O mês de junho chegou e muita gente já está com a cabeça no São João. A festa popular é sinônimo de música, cultura e gastronomia típicas, e também muita alegria. No entanto, é também de um grande volume de atendimentos em unidades de saúde por conta de acidentes com fogos de artifício, muitos deles graves.
Nos últimos 10 anos, o mês de junho já chegou a concentrar 68,38% de todos os atendimentos por explosão com bomba no Hospital Geral do Estado (HGE), referência nos cuidados com ferimentos provocados por explosões e queimaduras. Foram 166 atendimentos em todo o ano, sendo 105 em junho.
A menor percentagem do mês no levantamento histórico é de 40,84%, em 2020, primeiro ano da pandemia e quando não houve festejos juninos públicos em toda a Bahia. Foram, em todo o ano, 71 casos de explosão com bomba atendidos no HGE, com 29 deles no mês de junho.
“Nós temos consciência desse aumento na demanda e, por isso, reforçamos nossas equipes para o atendimento aos baianos no mês de junho para casos de explosão e queimaduras. Sabemos da questão cultural do nosso povo, mas não podemos deixar de alertar sobre os perigos no manuseio de fogos de artifício e dos danos que os acidentes causam”, analisa a secretária da Saúde do Estado Roberta Santana.
No ano passado, foram 110 atendimentos por explosão com bomba, sendo 57 no mês de junho (51,81%). Já em 2023, até o final de maio, foram apenas 12 atendimentos pelo mesmo tipo de ocorrência.
Um fator que pode ter contribuído para a redução na quantidade de casos de atendimento é a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de 2019 que reafirmou a proibição da guerra de espadas. Em 2018, haviam sido 130 atendimentos, com 73 (56,15%) em junho. No ano seguinte, o número caiu para 79, com 49 atendidos em junho. A proporção no mês é semelhante a 2018: 59,49%.
“Temos uma equipe multiprofissional de prontidão. É a rotina da gente. São mais de 400 cirurgias de mão por mês, um dos maiores índices do país e, em junho, são somados mais casos relacionados a fogos de artifício. É triste porque tem muita criança exposta”, avalia o médico-cirurgião Marius Wert, coordenador do Serviço de Cirurgia de Mão do HGE.
A média anual de atendimentos, que chegou a ser de 14 pessoas/mês, em 2014, se manteve estável em 6 por mês entre 2019 e 2021, voltando a crescer em 2022, com 9 atendimentos por mês.
Já em todo a Bahia, nos últimos cinco anos, foram 464 internações – casos mais graves – devido a explosões com bomba. O mês junho responde por 26,1% dessas internações.
BN
Veja mais notícias no Ipiaú Online e siga o Blog no Google Notícias