Da deflação ao “datapovo”: as apostas de Bolsonaro na reta final para o 1º turno

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Com a proximidade do primeiro turno das eleições, a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) quer emplacar de vez as “boas notícias” do atual governo e faturar com críticas a adversários políticos.

Segundo interlocutores, o grupo que trabalha pela reeleição do chefe do Executivo nacional tem três pontos considerados “chave” para investir na campanha do presidente na reta final das eleições. O primeiro deles diz respeito às “previsões acertadas” sobre a economia brasileira.


O resultado do IPCA divulgado na semana passada, por exemplo, foi motivo de comemoração no núcleo do mandatário da República. O índice, considerado a inflação oficial do país, apontou deflação de 0,36% em agosto, influenciada pela queda no preço dos combustíveis. Além disso, a inflação ficou abaixo dos dois dígitos pela primeira vez em um ano.

Atento ao cenário desde julho e aconselhado por aliados, Bolsonaro passou a “prever” deflação – oposto da inflação, que consiste na redução no preço dos produtos. Agora, dizem auxiliares, o titular do Planalto deve se prender ao discurso para mostrar que a economia sempre foi bem, apesar dos desafios enfrentados durante sua gestão, como a pandemia de Covid-19 e a guerra entre Rússia e Ucrânia.

De acordo com levantamento do Instituto Ipec divulgado na segunda (5/9), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manteve 44% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro oscilou de 32% para 31%. Já a pesquisa mais recente do Instituto Datafolha, publicada nessa sexta (9/9), aponta que o petista também manteve os mesmos 45% das intenções de voto em relação ao estudo realizado há uma semana; Bolsonaro, por sua vez, foi de 32% para 34%.

Os próprios integrantes da campanha do presidente admitem que ele está “cristalizado” – ou seja, não varia além da margem de erro das pesquisas. Dizem, porém, que os atos realizados em comemoração ao Bicentenário da Independência serão usados justamente para contrapor os levantamentos de intenção de voto.

A estratégia é mostrar que a adesão aos atos políticos realizados em Brasília, Copacabana e São Paulo foi alta e, por isso, o atual titular do Palácio do Planalto será reeleito ainda no primeiro turno. Na Esplanada dos Ministérios, a campanha do presidente tem dito que a estimativa de público foi de 1 milhão. “Eu nunca vi tanta gente”, disse Bolsonaro em sua live semanal.

Críticas a Lula
A última cartada de Bolsonaro a menos de 25 dias das eleições já é conhecida e passou a ser explorada pelo presidente de forma mais enfática nos últimos dias. O candidato à reeleição voltou a reforçar que existe uma “luta do bem contra o mal” e que o mal, em referência ao seu principal adversário político, Lula, não voltará à cena do crime.

Na reta final da campanha, Bolsonaro foi aconselhado a abandonar críticas às urnas eleitrônicas e aos ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). O conselho foi seguido à risca pelo presidente nos atos de 7 de Setembro e, por isso, aliados estão confiantes que Bolsonaro investirá apenas na polarização contra Lula.

No ato político do 7 de Setembro realizado em Copacabana, no Rio de Janeiro, Bolsonaro sugeriu que o petista fosse “extirpado da vida pública”. No dia seguinte, durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais, o presidente duvidou que o petista tenha potencial para vencer o pleito de outubro no primeiro turno.

“Alguém acha que o Lula vai ganhar a eleição? Alguns aqui, Datafolha, por exemplo, [dizem] que pode ganhar no primeiro turno. Alguém acredita que, em uma eleição limpa, o Lula ganha?”, questionou.


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