Comportamento: Sob aplauso popular, Neymar goza da ética na cara da moral

Antes de mais nada, vejamos abaixo, a notável distinção entre Ética e Moral, diante do desejo popular, em “ser” (imitar) mais um Neymar de sucesso. Mais o Neymar do dinheiro, do que o do esporte propriamente!

Ética:

Segundo o prof. de Filosofia e Ética da PUC-SP, Mario Sérgio Cortella, Ética: é o conjunto de valores e princípios estabelecidos em “comum acordo”, que usamos para responder a três grandes questões da vida:

(1) O que eu Quero?

(2) O que eu Devo? e

 (3) O que eu Posso?

Diferente do que ventilava comercialmente a visão-missão, condenada, da antiga Xuxa, de que – Querer é Poder… o professor, arremata: “Nem tudo que eu Quero eu Posso; nem tudo que eu Posso eu Devo; e nem tudo que eu Devo eu Quero”. Você tem paz de espírito quando aquilo que você quer é ao mesmo tempo o que você pode e o que você deve.

Logo, Ética é um conjunto de valores e costumes aos quais, a COLETIVIDADE imediata a elege como sendo “normal”. Convencional. Aceito. Não necessariamente justo.

Moral:

São os princípios SUBJETIVOS suportados na prática, pelo individuo, de forma quase automática: da honestidade, da bondade, do respeito, da virtude, et coetera; e que determinam o sentido maior de sua consciência e coerência, suportada no íntimo de cada ser, frente a “ética” estabelecida como convenção.

Perceba que Moral são valores intrínsecos suportados pelo próprio sujeito, estando ou não sendo filmado. Portanto, os quais regem intimamente a SUA conduta humana nas relações saudáveis e harmoniosas coletivamente. Quiçar universal.

Segundo o prof. de Filosofia e Ética, Clóvis de Barros Filho, especialista em Ética, disciplina que leciona na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, não é preciso ter fé nem seguir alguma religião para desenvolver a espiritualidade. Basta ser ético no dia a dia. Completa o professor – ética e vergonha na Cara, são saberes sem os quais, seríamos animais sujeitos e escravos dos nossos próprios instintos. Incapazes, portanto, do convívio social.

Ao considerar o próximo, esse conhecimento se torna uma forma de exercitar o Espírito Supremo capaz de aprimorar harmoniosamente a conduta humana. O bem comum, aliás, remete a outro pilar da trajetória do mestre: Jesus Cristo, que nos legou a exigente e consequente tarefa de amar uns aos outros para além dos nossos desejos narcisistas. E por último, certo de que a existência pode ser maravilhosa se servida dos três tipos de Amor – o desejo de Platão, a alegria de Espinoza e a ágape de Cristo.

De forma exemplar, Ética, é aquilo que uma sociedade suporta como normal, mesmo que outra a deteste. Como por exemplo, um japonês ao receber um outro para o jantar, ao comer a sopa fazendo chupado barulho e aflição, significa para eles, num sinal de que o convidado está gostando muito; para nós, na nossa cultura, pode ser entendido como uma falta de educação e bons costumes. Outro exemplo bárbaro, é que os muçulmanos africanos isolados, ainda hoje, se juntam em bando e decepam com gilete, o clitóris de adolescentes para livra-las dos prazeres carnais e o desvio que “estas causam” a tribo (…)

E a Moral, seria numa situação hipotética, na qual se você ficasse invisível e para conseguir se sentar na última poltrona disponível no ônibus, você empurrasse com força uma velhinha, para garantir a vaga em detrimento dela. Se assim fizesse, mesmo invisível, você poderia se sentir mal. Eis a Moral no plano individual. Mesmo que ninguém estivesse vendo, ainda assim, você jamais faria isto em sã consciência.

Há que se notar, que o Dinheiro e a Propriedade, na era capitalista, “foram eleitos” como uma espécie de Supremo, ao qual, tudo pode; e deve ser tratado (servido) de forma especial. Preferencial. E todos teriam a “obrigação” de ser por esta lógica, subjugado. É pois, quando aquilo que nos é vendido como sendo um sistema “meritocrático” e racional no plano individual; no plano social, acaba sendo uma distorção injustificada e irracional a qual parece cada vez mais, não adiantar relutar.

Caso e condições postas – veredito dado. Irrefutável! Do STF a favela sem saneamento, ou, na preferência em doar os terrenos do novo distrito industrial de Ipiaú-BA. É como se fosse uma regra lógica “invisível”, ao se falar a palavra Pobre, a seguinte, automaticamente é – Depende. E diante da palavra Capital, o que se espera é – pois não, em que posso servi-lo?

   

Pedi para algumas pessoas resumir e intitularem a última novela envolvendo Neymar Junior e Najila Trindade. E o título comum, retornado, foi – O poder supremo do Dinheiro sobre a Moral e O Homo deus!

Neste ponto, relembro o sociólogo alemão Max Web, que afirma que o que está ai firmado no stabelichment, é por fim, suportado por todos! O de baixo sustenta, esperando que chegue sua vez! (Veja Teoria da Fila). É pois, quando a soma das partes, é muito diferente (irreconhecível) quando forma o todo. É quando no extrato, o Resultado e seus deuses, são apartados em nível, por lajes, dos pilares e fundações mesmo que embebidas e apoiadas no mangue.

Atribuir as mulheres o papel de objeto, mercantil… é pois, um consolo machista o qual, não isenta a cara destes, quando revelada a fotografia social, geral.

Até o momento, se quer foi finalizada a fase da coleta de provas e depoimentos, que deverão ainda instruir e formarem a base da lide; e quando 62,8% dos brasileiros já julgaram o mérito do caso Neymar–Najila, dando o caso por encerrado, considerando veredito – Neymar inocente, no caso de suposto estupro e agressão, e condenando previamente a moça ibirataiense de vadia comercial, elegendo Neymar como mocinho inocente que caiu numa armadilha da víbora mercantil.

Longe de formar prévio juízo sobre o mérito da causa, a pergunta que fica é, se a manchete fosse: Pedreiro é acusado de estuprar mulher e violentá-la em quarto de reboco… certamente, o julgamento seria outro:  – A mulher “violentada” seria considerada a priori, uma vítima do machismo do estupido pedreiro, provavelmente bêbado por cachaça de aguardente. Versão muito distinta da antecipada resolução popular no caso Neymar-Najila.

Se ainda vivo, certamente Ariano Suassuna, neste momento nos cobraria reflexão, sobre a distinção entre Sucesso e Êxito, na era do Capital.

Para os mais astutos, sugiro assistirem ao vídeo abaixo, como reflexão complementar a leitura.

Signatário Elson Andrade – arquiteto, urbanista, empresário e pós graduando do Instituto de Economia da Unicamp.

 


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