Cidades do litoral sul da Bahia vivem dias de aumento de casos de covid-19 e alta no turismo

Passar o Verão na Bahia é sinônimo de praia, esportes ao ar livre, contato com a natureza e muita aglomeração. Mas, em tempos de pandemia de covid-19, a ausência de distanciamento social nas principais cidades turísticas do estado pode causar um descontrole no número de casos da doença.

Mais de 15 dias depois do início da estação mais ensolarada do ano, diversas cidades litorâneas no sul do estado registram aumento no número de casos de covid-19.

Esse é o caso de Itacaré, cujo número de casos confirmados saltou de 722 para 824 entre os dias 23 de dezembro e 5 de janeiro.

Em compensação, no mesmo período, houve uma redução no número de casos ativos no município, queda de 89 para 10 no mesmo período, segundo o boletim municipal. Itacaré fica a 40 quilômetros de distância de Maraú, outra cidade litorânea que viu o acréscimo de 66 novos casos de covid-19 nos últimos 15 dias, também segundo o boletim municipal. Lá, os casos ativos saltaram de 32 para 46.

Da lista de grandes municípios turísticos da região sul, Ilhéus e Porto Seguro também vem registrando aumento no número de casos. A primeira cidade teve 426 casos nos últimos 15 dias (aumento de 8.737 para 9.163 pessoas infectadas), 175 casos continuam ativos, um aumento de 82% em comparação com o registrado no dia 23 de dezembro (96 casos ativos).

Já em Porto Seguro houve redução no número de ativos, mas também teve registro de novos 237 casos (um salto de 4110 para 4347 pessoas infectadas). Esse crescimento ocorre também nos destinos turísticos mais famosos da cidade, segundo o boletim epidemiológico municipal. Entre os dias 23 de dezembro e 5 de janeiro, os casos de covid-19 em Trancoso subiram de 142 para 161 e em Arraial da Ajuda foi de 306 para 361.

Matheus Todt, infectologista da S.O.S. Vida, acredita que esse aumento de casos tem relação com as aglomerações que acontecem nas cidades causadas pelo turismo irresponsável. “O que estamos observando é que pessoas que puderam pagar, optaram por ir para cidades turísticas, o que aumenta a possibilidade de ter aglomeração lá. Por mais do vírus já esteja em circulação lá, fazer aglomeração é criar uma condição favorável para a contaminação” diz.

Festas
Só em Porto Seguro, entre os dias 28 de dezembro e o dia 3 de janeiro, pelo menos 70 festas irregulares foram desmobilizadas pela Polícia Militar (PM). Em Trancoso e Arraial D’Ajuda, distritos de Porto Seguro, eventos em casas de alto padrão, bares e em vias públicas também foram encerrados. O que mais repercutiu foi a festa realizada na mansão da cantora Elba Ramalho, que alugou a casa para um empresário e, segundo ela, não autorizou a realização do evento clandestino. .

A casa fica em Trancoso, distrito de Porto Seguro. Por lá outros eventos aconteceram e precisaram da ação da Policia Militar. Em dois flagrantes, as guarnições encontraram 700 pessoas. Em um dos imóveis, equipamentos profissionais de som foram apreendidos.

Turismo
Para as prefeituras, investir em conscientização de turistas e moradores é a saída para lidar com o problema. Em Itacaré, são feitas atividades educativas, de desinfecção das ruas dos bairros da cidade e de pontos estratégicos, como rodoviária, bancos, supermercados e espaços turísticos. “Mas apesar de todas essas medidas de proteção, é preciso que a comunidade colabore adotando as ações de combate ao coronavírus. E uma das maneiras mais eficazes de evitar a doença é o uso de máscaras, álcool em gel e o distanciamento social”, diz a prefeitura, em nota.

Porto Seguro e Ilhéus também alegam investir no turismo responsável, seja com ações educativas ou de comunicação e divulgação dos locais turísticos que existem na cidade. O mesmo acontece em Maraú. Nas redes sociais da prefeitura, no entanto, fotos das belezas naturais do município com a hashtag #VemPraMaraú convidando os internautas a visitar o município, ainda que haja alta nos casos.

Para Matheus Todt, com o cenário iminente de piora e sobrecarga no sistema de saúde, o correto para as cidades é barrar o acesso de turistas e não permitir aglomerações. “Existem estudos que mostram que se você fecha o comércio com planejamento, você encurta a crise e tem menos perdas econômicas. Muitas dessas cidades de interior não têm infraestrutura de saúde para lidar com o vírus. Se tiver que fechar na força, vai ser pior para a economia”, garantiu o infectologista.

Correio da Bahia


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