A possibilidade de áreas degradadas da Amazônia receberem Títulos Verdes (green bonds) para o financiamento de plantio de cacau levantou questionamentos entre os cacauicultores da Bahia. O estado, que abriga aproximadamente 85% da produção de todo o cacau no país, desde a década de 1980 enfrenta problemas e tenta se recuperar do acometimento da vassoura de bruxa.
A emissão dos green bonds ainda está sob avaliação do governo federal através do Ministério da Economia. Mas conforme apurado pelo Estadão, a ideia é ampliar concessões florestais e utilizar terras públicas sem destinação específica. De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), os Títulos Verdes são títulos de dívida utilizados com o objetivo de captar recursos a fim de implantar ou refinanciar projetos e compra de ativos capazes de proporcionar benefícios ao meio ambiente.
Ao destacar o potencial da cultura do cacau na Bahia, Cristiano Santana, diretor-executivo da Associação Cacau do Sul Bahia, que atende 83 municípios e mais de 25 mil cacauicultores, defendeu a expansão do projeto. “Eu não vejo o porquê dessa diferenciação, com o potencial que se tem na Bahia, o bloco de Mata Atlântica que se preservou aqui, que é o maior bloco contínuo do país e o potencial de preservação”, analisou.
“Lógico que existem os gargalos, [a exemplo de] muitos pequenos produtores, com problemas de acesso a assistência técnica, a insumos, políticas públicas, e para você fazer chegar isso até esse tanto de produtores tem um caminho longo. Mas pelo que já passamos aqui, a gente está num momento em que as perspectivas para a cultura do cacau são boas”, defendeu Santana.
O diretor-executivo da associação ainda listou os benefícios que a emissão de Títulos Verdes para a Bahia poderia trazer: “incentivaria a recuperação da cultura, renovação de plantios, aplicação das tecnologias, processos para mecanização, de verticalização, incremento do maquinário para beneficiamento para produção de derivados”.
Apesar do cenário atual e da possibilidade remota de contemplação com os green bonds, a Associação Cacau Sul Bahia é otimista quanto ao futuro da cultura. “Momento de mudança para melhor, hoje tecnicamente já existe manejo suficiente para se trabalhar em harmonia com a vassoura de bruxa, então essa parte técnica é superada”, asseegurou Santana. “A gente está ascendente, não estamos no ápice, mas o cenário é otimista”, completou.
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