema financeiro, bancário. Ou seja, se todos correrem simultaneamente ao banco (pela mesma porta), o banco não terá o seu dinheiro para lhe devolver, quiçar o mesmo valor. E saibam, o que de fato está em risco fundamentalmente em “quantidade” e qualidade, não é o dinheiro do banqueiro, mas sim, o “seu”, o “meu”, o “nosso” dinheiro.

Enquanto que os produtores do mundo real, não conseguem multiplicar o mesmo quilo do feijão, o sistema bancário cria dinheiro do nada, sem lastro real, sem produzir em “quantidade” e qualidade, o lastro real proporcionalmente às mercadorias produzidas, as quais ele, o dinheiro, representa valor.

Em resumo, o valor monetário se afasta da riqueza real produzida, sendo que riqueza é relativa e é computada com quem a detém no momento da foto, na contabilidade. Injustificadamente. Inquestionavelmente!

Um velho professor de economia, defendeu certa vez, – “o dinheiro deveria ser proibido de fazer parte nos cálculos mercantis nos cursos de Economia, até o segundo ano, pelo menos… com o fito de deixar claro, aos aprendizes de feitiçaria, como se dão as mágicas financeiras sob a égide do dinheiro.”

O amparo ideológico ambiental ao dinheiro, na história:

Os verdadeiros cristãos foram perseguidos até o século III d.C. quando o Estado romano passando por uma forte depressão e fraqueza ideológica, se “converteu” ao Cristianismo, transformando-o não mais, numa fé do povo, para o povo, pelo povo; para adotar uma nova, obstinada e insurgente versão estatal: do povo, para o povo, pelo Estado! E quando numa versão extrema, neopentecostal: do mercado, para o povo, pelos mercadores!

Quando os portugueses aqui chegaram, no século XVI, desembarcaram consigo, a SIMBIOSE do Estado português com a igreja católica europeia (já estratificada), com a missão ambígua da exploração mercantil, com a benção da fé, tendo como conformação ideológica a religiosidade… O diacho, é que não foi fácil conseguir implantar tamanha trama sobre os nativos originais, dado a falta de ambição cumulativa patrimonial dos indígenas. O que por um lado, desocupou os clérigos contratados para o feito, obrigando-os a procurarem outra freguesia… os negros e recém importados pobres europeus… os negros ainda tiveram o consolo do candomblé para se defenderem, como podiam. E os pobres?

[Os Negros em verdade, guardaram uma vaga lembrança que são descendentes de reis africanos, tribais comunitários, e não de escravos; como lhe impuseram classificação e posição servil, aqui nas Américas]

No livro a Ética Protestante e o Espirito do Capitalismo de 1934, o sociólogo alemão, Max Weber (1864-1920), deixa claro, a influência dos dogmas religiosos na sustentação ideológica dos valores estabelecidos por uma sociedade econômica, os quais apontam como princípios morais da vida social, são capazes de transferir subserviência a um sistema capitalista de acumulação, servil a uns em benefício e deleite de outrem. Enquanto que na lógica católica, Jesus que fora crucificado na Gólgota, entre dois ladrões condenados a cruz, em seus últimos instantes de vida, um deles, Dimas, o bom ladrão da direita, olha para o lado é diz – “Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação? E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez. E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso”. (Lucas 23:39-43).

A posição católica foi confrontada pela lógica protestante, abandonando o imediatismo, o FLUXO (perdão de última ora) e sobrevalorizando o histórico, o acumulado – o ESTOQUE. É a legitima e eterna disputa da Meritocracia diferida versus a Compaixão comovente, instantânea!

Ao que se aparenta, hoje no Brasil, está em curso, como projeto de governo militar-bolsonarista, a trama da: transmutação da insossa pseudo-gigante população católica, em rés noviça pentecostal; enquanto a cúpula; minoria, capital, militar, politica, judiciária… em maçônica liberal!

Em verdade a ideia subliminar por trás, sempre foi a da sobrevalorização dos valores correntes – do dinheiro – tornando-o quase sacro, em detrimento das Mercadorias, Pessoas e Trabalho (economia real verso financeiríssimo). A fim de se apropriarem fácil e legalmente do valor, na forma líquida, transacional, imediatista, vantajosa-excludente, na intermediação mercantil alheia.

A ardilosa meta Semiótica camuflada, ao buscar confundir – rosca de argila queimada, moeda metálica fundida, impulso digital e/ou o velho papel pintado com efigie de presidentes, notáveis e animais… o dinheiro, nunca deveria ter sido embrulhado junto com o capital, o PRINCIPAL, o sagrado, o que Mais Vale… o Sublime, o Amor, o Próprio, o Principal e por fim, uma espécie de deus!

Como prova e registro fático da advogada tese, trago que na concorrência anulada no fornecimento do projeto arquitetônico do Banco Central do Brasil, o projeto vencedor do certame, não foi originalmente o projeto do escritório do prof. mineiro Helio Ferreira Pinto. E sim outro. Mas ainda assim, este acabou sendo o compulsório vencedor, com fulcro a garantir a perpetuação subliminar iconográfica do sentido maior da moeda – uma cruz em segundo plano, suportada por quatro pilares, representando as quatro funções substanciais do BC:

1 – Banco dos Bancos (leia-se, literalmente);

2 – Banco do Governo (leia-se, somente no contas a pagar);

3 – Monopólio da Emissão e Gestão da Moeda (leia-se, as figurinhas do jogo de cartas a disposição da banca);

4 – Controlador do Crédito Nacional via SFN; e consequentemente, da inflação (leia-se, justificativa para o destino e pagamento de juros a um seleto grupo destinatário original do jogo fundante);

Embora legalmente, aparentemente, tenha como escopo, “políticas públicas” a fim de: Assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e um sistema financeiro sólido e eficiente, e ainda, autoridade Monetária fiscal a fim de garantir a “estabilidade” de preços, evitando a perda do poder de compra da moeda nacional… além da inferência e “estabilidade” na cotação de moedas estrangeiras.


Para todos os leitores de dois pés, que entenderam a lógica sistemática servil, não terão dificuldade de compreender o que de fato está por trás das frequentes e intermináveis reformas; em especial, o Sistema de Capitalização da Previdência, a Reforma Tributária, a Independência do Banco Central, a Conclusão das Privatizações… os demais; certamente continuarão acreditando que o país está mesmo dividido e que os progressistas são uns atrasados, ideólogos apaixonados, cegos, et cetera…

Concluindo, as perguntas que ficam são:

Se o Diniz, não tem intestino capaz de processar tanto feijão, o acumulo de tanta riqueza, não é contraproducente ao próprio desenvolvimento do capitalismo?

Será que o Sr. Paulo Guedes, titular comerciante da realocação do um trilhão e duzentos bilhões de reais, objetivo da tal Reforma da Previdência, tem consciência que a Assistência Social é uma espécie de prévio Pacto Social, bem antes de ser resultado contábil estatal?

Será que o governo militar-bolsonarista, sabe a diferença entre: Reforma da Previdência e Reforma da PREFERÊNCIA?

E a você, oh! resistente leitor; deixo a inquietação, do sentido maior da palavra OXIMORO! – “Contradições” entre: o céu e a terra, a carne e o espirito, o existir e o tempo. Que tempo é este? Quais valores você sustenta? Quais as suas consequências?

Para os mais astutos, sugiro assistirem ao vídeo abaixo, como reflexão complementar a leitura.

https://www.youtube.com/watch?v=dt3Zyhb3Gt8&t=18s

Elson Andrade – arquiteto, urbanista, empresário e pós graduando do Instituto de Economia da Unicamp


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