Dos 10 municípios brasileiros com as maiores taxas de homicídios por 100 mil habitantes em 2022, sete estão na Bahia. A informação é do Atlas da Violência 2024, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Divulgado nesta terça-feira (18), o ranking é liderado por Santo Antônio de Jesus, cidade do Recôncavo baiano, com taxa de homicídios estimada em 94,1. O município ultrapassou Jequié, agora na segunda posição, com taxa de 91,9.
A lista segue com Simões Filho (81,2), Camaçari (76,6) e Juazeiro (72,3) nas terceira, quarta e quinta posição, respectivamente. Depois, vem Salvador no nono lugar (66,4), e Feira de Santana, no décimo (66,0).
Ranking da Violência: cidades baianas com maiores taxas de homicídio
Município UF Taxa de homicídios
Santo Antônio de Jesus BA 94,1
Jequié BA 91,9
Simões Filho BA 81,2
Camaçari BA 76,6
Juazeiro BA 72,3
Salvador BA 66,4
Feira de Santana BA 66,0
Eunápolis BA 59,8
Ilhéus BA 59,3
Luís Eduardo Magalhães BA 58,4
Teixeira de Freitas BA 57,8
Lauro de Freitas BA 51,1
Alagoinhas BA 51,0
Porto Seguro BA 49,9
Itabuna BA 47,7
Paulo Afonso BA 44,3
Barreiras BA 36,9
Vitória da Conquista BA 22,1
Fonte: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e Fórum Brasileiro de Segurança Pública
De acordo com os pesquisadores, esses números são parte de um contexto em que a violência letal tem se alastrado por todo o território baiano. Até 2022, pelo menos 10 facções criminosas disputavam territórios em terra e também na Baía de Todos-os-Santos, espaço geográfico considerado estratégico para a logística de transporte, fornecimento e exportação de drogas e armas.
“Salvador e Camaçari foram os municípios com maior número de tiroteios em 2022, segundo o Instituto Fogo Cruzado. Além do PCC e do CV, a Bahia contava com mais oito grupos criminosos fundados no próprio estado, que provocaram conflitos letais derivados de rupturas e alianças, como entre o Bonde do Maluco (BDM) e o PCC”, avaliam os pesquisadores do atlas.
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Os estudiosos ainda criticam o “modelo falido de guerra às drogas” perpetuado pelo governo da Bahia, “com a explícita orientação para o confronto como estratégia política, na lógica do tiroteio, e não da investigação”. O resultado é que o estado também está na liderança dos índices de letalidade policial.
Salvador, capital da violência
Na onda de violência que assola a Bahia, Salvador se manteve na liderança de capitais com maior proporção de crimes contra a vida em 2022. Foram 1.605 homicídios, com taxa de 66,4 mortes por 100 mil habitantes.
Em números absolutos, a cidade só perde para São Paulo, com 1.762 ocorrências. Mas a população da capital paulista (11.451.999) é quase cinco vezes maior que a soteropolitana (2.417.678), portanto, a taxa em São Paulo é menor, de 15,4 homicídios.
Retrato da violência no Nordeste
O cenário de violência descrito na Bahia se repete em outros estados do Nordeste. Com altos índices também no Ceará e Pernambuco, por exemplo, a região figura como a mais violenta do país.
Para os pesquisadores, trata-se de uma consequência direta do conflito armado entre facções criminosas e suas alianças com pequenas gangues locais. “A atuação dessas facções permeia desde a entrada da droga no país nas regiões fronteiriças com a Bolívia e Paraguai, no caso dos estados do Centro-Oeste, ou mesmo no território da Amazônia Legal, no Norte, até a exportação da mesma via litoral brasileiro, principalmente no Nordeste”, aponta o texto.
Diante desse cenário, a solução proposta inclui todos os entes federativos. O estudo defende que o poder público repense a estrutura do sistema penitenciário no âmbito nacional, ao mesmo tempo que os entes municipais devem assumir o planejamento e a execução de ações preventivas.
G1
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