Em meio ao clima de tensão entre a Rússia e a Ucrânia, após a movimentação de tropas na fronteira dos países, o mundo e o mercado também entraram em alerta.
As consequências do conflito tem dimensões geopolíticas e podem afetar o Brasil. Segundo especialistas, um dos riscos é a disparada do preço dos combustíveis e queda na exportação de carne.
De acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, o país negociou um total de US$ 2,7 bilhões (R$ 14,3 bilhões) em produtos da Rússia em 2020. Desse total, US$ 53,6 milhões (R$ 285,6 milhões) foram gastos na importação de óleos combustíveis.
“O Brasil pode ser prejudicado. Se a invasão acontecer, o suprimento de petróleo da Europa vai ficar comprometido e o preço deve explodir com a disparada do dólar, o que resultaria em um aumento da gasolina e do gás natural, por exemplo”, afirmou a especialista em relações internacionais e conflitos de guerra Maria Eduarda Siqueira.
Ela ainda explica que, se o barril do petróleo subir dos atuais US$ 87 para US$ 100, o litro da gasolina pode chegar a custar R$ 10 no país.
A preocupação é estendida em relação ao preço das carnes. O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina e tem a Rússia como grande importadora. Em novembro, o país planejava estabelecer uma cota de importação isenta de impostos de até 200 mil toneladas de carne bovina para 2022. Com a invasão à Ucrânia, os planos devem mudar.
“A Rússia pode parar de comprar a carne brasileira a depender do que acontecer em termos de fluxos de navios, podendo haver problemas com os fertilizantes que importamos e com nossas exportações de alimentos, sobretudo carnes”, analisa a internacionalista.
Apesar da ameaça à economia global, fontes do governo avaliaram que o Brasil não deve ter problemas de suprimento. “Evidentemente, se houver uma guerra como essa, os mercados serão bastante afetados. Por outro lado, os EUA está a ponto de fechar um acordo com o Irã. Se isso acontecer, o mercado será inundado com petróleo iraniano”, informaram ao Metrópoles.
O imbróglio começou pela exigência do governo russo de que o Ocidente garanta que a Ucrânia não vai aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), uma aliança de 30 países liderada pelos Estados Unidos.
BN
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