O homem, de 52 anos, suspeito de aplicar um golpe conhecido como “estelionato sentimental” contra a ex-namorada Núbia Araújo, em Teixeira de Freitas, no extremo sul da Bahia, foi preso na segunda-feira (2), no Espírito Santo.
Em abril deste ano, a professora Núbia Araújo contou que perdeu ao menos R$ 160 mil por causa da fraude. O caso aconteceu em janeiro e, oito meses depois, o débito chegou a R$ 240 mil por conta dos juros.
Núbia descobriu o golpe em janeiro, mas passou a falar sobre o crime recentemente e formalizou a denúncia à Polícia Civil, em Teixeira de Freitas.
De acordo com a delegacia de Teixeira de Freitas, desde a época da denúncia, não se sabia a localização do suspeito.
O mandado de prisão preventiva foi cumprido pela Polícia Civil da Bahia, através da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), de Teixeira de Freitas, com o apoio da Deam de São Mateus, cidade no ES onde ele foi preso.
‘Me ajoelhei e chorei’, disse professora ao saber da prisão
Em entrevista ao g1 nesta terça-feira (3), Núbia detalhou que, ao saber da prisão, reviveu a esperança de ter o seu dinheiro devolvido.
“Me ajoelhei e chorei, agradeci a Deus. Estava me sentindo impotente, porque nada acontecia e parecia que ele sairia impune. Agora vejo uma luz no final do túnel”, detalhou a vítima.
Ainda conforme a professora, desde abril, quando descobriu o golpe, boa parte do seu salário é debitado por bancos em empréstimos consignados feitos para ajudar o ex-parceiro. Além disso, desenvolveu crises de ansiedade e está afastada do trabalho por laudo psicológico.
“Atualmente a dívida bancária deve estar em R$ 240 mil, mas, por orientação médica, parei de olhar as contas. Sempre que abria o aplicativo tinha crises de ansiedade”, completou.
Ainda conforme Núbia, o suspeito será transferido de São Mateus para Teixeira de Freitas na quarta-feira (4), onde será ouvido pela polícia civil.
A vítima acredita ter sido alvo de uma quadrilha, composta pelo ex-namorado e outros dois homens. Segundo ela, o ex-companheiro seria responsável por prospectar as vítimas e os outros dois se passariam por empresários e representantes de empresas falsas para embasar as histórias vendidas pelo companheiro.
Relembre o crime
Núbia acredita que o crime tenha sido premeditado. No primeiro encontro que teve com o suspeito, ouviu dele a história de que tinha uma causa na justiça contra um homem que lhe devia dinheiro pela compra de um terreno.
Eles iniciaram um relacionamento a distância, com ela morando em Teixeira de Freitas, na Bahia, e o rapaz em São Mateus, no Espírito Santo. Dois meses depois, começaram pedidos de ajuda financeira.
“Ele me ligou perguntando se teria como arrumar R$ 10 mil porque o juiz tinha encontrado uma casa em nome desse cara que o devia. Ele teria que voltar para o cara R$ 50 mil para o juiz segurar a casa pra ele”, relatou. Por acreditar na história, Núbia pediu a quantia a uma amiga e repassou ao homem.
Depois, ele surgiu com a proposta de compra de uma escavadeira, que pareceu vantajosa para Núbia. Ela pediu empréstimo a um banco e conseguiu arrecadar R$ 150 mil, que foram repassados a uma empresa que seria intermediadora da compra.
“Ele inventou essa questão da escavadeira, que era uma proposta dos deuses, que estava com o preço muito bom. Falou que daria duas casas que ele tinha de entrada, eu passei R$ 150 mil para a empresa que estava intermediando essa compra da escavadeira, mas a máquina não chegava de jeito nenhum”.
Depois de esperar e ser enganada, Núbia saiu da Bahia e foi até a casa do homem no Espírito Santo, em janeiro deste ano. Localizou a casa onde ele morava e diz ter visto ele tirar um jeep da garagem. Nesse momento, suspeitou que o veículo poderia ter sido comprado com o seu dinheiro.
De acordo com a delegada Valéria Chaves, da Polícia Civil de Teixeira de Freitas, suspeitos como o ex-namorado de Núbia se utilizam do envolvimento emocional das parceiras, visando o bem próprio, nunca o do casal.
“Geralmente, o estelionatário é aquela pessoa bon vivant, educada, que trata especialmente a mulher com muito carinho, muito amor, vai logo conhecer a família pra se entrosar e aí começar a fazer os pedidos. ‘Pode pagar pra mim?'”.
A investigação ainda está em curso, mas, se comprovada a acusação, o homem pode ser condenado a 10 anos de reclusão.
G1
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