Economia Comportamental: A desconfiança, o ego-heroísmo e o preço da vaidade dissimulada

Repare com calma o gráfico e mapa acima. Quanto mais clara a cor, menor a confiança mutua entre os cidadãos em cada país. Observe que o Brasil está posicionado no gráfico na última colocação, num ranking mundial; atualmente “superado” por um outro país latino.

Padecemos de um mal que nos atinge em dissolução como um câncer fulminante… Você vai dizer – a corrupção! Em quantidade pelo menos, não. Em verdade, em qualidade, padecemos do mal da DESCONFIANÇA generalizada construída de forma orquestral programada por quem nos governa remotamente.

O brasileiro não deve confiar em outro brasileiro” – Este é o fundamento que vem sendo fincado no nosso inconsciente, nos jogando um contra os outros, em nosso próprio desfavor! Isso não é por acaso, mas sim, nos foi incutido de forma programática.

Desde o início. Talvez tenha sido ideia de algum FDP provável aristocrata palaciano português, conselheiro de D. João VI, com preguiça de vir a colônia zelar de perto pelo que era “seu”, preferiu a distância, implantando um nefasto comportamento generalizado e destruidor. Desolador consequente, bem mais fácil de controlar e retirar-nos os frutos.

No estudo da Economia Comportamental, nos aprofundamos na descoberta dos porquês, na nossa tomada de decisão individual, que implicam no coletivo. Os estudos vem avançando no desenvolvimento teórico e empírico. Desde o campo da psicologia, da neurociência e de outras ciências sociais, com fulcro na apropriação dos motivos, e crítica à abordagem econômica tradicional, apoiada na concepção do “homo economicus” que é descrito como um ser patrimonialista cumulativo, tomador de decisão racional, ponderado, centrado no interesse pessoal e com capacidade limitada de processar informações circunstâncias coletivas.

A economia tradicional (teoria clássica) considera que o mercado ou o próprio individuo, são naturalmente capazes de solucionar estes erros intencionalmente postos, dificultando a tomada de decisão, proveniente de uma irracionalidade apequenada programada. Se são capazes ou não, o tempo e os resultados dirão. O certo é que a semeadura do ódio, do rancor, o medo e as desconfiança teleguiadas têm tido grande aceitação, com um alto preço a coletividade (país).

Em contraposição a essa visão tradicional, a Economia Comportamental constata que a realidade é diferente: As pessoas decidem com base em valores morais, hábitos, experiências pessoais comparativas e regras práticas simplificadas e embarcam em viagens consequentes. Neste contexto, podemos afirmar que a desconfiança é sim, um comportamento caríssimo ao conjunto da sociedade. Você já imaginou quanto gastamos por ano no Brasil, só com cartórios? Os cartórios nos arrancam milhões, por desconfiarmos, por exemplo, que a assinatura do outro é falsa. Agora relativize isto para as burocracias, as controladorias, as fiscalizações e tudo mais implantado a altos custos no aparelho estatal e comercial? Somente a CGU, pertencente ao executivo federal, nos custa R$ 1 bilhão por ano, para controlar (diferente de fiscalizar in loco, prevenir objetivamente, corrigir e punir efetivamente) apenas atuando nos gastos, já executados, pelo governo federal e em operações especiais com repasses aos demais entes. Aí você pergunta: – E o Ministério Público Federal, que é muito mais agigantado                  e corporativo, quanto custa? Relativize isto incluindo os TCEs, TCMs, estendendo aos 27 estados!

Antes de qualquer desonesta, ideológica e partidária contraposição; registrar que SIM, precisamos de todos estes órgãos e instrumentos. Porém a questão maior é outra: Qual a efetividade e grau de satisfação da relação objetiva do Benefício pelo Custo? Qual o resultado global efetivo?

Diferente dos EUA e China que também têm sérios desvios; pode-se afirmar que no Brasil há uma gigantesca indústria corporativa da desconfiança nacional… Apenas aos interessados e astutos curiosos, acessem, mensurem e concluam por si: http://www.mpf.mp.br/pgr/noticias-pgr/conselho-superior-do-mpf-aprova-proposta-orcamentaria-para-2019

O principal capital (subliminar imaterial) multiplicador da economia é pois, a Confiança! Sem esta, não há fator de multiplicação capaz de dar conta de um bom resultado. O resto é atitude, gestão, capacidade técnica, planejamento, registro, transparência, controle e métrica. Nesta condição, até a quantidade mínima de recursos disponíveis, faz-se o Milagre da Multiplicação (ou melhor, da Repartição).

Responda com sinceridade, qual frase abaixo melhor caracteriza os governos pós 2016:

(  ) Lápide de cemitério: Nós que aqui estamos, por vós esperamos

(  ) Manchete da Caras: Este aeroporto tá parecendo uma rodoviária

Uma pergunta que urge por uma resposta, é: Qual o custo da paralisia instaurada no país desde o desfecho das eleições presidenciais de 2014? Quem tem lucrado com as incertezas e desconfianças, instauradas de forma generalizada? Qual a efetividade e grau de satisfação da relação objetiva do Benefício pelo Custo? Na mão de quem tem ido parar o nosso suado patrimônio estatal? A quem tem servido tamanha presunção

   

Despidos de ideologias, com os dados na mão, devemos perguntar ao ativismo judiciário:

O que vocês fizeram garotos?

Onde e como se quer mesmo chegar?

Não tinha um caminho silencioso, profícuo e eficaz, menos pirotécnico e custoso a coletividade, para realizar o vosso desejo pessoal?

Agora responda com sinceridade, quais as iminentes manchetes abaixo, são as mais prováveis você ler nos jornais, nos próximos meses:

( ) COAF quebra sigilo bancário, em ação impetrada pelo Ministério da Justiça, Polícia Federal prende 95 deputados e 15 Senadores, por atuarem criminosamente em favor de corporações organizadas atuantes no Congresso Nacional

(  ) Sérgio Moro é o mais novo ministro do STF

(  ) Brasil passa a ser a 6ª. maior economia mundial

(  ) Pré-sal garante passaporte do Brasil para o futuro, via educação, modernização da máquina governamental  e investimentos em infraestrutura

(  ) Petroleiras estrangeiras já detém a maior parte do petróleo brasileiro

(  ) Contas externas brasileira dependem predominantemente do agronegócio, o qual não paga impostos de exportação, servindo-se da poupança dos brasileiros, via LCAs isentas

(  ) Reaquecimento da economia, extinção da DRU e baixa de isenções fiscais e previdenciárias, garantem superávit e INSS volta a ser superavitário.

As maiores conquistas da humanidade não se deram pela ação isolada, egoísta; e sim, pela soma e construção coletiva, mesmo com certos afazeres corretivos pendentes. A obra nunca estará pronta para os que acreditam em sempre melhorar, porém, nunca devemos regredir…

Para os mais astutos, sugiro assistirem ao vídeo abaixo, como reflexão complementar a leitura.

Signatário Elson Andrade – arquiteto, urbanista, empresário e pós graduando do Instituto de Economia da Unicamp


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