Caso Hyara Flor: pai de adolescente morta diz ter medo de ser assassinado; suspeito foi apreendido

O pai da adolescente Hyara Flor Santos Alves, morta aos 14 anos na cidade de Guaratinga, extremo sul da Bahia, disse nesta quinta-feira (27), que tem medo de ser assassinado pela família do suspeito de cometer o ato infracional. O marido da vítima foi apreendido na quarta (26), no Espírito Santo.

“Eu clamo por justiça para que pelo menos o meu coração e de minha esposa tenha um pouco de alívio. Para não mandarem me matar, porque ele solto, pode fazer isso, tem dinheiro demais”, disse Hiago Alves.

A Polícia Civil confirmou, nesta quinta-feira (27), que o marido de Hyara Flor será transferido do Espírito Santo, onde foi apreendido, para a Bahia.

Segundo a polícia, ainda não há prazo para que o suspeito, que também tem 14 anos, seja transferido de estado. O período inicial da apreensão do marido de Hyara Flor é de 45 dias.

O pai do adolescente, identificado como Júnior Silva Alves, conhecido como “Amorim” pelos ciganos, se pronunciou após a apreensão. Ele gravou um vídeo em que alegou que o tiro foi disparado acidentalmente por outro filho dele, irmão do esposo da vítima.

“Ele [o adolescente apreendido] não tem nada a ver com esse caso. A perícia tem que mostrar a verdade para a Polícia Federal. O fato que aconteceu foi J.D. [iniciais da criança], que é meu filho e cunhado de Hyara, brincando com a arma e teve um disparo acidental”, disse Júnior Silva Alves.

O pai do suspeito afirmou ainda que ama Hyara Flor e contou que acredita que a versão apresentada por ele será provada.

A família da vítima acredita que o crime foi um ato de vingança, mas a informação não foi confirmada pela polícia de Guaratinga, que investiga o caso.

“Eu desejo, de coração, que a justiça seja feita e que eles paguem pelo que fez atrás das grades. O pai e o filho. Eu creio que o mandante é pior do que quem mata. Eles premeditaram o crime contra minha filha, então eu peço justiça”, contou Hiago Alves, pai de Hyara Flor.

Adolescente apreendido
O adolescente suspeito do crime foi encontrado em Vila Velha, no Espírito Santo, e por também ter menos de 18 anos, foi levado à Delegacia Especializada do Adolescente em Conflito com a Lei.

Conforme foi informado pela polícia, ele é suspeito de cometer um ato infracional análogo ao crime de homicídio qualificado (feminicídio). A adolescente da comunidade cigana foi baleada no dia 6 de julho, dentro da própria casa.

Logo após o crime, o marido e os familiares dele fugiram da cidade. A polícia rastreou o veículo e descobriu que o grupo evitou rodovias movimentadas e seguiu por pequenas cidades da Bahia e do Espírito Santo, até Vitória. Na capital capixaba, tentaram ficar na casa de parentes.

Desde então, a polícia tentava localizar o suspeito e a família dele. Na quarta, o delegado responsável pelo caso, Robson Andrade, confirmou que ele havia sido apreendido. Posteriormente, a Polícia Federal do Espírito Santo enviou uma nota, comunicando a apreensão do garoto.

O pai da adolescente, Hiago Alves, comemorou a apreensão do suspeito com um vídeo publicado nas redes sociais. [Veja acima]

Na publicação, ele diz que “todos foram presos”. Apesar disso, a única informação divulgada pela polícia é que o adolescente foi apreendido. Além disso, não há nenhum mandado de prisão contra os familiares do suspeito.

O g1 entrou em contato com a advogada da família de Hyara, Janaína Panhossi, que afirmou que a família do suspeito também foi encontrada. Entretanto, essa informação não foi confirmada pela Polícia Federal.

Motivação é investigada

Segundo a família de Hyara, a morte da adolescente foi uma vingança planejada. O tio e a sogra dela tinham um relacionamento extraconjugal, o que já era sabido pela comunidade cigana, inclusive pelos parentes da vítima.

Apesar disso, o casamento de Hyara e do suspeito foi concedido porque, meses antes, a garota teve um noivado desmanchado. Na comunidade, situações como essa não são bem vistas e, por isso, o pai da menina aprovou o segundo noivado, dessa vez com o adolescente de 14 anos.

“Eles aproveitaram a fragilidade de minha filha ter terminado um noivado. Ele já me pediu (a mão da filha) e eu disse: ‘dou tranquilo’. Ele (o pai do suspeito) aproveitou o momento”, disse Hiago Alves, pai de Hyara.
O assassinato aconteceu apenas 45 dias após o casamento dos adolescentes.

Um laudo da perícia apontou que o tiro foi feito por alguém a, no máximo, 25 centímetros de distância. Apesar disso, não se sabe se o disparo foi acidental ou não.

 


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