Bahia: População aguarda os festejos juninos de olho na Covid

Foto: Divulgação Prefeitura de Mucugê

As fogueiras já estão queimando em homenagem a São João! Depois de dois anos sem festejos juninos, a expectativa da população para as festas regadas a licor, bolo e milho estão alta, com muita gente já se preparando para o feriadão.

Contudo, também tem muito baiano em alerta por causa do aumento do número de casos de covid-19 nas últimas semanas, mas com o cancelamento das festas descartado pelo governador Rui Costa na última segunda-feira (13) – já que os infectados têm tido sintomas leves -, é só escolher sua melhor roupa, se manter vigilante quanto a covid e curtir o feriadão junino.

A professora aposentada Luciana Bamberg Veras Marques cresceu ouvindo o som da sanfona e da zabumba. Natural de Senhor do Bonfim (centro-norte da Bahia), ela conta que a tradição dos festejos juninos no município é muito forte. Mas também não era para menos, uma vez que a cidade é conhecida como a capital do forró.

“Para mim as festas juninas tem cor, som, calor e alegria, mexem de verdade com minhas emoções. Cresci e criei meus filhos com a expectativa de, todo ano, curtir essa época. É uma festa que mexe com nossas raízes e é sempre um momento de rever amigos e familiares”.

Na expectativa para tomar a quarta dose da vacina, Luciana viaja para Senhor do Bonfim neste final de semana e depois de dois anos sem os festejos, e todo o medo com as perdas durante a pandemia, a necessidade de tomar um fôlego celebrando a vida com os familiares e amigos a atingiu com força.

“Quero me divertir junto com pessoas queridas, recarregar as energias e me reconectar. Mas a pandemia não acabou com a assinatura de um decreto, então além de continuar usando máscara, vou dar preferência para as festas em lugares abertos e sem aglomeração, pois precisamos continuar nos cuidando porque o vírus não tira férias”, alerta.

Já o engenheiro clínico Eduardo Contreiras ainda não tem destino certo nesse São João – sabe que irá para o interior! -, mas acredita que chegamos num estágio de casos de covid-19 onde a população pode relaxar um pouco e se permitir normalizar as interações sociais.

“Que é justamente o que está acontecendo atualmente. Festejar é sempre bom, não importa o motivo, estamos com saudade de festejos. O número de casos e o controle da doença fica a cargo do poder público, até por termos outras doenças para nos preocupar, como dengue, H1N1 e essa nova virose que está circulando por aí”, diz.

Com planos de se reunir com a família e amigos nesse São João, a advogada especialista em ciências criminais Winie S. Ferreira da Silva, que já tomou três doses da vacina, não irá para nenhuma festa privada este ano.

“Ainda não me sinto segura para ficar em multidões nos ambientes fechados, mas as pessoas estão ansiosas para festejar e reparar os impactos e danos que a pandemia causou à cadeia produtiva que faz a festa acontecer. Após um longo período de sofrimento e incertezas, acho digno esse extravasamento, faz parte da saúde mental. Os festejos juninos são repletos de significados regionais,, fazendo tudo isso se tornar mais especial após um longo período sem show e eventos”, explica advogada.

“Sabemos que é muito difícil as pessoas continuarem com os cuidados, principalmente nessa época de festas”, pondera a empreendedora e engenheira civil, Gabriela Britto de Santana. Na torcida para que as pessoas tenham cuidado durante os festejos para evitar uma piora após o São João.

Gabriela é proprietária da Caramelo Doces e Salgados (@caramelo_dg), empresa que desde 2015 vem conquistando clientes fiéis e que preparou um cardápio especial para os festejos juninos.

“Estou bem confiante nas vendas. Desde 2020, quando começou a pandemia, que essa época as vendas aumentam muito. Com as festas de São João de volta esse ano não será diferente. Os festejos este ano vão ser junto a minha família e amigos em São Francisco do Conde. Afinal de contas São João no interior é bom demais, né?! . Espero que as pessoas tenham cuidado . Sempre tenho cuidado, independente de festas. E aproveito para dizer que, além dos cuidados, precisamos estar todos vacinados”, alerta.

Monitoramento

O poder público, por sua vez, tem se mantido tranquilo quanto à situação, já que a maioria das pessoas infectadas têm tido sintomas leves, enquanto o número de internações e óbitos se mantém estável.

Ainda assim, o aumento do número de casos – mesmo na versão branda da infecção -, tem feito com que nas últimas semanas algumas cidades voltassem a recomendar o uso de máscara em locais fechados. Na Bahia, a prefeitura de Guanambi (sudoeste do estado), chegou a decretar a obrigatoriedade das máscaras em locais fechados no início do mês, mas voltou atrás dias depois.

O prefeito de Jequié e presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Zé Cocá, salienta que os prefeitos no interior estão se preparando para receber um número maior de visitantes e que a UPB está acompanhando o número de novos casos junto a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab).

“Temos um ambiente favorável para a realização das festas juninas, mas os baianos devem estar em dia com o esquema vacinal contra Covid-19. A vacinação permitiu que o índice de casos de Covid-19 com complicações graves e óbitos.

fossem controlados, e o que recomendamos é que mais uma vez a população faça a sua parte e cumpra o ciclo vacinal com as doses de reforço. Somente a imunização pode assegurar que a pandemia continue controlada”, avisa.

A imunologista, pesquisadora e vice-diretora de ensino do Instituto Gonçalo Moniz da Fundação Oswaldo Cruz (IGM Fiocruz-Bahia), Claudia Ida Brodskyn, salienta que os casos de covid-19 tem aumentando muito nos últimos meses e as festas juninas acabam sendo sim uma preocupação.

“Entretanto, há dois anos e meio vivemos esta pandemia que sem dúvida não acabou, mas a vacinação conteve de forma extraordinária o número de casos graves e mortes. Indicadores devem ser considerados nestes casos, mas também devemos pensar que o Sars-CoV-2 está se tornando endêmico e medidas não farmacológicas, como o uso de máscara, devem ser utilizadas, uma vez que sua transmissibilidade é muito alta”.

Aos que irão participar da festa, a recomendação da imunologista é clara: se vacinem! É a vacinação que tem possibilitado esse menor número de internações e mortes. “A pandemia não acabou, temos ainda que tomar cuidados, sendo a vacinação a mais importante, vacine-se. Use máscaras em locais fechados e evite grandes aglomerações”, alerta.

A Tarde


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