Brasil terá o Natal mais desigual dos últimos 14 anos, aponta Fundação Getúlio Vargas

Comércio com decoração de Natal na rua São Bento, no centro de São Paulo Rovena Rosa/Agência Brasil

Um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), divulgado nesta quinta-feira (23), apontou que o Natal deste ano será o mais desigual da série histórica, iniciada em 2007.

Essa desigualdade refere-se à diferença do poder de compra entre as famílias de menor e maior poder aquisitivo. A diferença de intenção de compra dos que ganham até R$ 4,8 mil e os que têm rendimentos acima desse valor chegou a 44,4 pontos, a maior dos últimos 14 anos.

Em outro parâmetro analisado pela pesquisa, a FGV constatou que, apesar da maior diferença entre os dois públicos, o consumo para o Natal de 2021 será melhor que o de 2020. No entanto, as compras para o período estão em patamares inferiores aos registrados nos últimos três anos pré-pandemia.

mesmo subindo de 40,7 em 2020, o pior da série, para 60,1. Na outra ponta, o melhor resultado foi aferido em 2011: 81,5 pontos. Coordenadora das Sondagens do FGV IBRE, Viviane Seda, explica as razões do aumento da desigualdade em um ano em que houve crescimento da intenção de compras de presentes.

“Durante a pandemia, ao longo de 2020, tivemos uma queda da confiança e de poder aquisitivo de forma mais homogênea. Muita gente perdeu emprego, houve restrições de renda em praticamente todas as classes.

Porém, em 2021, houve uma melhora das condições para as famílias de maior poder aquisitivo, enquanto as famílias de baixa renda tiveram uma piora. Isso faz com que haja essa desigualdade observada agora. A queda também reflete nos indicadores de confiança dos mais pobres. Essas famílias estão muito mais endividadas, retomando os níveis de 2014, e, portanto, sem poder de compra”, explicou a coordenadora.

Segundo a FGV, o indicador de 2021 foi puxado pelo crescimento da proporção de consumidores que pretendem aumentar o gasto com presentes. A projeção saltou de 5,5% em 2020 para 15,4%, este ano. Além disso, o preço médio das lembranças passou de R$ 104 para R$ 106, o que foi considerado pela pesquisa como um movimento de estabilidade.

A maior variação da intenção de aumento de gastos com presentes foi observada entre os consumidores com renda de R$ 2,1 mil a R$ 4,8 mil, cujo preço médio subiu de R$ 70 (2020) para R$ 85 (2021). Já o valor médio dos presentes comprados pelos consumidores de renda mais baixa passou de R$ 61 em 2020 para R$ 59 esse ano.

Viviane destacou ainda que as famílias com melhor poder aquisitivo conseguiram maior espaço para o consumo no orçamento, mesmo entre aquelas que contraíram dívidas no período. Para a especialista, é fundamental que haja um aquecimento do mercado de trabalho para aumentar o poder de consumo dos grupos familiares mais pobres.

“É preciso ter uma melhora para que as famílias tenham mais pessoas trabalhando e tenham um orçamento mais apropriado para sanar dívidas e também voltar a consumir. Também é preciso conter a inflação, com ênfase para os alimentos e transporte, por exemplo, que afetam bastante as pessoas de baixa renda”, pontua.

Sobre as perspectivas da inflação para 2022, a coordenadora destacou que o cenário deve ser melhor, apesar de ainda prever um avanço lento, sem forças para reverter o cenário do mercado de trabalho atual.

“O cenário para o próximo ano é melhor do que o do ano de 2021 A inflação deve desacelerar um pouco em relação a este ano. Mas, diante das projeções em relação à correção monetária, 2022 ainda será um ano de cautela, e deverá refletir novamente no consumo. As atividades econômicas ainda podem ser afetadas por uma contração da economia. Diante desse cenário, a recuperação do mercado de trabalho deverá ser ainda lenta”, conclui Viviane.

CNN


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