De saída do governo, Bebianno desabafa: ‘O desleal, coitado, viverá sempre esperando o mundo desabar na sua cabeça’

 

De saída do governo de Jair Bolsonaro , o ministro Gustavo Bebianno , da Secretaria-Geral da Presidência, publicou um texto na madrugada deste sábado, em seu perfil no Instagram, em tom de desabafo: “O desleal, coitado, viverá sempre esperando o mundo desabar na sua cabeça”. A mensagem atribuída ao escritor Edgard Abbehusen acrescenta: “Saímos de qualquer lugar com a cabeça erguida ao carregar no coração a lealdade”. Bebianno não cita o nome do presidente na publicação.

Após uma semana turbulenta em que articulou para se manter no cargo , Bebianno decidiu, após uma conversa dura com o presidente Jair Bolsonaro, deixar o governo. Ele recusou o convite para ocupar a diretoria de uma estatal ou um cargo menor na estrutura federal. Em um diálogo tenso, com ataques de ambos os lados, o ministro teria dito que a oferta era uma demonstração de “ingratidão”.

“A lealdade constrói pontes indestrutíveis nas relações humanas. E repare: quando perdemos por ser leal, mantemos viva nossa honra”, diz o trecho da mensagem.

Sem mencionar o presidente Bolsonaro em nenhum ou fazer qualquer comentário, a postagem diz que a lealdade “conduz os passos das pessoas que jamais irão se perder do caminho”, “nas turbulências” e “circunstâncias.

“Uma pessoa leal, sempre será leal. Já o desleal, coitado, viverá sempre esperando o mundo desabar na sua cabeça”, encerra o texto.

A aliados, Bebianno confessou estar “decepcionado” com o capitão, como sempre chamou o presidente. Classificou o episódio como um “tiro na nunca de um comandante em seu soldado.”

Eleitor de Bolsonaro, Bebianno se aproximou do então deputado federal por intermédio do engenheiro Carlos Favoretto. Na época, se ofereceu para assumir a defesa de Bolsonaro em algumas ações e ganhou a confiança da família. Outsider na política, foi Bebianno que articulou a manobra que tirou Bolsonaro do Patriota e viabilizou sua candiatura pelo PSL.

Bebianno enfrenta um processo de desgaste provocado por denúncias envolvendo justamente supostas irregularidades na sua gestão à frente do caixa eleitoral do PSL, partido dele e de Bolsonaro.

A crise foi amplificada pelo vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, que foi às redes sociais dizer que Bebianno mentiu ao falar ao GLOBO que havia conversado três vezes com o presidente na última terça-feira. A declaração foi dada para negar que ele não estava protagonizando a crise.

O Globo


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